Imagine você, em sua casa, um possante aparelho de som, o qual tem o poder de ligar e desligar, por sua própria conta — independente de seu comando — sempre nas horas mais inconvenientes, inapropriadas, trazendo sons que nem se quer são de seu agrado, falas que não lhe dizem respeito. Imaginou? Então, agora lhe pergunto: Seria possível a manifestação de silêncio? Seria possível a manifestação de uma noite de sono profundo? E o que seria desse aparelho, devido ao inadequado uso prolongado, depois de alguns anos? Com certeza pifaria, não acha? Com certeza, ocorreria um curto-circuíto causando danos irreparáveis. Pois é assim que vejo a mente humana — onde o estresse — é esse curto-circuíto, que fatalmente ocorre e sem aviso prévio.
O pensamento está sempre insistindo de que a solução para os conflitos, para a constante instabilidade interna, a falta de paz e sossego, esteja sempre em algo externo, em outro lugar que não seja o aqui e agora que somos, com o conteúdo de nosso interior. Insiste na idéia de que você — por si mesmo — é incapaz de conseguir a façanha do auto-conhecimento. Para o pensamento, um livro, um texto, uma conversa, um filme, qualquer coisa proveniente do externo — nada que venha de você mesmo — pode solucionar seu constante e disfarçado estado de ansiedade. Aprendemos isso logo na infância, com a experiência da chupeta: coisas externas podem silenciar, ainda que temporariamente, nossas incontroláveis ansiedades.
É impressionante a constatação diante do poder dispersivo da mente, poder este que causa uma espécie de torpor, de transe hipnótico, o qual nos impede o estado de atenção plena nas ocorrências do agora. Uma de suas manifestações que causa a dispersão, está na eleição de "inimigos externos" que devem ser combatidos com todas as forças. Uma vez eleito um "bode expiatório", o pensamento cria todo tipo de imagem, cenas de discussões, falas bem articuladas que, na maioria das vezes — para o bem estar geral — ficam apenas num nível mental. Já pensou se todas as pessoas ao seu redor externassem tudo aquilo que passa em suas mentes? O problema maior ocorre, quando, pela distração, dá-se o processo de identificação com os conteúdos da mente. No entanto, você já se apercebeu da quantidade de tempo e energia que desperdiçamos quando enredados por essas conflituosas tramas mentais? Fica ai a questão e o convite para a reflexão.
Aqui com meus botões, chego a seguinte constatação: se me é impossível esvaziar a mente de todos os achismos, de todas conjecturas, de todo processo formador de imagens e sons, então, torna-se impossível o preenchimento através daquilo que é real.
Um fraterabraço!
nj.ro@hotmail.com
via: http://confrariadosdespertos.blogspot.com
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Lisa Teixeira
http://muraldecristal.blogspot.com
Fevereiro / 2012
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