Diante de uma pergunta tão complexa há apenas uma simples e curta resposta:
- NÃO!
Para entendermos o motivo desta negativa, separemos a espiritualidade genuína da espiritualidade materialista.
A
espiritualidade abstrata e genuína diz respeito à criação divina (ou as
organizações do Tao) suas leis, seu reino, sua perfeição absoluta, sua
imutável essência e que está além da forma, do tempo e do espaço.
Não
há nada neste mundo percebido pelos cinco sentidos (mundo da
percepção), que seja espiritual, porque o espiritual é regido por leis
invioláveis, e tudo o que é regido pelo Supremo é perfeito, imutável,
impecável e imortal. E como todas as coisas do chamado universo físico
são opostas as criações divinas (ou seja, tudo neste plano é imperfeito,
impermanente, falho, perecível e mortal), logo nada aqui foi criado por
um ser perfeito e, portanto, não nos permite vivenciar a
espiritualidade genuína, que é abstrata por estar além da forma.
A
espiritualidade materialista ou pseudo-espiritualidade é um fenômeno
cultural e histórico que possivelmente surgiu devido a vaga lembrança da
participação humana em um plano superior, perfeito, pleno, que seria
semelhante ao mundo das idéias de Platão, desta forma, a restauração do
estado original se estabeleceu como objetivo supremo, chamado por
diversos nomes nas muitas tradições religiosas, como salvação,
iluminação, nirvana, entre outros.
No
materialismo espiritual existem diversos níveis de aprendizado, como
existem tradições diversas, umas mais antigas, outras recentes, umas que
aproximam mais o indivíduo do objetivo supremo e outras que o afastam
completamente, umas que são ecumênicas e trabalham no sentido de
unificar e outras que separam os indivíduos e, que dão uma margem maior
para o fanatismo, o extremismo, dentro de complexas relações do homem
com o poder temporal.
Na
espiritualidade abstrata e genuína não há níveis porque não há mentes
separadas, o saber é completo, o conhecimento é pleno e não há partes de
detenham qualidades distintas do todo, por esta razão, não há seres que
existam separadamente por classes, castas ou crenças, porque a verdade é
uma só e a Grande-Vida é uma só, nada há além da Grande-Vida.
A
manifestação da espiritualidade neste mundo não pode ser abstrata,
porque vivemos no mundo das formas, e o que é abstrato não pode ser
compreendido pela mente humana através da percepção (por meio do
raciocínio, da lógica e da simples reflexão), no entanto, a
espiritualidade neste mundo pode ser genuína, no sentido em que ao
permitir ao homem uma experiência que o conduza através de um ponto de
mutação à consciência da sua verdadeira identidade espiritual e com base
na sua vivência direta.
Portanto
o objetivo da espiritualidade genuína não é melhorar este mundo, que
existem para esconder a realidade, tal como o véu de Maya, através da
percepção da forma, escondendo assim a essência abstrata e espiritual da
realidade sutil.
No
entanto, tanto a espiritualidade genuína quanto o materialismo
espiritual (creio que a espiritualidade genuína é uma evolução por
intermédio da expansão da consciência da pseudo-espiritualidade), pode
promover melhoras substanciais no mundo, naquilo que tange as relações
humanas, desde que para isto, seus ensinamentos estejam centrados na
promoção da paz, da compaixão, do amor, do altruísmo, da ajuda mútua e
do humanismo, promovendo a união de todos os povos em prol de um único
objetivo, que é o de vivenciar um mundo sem guerras, sem conflitos e sem
fronteiras.
Para
a pseudo-espiritualidade este pode ser o objetivo final de todos os
esforços humanos em sua evolução, para espiritualidade genuína não, uma
vez a paz tendo sido alcançada, seja numa escala global ou individual, é
estabelecida a condição necessária para que sua(s) mente(s) possa(m) se
alinhar com a sua fonte de origem que é abstrata, permitindo, desta
forma que o indivíduo alcance a plena-realização através da
plena-liberdade, não reconhecendo nenhum limite imposto pelo véu da
ilusão deste mundo, fazendo com que quando todos os seres tenham
atingido este estado, o universo físico possa retornar ao seu nada
original.
Assim
sendo o objetivo da espiritualidade genuína não é o de melhorar nada,
mas sim de desfazer as ilusões e restaurar à consciência do homem a
suprema realidade.
Fonte: http://dedentrodamatrix.blogspot.com.br
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Lisa Teixeira
Junho / 2012
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