VISÃO CÓSMICA DA EDUCAÇÃO
Universidade de Shamballa
A Educação na Nova Era
NOTA DOMINANTE:
A raça humana como um todo encontra-se agora na entrada do Caminho do Discipulado. O seu olhar contempla a visão do futuro, seja a visão da alma, uma visão de um melhor estilo de vida, de alívio na situação econômica, ou de melhor relacionamento inter-racial. É lamentavelmente verdade que esta visão seja frequentemente distorcida, orientada materialmente ou parcialmente percebida; mas, de uma forma ou de outra, existe hoje na massa do povo uma apreciável compreensão do “novo e desejável” – fato até agora desconhecido. No passado era o intelectual ou a elite quem tinha o privilégio de possuir a visão. Hoje, quem a possui é a massa dos homens. Portanto, a humanidade como um todo está preparada para um processo geral de alinhamento, e esta é a razão espiritual que subjaz por trás da guerra mundial. A “tesoura afiada do sofrimento deve separar o real do irreal; o açoite da dor deve despertar a alma adormecida para o primor da vida; o trauma do extirpar as raízes da vida do terreno do desejo egoísta deve ser suportado, e então o homem se libertará”. Assim reza o Velho Comentário numa de suas estrofes mais místicas. Assim é assinalado profeticamente o fim da Raça Ariana – não um fim no sentido de culminação, mas o encerramento de um ciclo de aperfeiçoamento mental, preparatório para outro onde a mente será aplicada corretamente como instrumento de alinhamento, como farol da alma e controladora da personalidade. (Os Raios e as Iniciações)
PREFÁCIO
O teor deste texto, Visão Cósmica da Educação – A Educação na Nova Era, é denso e como tal deve ser lido e estudado de forma reflexiva. Não há nele técnica ou método de ensino, mas postulados a partir dos quais devemos formular as nossas técnicas e métodos.
Pede-se ao leitor que faça a sua pesquisa com mente aberta, tendo como motor a boa vontade de extrair daí algo que possa contribuir para o objetivo do projeto.
Na Apresentação, analisamos um panorama da situação mundial da criança e do adolescente, com estatísticas e informações de órgãos das Nações Unidas, como a UNESCO e a UNICEF, onde são comentadas as falhas e erros do atual processo mundial, nos preparando para os desafios propostos. Os Pensamentos Introdutórios norteiam a nossa ação para o item seguinte. A longa exposição de Valores e Conceitos, e também o que consta nas Proposições, deve-se à superficialidade do atual enfoque dado ao assunto abordado, visando a necessidade premente de conhecimento e avanço neste campo de estudo levado para o âmago da educação. Aqui o preceito délfico ganha dimensões novas, ao impor o conhecimento de nós mesmos. Na Ação no Presente, lança-se alguma luz sobre o que pode ser feito para o estabelecimento imediato de unidades de ensino aproveitando-se os métodos atuais mais próximos das ideias expostas. A Ação no Futuro é resultado da ação no presente, e se baseia na formação do professor/educador que irá emergindo no seio dos estudantes, formando os chamados grupos-semente, pilares sobre os quais se assentarão as bases futuras.
Tudo isso está estribado na constatação de que “a natureza trabalha sem vazios e assim é, mesmo quando – do ponto de vista da ciência acadêmica – haja um hiato aparente entre os fatos e as espécies conhecidas”. Deparamos, na consciência, com regiões e aspectos desconhecidos e ainda não explorados, formando aparentes hiatos ou vazios que precisam ser relacionados com outras regiões e aspectos da natureza humana, notadamente com sua natureza divina. É para esse campo ainda não trabalhado que se direciona o nosso esforço, e é na mais tenra idade onde devemos começar a nossa jornada.
“As aspirações na vida vêm em forma de crianças”. (Rabindranath Tagore, Fireflies)
“Sabemos como encontrar pérolas no interior das ostras, ouro nas montanhas e carvão nas entranhas da terra, mas não somos conscientes dos germes espirituais, as criações nebulosas que a criança esconde no seu interior quando entra no mundo para renovar a humanidade”. (Maria Montessori, The Absorbent Mind)
“A criança não é um vazio receptivo esperando ser preenchido com nossa sabedoria”. (Idem)
“A natureza trabalha sem vazios e assim é, mesmo quando – do ponto de vista da ciência acadêmica – haja um hiato aparente entre os fatos e as espécies conhecidas”. (Alice A. Bailey, Educação na Nova Era)
APRESENTAÇÃO
Enunciados-Chave:
Enunciados-Chave:
A educação é uma empresa profundamente espiritual. Concerne ao homem na sua totalidade e isso inclui o seu espírito divino. (Alice A. Bailey, Problemas da Humanidade)
Devemos desenvolver as novas atitudes e técnicas que equiparão a criança para uma maneira completa de viver, tornando-a verdadeiramente humana, um membro construtivo e criativo da família humana. A melhor parte de tudo que passou deve ser preservada, mas deveria ser preservada somente como as bases de um sistema melhor e de um enfoque mais sábio do objetivo da cidadania mundial. (Idem)
Toda a tendência do presente empenho em avançar, que pode ser percebido tão marcadamente na humanidade, é capacitá-la a adquirir conhecimento, transmutá-lo em sabedoria pela ajuda do entendimento e, desse modo, tornar-se “completamente iluminada”. A iluminação é a meta maior da educação. (Alice A. Bailey, Educação na Nova Era)
As nossas crianças são o nosso futuro. O problema da educação e a difícil situação das crianças do mundo são, portanto, as preocupações mais urgentes às quais a humanidade enfrenta hoje. Como Alice Bailey escreve nos Problemas da Humanidade, “O que fazemos com elas e para elas é de grande importância em suas implicações. Nossa responsabilidade é grande e nossa oportunidade única”. Na nossa encruzilhada atual, temos a oportunidade de integrar o melhor de nossos processos educativos do passado com essas novas tendências holísticas e espirituais que refletem como nunca a nossa humanidade em evolução.
Atualmente estamos nos tornando cada vez mais conscientes do fato da Humanidade Una e da interconexão de toda a vida no nosso planeta. Entretanto, basta ver os noticiários para saber que grande parte do desenvolvimento humano no mundo continua sendo desigual e não reflete a consciência da Humanidade Una ou da natureza interdependente de toda a vida do nosso planeta. Nossos educadores, portanto, enfrentam três desafios principais:
1
– Prover as necessidades das crianças e dos jovens, dando-lhes uma
sensação de segurança e dos princípios básicos de uma educação que seja
relevante com respeito à sua sobrevivência e bem-estar nas suas
circunstâncias imediatas.
2 – Desenvolver a nova educação que permitirá aos jovens alcançar seu potencial individual e fazer frente à vida como cidadãos iluminados do mundo, a base para converterem-se em homens e mulheres reflexivos, integrados, criativos e inclusivos.
3 – Desenvolver cidadãos do mundo conscientes da sua herança espiritual e, portanto, capazes de inaugurar uma nova civilização baseada na rica diversidade de culturas existentes, reconhecendo, por sua vez, o destino espiritual da Humanidade Una.
2 – Desenvolver a nova educação que permitirá aos jovens alcançar seu potencial individual e fazer frente à vida como cidadãos iluminados do mundo, a base para converterem-se em homens e mulheres reflexivos, integrados, criativos e inclusivos.
3 – Desenvolver cidadãos do mundo conscientes da sua herança espiritual e, portanto, capazes de inaugurar uma nova civilização baseada na rica diversidade de culturas existentes, reconhecendo, por sua vez, o destino espiritual da Humanidade Una.
Como veremos mais adiante, o termo educação é utilizado no seu sentido mais amplo, envolvendo não somente a educação escolar, mas também as relações lar-família e o entorno comunitário. Em cada um destes setores é aparente que ainda não estamos utilizando métodos educativos que vão nos permitir viver como cidadãos íntegros e construtivos.
Apresentamos um quadro geral, oferecendo sugestões sobre os princípios e objetivos e uma breve menção sobre algumas das numerosas áreas positivas que estão surgindo agora, no campo da educação, iniciativas pioneiras para satisfazer as necessidades educacionais das crianças e dos jovens.
Os programas e problemas educativos específicos devem ser encarados no contexto das necessidades globais, e o educador, como qualquer outra pessoa, necessita “atuar localmente, mas pensar globalmente”. Há certos objetivos educativos que são os mesmos para todos os povos e, portanto, é possível construir com olhares na universalidade da educação, uma universalidade que reflita a unidade espiritual subjacente a todas as pessoas em todas as partes.
Educadores iluminados de todas as partes estão tentando introduzir mudanças pioneiras em planos de estudos e métodos de ensinamento que despertem na criança a consciência de que ela forma parte de uma família global, e aprofundem também a sua compreensão de si mesma, de outras culturas e de outros povos. Essas qualidades e características podem ser vistas refletidas nos programas que enfatizam, por exemplo, uma educação para o entendimento internacional, uma educação do meio ambiente, uma educação concernente ao desenvolvimento, uma educação concernente aos direitos humanos, uma educação concernente à paz, uma educação holística e global.
Quando contempladas na sua totalidade, essas formas progressivas de educação da “nova era”, conhecidas sob vários termos, têm três características fundamentais: requerem o reconhecimento da totalidade do ser humano, incluindo sua dimensão ética, interior ou espiritual; postulam a necessidade de que os estudantes sejam conscientes do planeta como um todo, e centram a atenção na interconexão de toda a vida e na interdependência de todos os sistemas. Fazem um chamamento ao entendimento e exploração mais profunda e exaustiva do mundo interior, subjetivo, do ser humano, do ambiente exterior tangível/objetivo, e das relações conexivas e interdependentes entre todos. As dimensões interna e externa – ambas reconhecidas como relacionadas, e igualmente divinas – são merecedoras de compreensão e desenvolvimento.
O papel dos educadores é de importância central para esta nova educação. O preceito eterno de que ensinamos mais com o exemplo do que com a teoria é especialmente aplicável aos nossos educadores. Devido a que os professores passam tanto tempo com as crianças e os jovens, é imprescindível que estejam livres de preconceitos, que eles mesmos tenham um sentido de cidadania mundial e que reflitam atitudes sãs e construtivas. É importante que os professores sejam humanitários e amorosos e que sejam capazes de criar a atmosfera correta na qual a criança possa aprender e crescer livremente. Um entendimento dos fundamentos da psicologia poderia também ser considerado como um imperativo para que os professores pudessem realizar mais plenamente seu papel como educadores: ajudando a extrair dos estudantes seu potencial mais elevado, ao mesmo tempo que ensinando-os a trabalhar com e a superar suas debilidades e limitações.
O princípio dos anos 90 contemplou uma gigantesca onda de entusiasmo e esperança sobre a mudança de atitudes para com as crianças e seus direitos e necessidades, especialmente em relação com a educação. Esse fenômeno alentador é refletido no trabalho das Nações Unidas ao produzir três acontecimentos globais de grande importância: A Conferência Mundial Sobre Educação Para Todos, a ratificação da Convenção sobre os Direitos da Criança, e a Cúpula Mundial da Infância.
A importância da atual encruzilhada não deve ser subestimada. Grande parte de nossa forma de vida, que evoluiu durante os últimos dois mil anos da era de Peixes e que se encontra agora entrincheirada nos nossos hábitos de comportamento, sentimento e pensamento, geralmente adquiridos inconscientemente, se contradiz com os valores e oportunidades emergentes na entrante era de Aquário. Enquanto o objetivo do passado era produzir um indivíduo “pensante”, o objetivo do futuro é produzir pessoas verdadeiramente integradas, que possam “pensar com seus corações e sentir com suas cabeças”. A cooperação, a compaixão, e o amor-sabedoria devem ocupar o lugar das até agora predominantes e valorizadas qualidades de competitividade, autoafirmação, e separatividade. Embora essas últimas qualidades tenham tido um papel útil, conduzindo-nos até o nosso atual ponto evolutivo, agora devemos dar prioridade às atitudes e compreensões mais inclusivas e espirituais.
Nossos sistemas educativos devem, portanto, abarcar uma nova visão e meta. O crescente reconhecimento de que a dependência das drogas, a delinquência e a agitação generalizada, tão visíveis na nossa sociedade contemporânea provêm tanto da pobreza material quanto espiritual, estão nos conduzindo, também, a um novo entendimento do que constitui um sistema educativo adequado. Estamos reconhecendo que o problema da educação não é mais somente uma questão de alfabetizar e de transmitir um conjunto de conhecimentos objetivos. É também o problema de ser capaz de apresentar a hipótese da alma – o fator interior dentro de cada ser humano que produz “o bom, o verdadeiro e o belo”. A expressão criativa e o esforço humanitário serão então reconhecidos como o resultado lógico e científico dos procedimentos educativos aplicados especificamente.
Embora existam atualmente muitas pessoas que estão reconhecendo esse duplo desafio de melhorar a situação crítica das crianças e de melhorar o campo da educação, intentando entrelaçar as necessidades do passado e as do futuro, deve ser reconhecido que também é vital para cada um de nós, individualmente, refletir sobre a solução destes problemas. Uma educação que ilumine não está estruturada somente para alguns poucos no mundo, mas para todos. A capacidade de ser educado e iluminado encontra-se em cada ser humano. Assim também, cada indivíduo é, de alguma maneira, um educador – capaz de invocar e evocar o mais elevado daqueles com quem ele ou ela entra em contato. Enquanto alguns recebem o chamado vocacional de uma vida de ensinamento, todos nós temos a responsabilidade das corretas relações humanas e podemos compartilhar nossa luz e boa vontade com outros. Cada um de nós pode, também, ajudar na construção de formas mentais positivas e iluminadas, ajudando a criar uma opinião pública iluminada na qual os líderes mundiais podem se basear. Cada mente amorosa, cada coração reflexivo e cada mão capacitada são necessárias.
A Universidade de Shamballa insere-se neste contexto como um organismo que abarca, tão abrangentemente quanto possível, o universo educacional da criança e do jovem adolescente. Almeja alcançar a formação do homem integral ou personalidade essencial, sintetizando nele a liberdade plena da unidade inter-relacionada com o grupo e, consequentemente, com a humanidade e com a totalidade do Todo. Isto implica um ser coordenado, integrado e alinhado com todos os seus aspectos e partes componentes num todo orgânico, ao qual se dá o nome de “ser humano”, havendo de se comportar como cópia fiel de sua fonte de origem, que desabrocha rapidamente e se faz sentir crescentemente na vida diária.
Liberte a sua imaginação por uns instantes, imaginando a situação do mundo onde a maioria dos seres humanos está ocupada com o bem dos outros e não com os seus próprios fins egoístas. (Alice A. Bailey, Discipulado na Nova Era vol I)
A forma correta de educação consiste em entender a criança tal qual ela é, sem impor-lhe um ideal como pensamos que deveria ser. Fechá-la dentro do marco de um ideal é animá-la a se conformar, o que gera medo e causa-lhe um constante conflito entre o que é e o que deveria ser; e todos os conflitos internos têm sua manifestação externa na sociedade. Os ideais constituem, de fato, uma ameaça à nossa compreensão da criança e à compreensão da criança de si mesma.
Um pai que realmente deseja ajudar seu filho não o contempla através da trama de um ideal. Se ama a criança, a observa, estuda suas tendências, seus estados de ânimo e suas peculiaridades. Somente quando alguém não sente amor pela criança é que lhe impõe um ideal, tentando assim realizar nela as suas ambições, querendo que se converta nisso ou naquilo. Se alguém não ama o ideal, mas a criança, então existe uma possibilidade de ajudá-la a compreender a si mesma tal e qual ela é. (J. Krishnamurti, Education and the Significance of Life)
Primeiro, e acima de tudo o mais, o esforço deve ser feito para proporcionar uma atmosfera onde certas qualidades possam florescer e emergir. Esta atmosfera inclui o seguinte:
1)
Uma atmosfera de amor, onde o medo esteja afastado e a criança perceba
que não há razão para timidez, retraimento ou prevenção...
2) Uma atmosfera de paciência, na qual a criança possa se tornar, normal e naturalmente, um buscador da luz do conhecimento... onde nunca haja ideia de rapidez ou pressa...
3) Uma atmosfera de atividade ordenada, onde a criança possa aprender os primeiros rudimentos de responsabilidade...
4) Uma atmosfera de compreensão, na qual a criança tenha sempre a certeza de que as razões e os motivos de suas ações serão reconhecidos... (Alice A. Bailey, Educação na Nova Era)
2) Uma atmosfera de paciência, na qual a criança possa se tornar, normal e naturalmente, um buscador da luz do conhecimento... onde nunca haja ideia de rapidez ou pressa...
3) Uma atmosfera de atividade ordenada, onde a criança possa aprender os primeiros rudimentos de responsabilidade...
4) Uma atmosfera de compreensão, na qual a criança tenha sempre a certeza de que as razões e os motivos de suas ações serão reconhecidos... (Alice A. Bailey, Educação na Nova Era)
As Falhas do Sistema Atual.
Neste princípio do Século XXI, não podemos nos referir às falhas do sistema escolar sem reconhecer que todas as principais instituições da sociedade estão falhando. As crises são a experiência comum compartilhada por nossos sistemas de governo, igreja, família e educação. As instituições que antigamente previam uma aparente ordem, estabilidade e segurança, não atendem mais as nossas necessidades e atuais expectativas. Não são mais adequadas para a nossa nova percepção e maturidade. Assim como não podemos pôr vinho novo em odre velho, também nossos filhos se tornam amadurecidos para seus jogos e roupas favoritas, e a consciência da humanidade que desperta, está se tornando amadurecida para os antiquados sistemas políticos, religiosos e sócio-econômicos. Ninguém é tão afetado por essas falhas como nossas crianças – os mais vulneráveis e inocentes dentre nós.
Ao proclamar o princípio de “Prioridade” para as crianças, a Declaração da Cúpula Mundial da Infância de 1990 realçou as dificuldades que as crianças de todo o mundo enfrentam. Cada dia, inumeráveis crianças do mundo sofrem como vítimas da guerra e da violência; como vítimas da discriminação racial, das agressões, das ocupações e anexações estrangeiras; como refugiadas e crianças abandonadas obrigadas a abandonar seus lares e suas raízes; como vítimas do abandono, a crueldade e a exploração. Cada dia milhões de crianças são açoitadas pela pobreza e a crise econômica; pela fome e falta de alojamento, pela epidemia, analfabetismo e pela degradação do meio ambiente. Cada dia, 40.000 crianças morrem de fome e de doenças, de falta de água potável e de insalubridade e dos efeitos das drogas.
A difícil situação na qual se encontram as crianças nos conflitos armados é uma questão de urgência total. Esta crise tem chamado a atenção do mundo pela escalada da violência em certas áreas nas quais tem sido recusado às crianças o acesso aos serviços de saúde, anteriormente garantidos. Na Conferência Mundial das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos (Junho de 1993), a UNICEF informou que mais de 1,5 milhões de crianças pereceram em conflitos armados durante a década de 1980, e quatro vezes esta cifra foi mutilada. Cerca de cinco milhões se encontram em campos de refugiados esperando o término das guerras, e outras doze milhões perderam seus lares. Números incontáveis se encontram traumatizadas psicologicamente devido sua exposição às brutalidades da guerra, e isso não é mais que a ponta do “iceberg”.
Quantidades muito maiores de crianças são vítimas indiretas da guerra, e seu aumento tem sido observado por fechamento ou destruição de escolas e hospitais, a interrupção da produção de alimentos e a perda de serviços tão elementares como a imunização. Nos países em vias de desenvolvimento, onde tem ocorrido a grande maioria das guerras desde 1945, esses acontecimentos vêm acompanhados de pobreza, secas e doenças.
As crianças abandonadas, obrigadas a se converterem em “crianças de rua”, lutam nas suas próprias guerras diárias. De cidades da América do Norte e do Sul, ao continente africano, à antiga União Soviética e ao extremo oriente, as crianças de rua do mundo abarcam todas as barreiras raciais e econômicas, mas um número crescente delas deixam seus lares voluntariamente depois de terem decidido que as privações e dificuldades das ruas são preferíveis à violência e ao abuso sexual que com frequência se encontram nas suas próprias casas.
As falhas do sistema escolar devem, portanto, ser consideradas dentro do contexto das falhas dos aspectos restantes da vida. Devido a que tudo que toca a vida de uma criança afeta a sua capacidade e o seu desejo de aprender, devemos reconhecer que a melhora do sistema escolar deve ser feita a par da melhora de todos os aspectos da vida ao repercutirem no bem-estar da criança. O princípio de “Prioridade” se baseia nessa mesma perspectiva. É um intento para proteger as crianças, na medida do possível, dos erros, equívocos, excessos e vicissitudes do mundo adulto. É um compromisso para conseguir que as decisões sociais e pessoais se baseiem antes de tudo na proteção e no bem-estar da infância. Desde que esse princípio foi enunciado pela primeira vez em 1990, foram feitos progressos suficientes para que a UNICEF, no seu Estado das Crianças do Mundo de 1993, proclamasse os anos 90 como a “era do interesse”, como contrapartida à passada “era de abandono”. O entusiasmo do informe e do otimismo demonstrado a respeito da nossa capacidade de resolver os numerosos problemas aos quais enfrentam as crianças de todo o mundo se baseia no reconhecimento de que o progresso observado ao longo dos primeiros anos da década de 90 foi conseguido ali onde existia um compromisso e uma vontade política por trás dos objetivos formulados.
Aquele reconhecimento dos anos 90 como “era do interesse” nos trouxe uma esperança muito necessária. Centrar a atenção sobre o progresso realizado até agora confirma o antigo princípio que a energia, certamente, segue o pensamento. Aferrando-nos à visão e energizando-a com nosso compromisso e vontade, conseguiremos realizar esta visão, assegurando um mundo melhor para todos.
Ter uma compreensão dos problemas inerentes a nossos sistemas passados nos ajudará a compreender melhor as mudanças que são necessárias. Assim, assinalamos as seguintes passagens dos livros “Problemas da Humanidade” e “Educação na Nova Era”. Elas proporcionam uma percepção das razões pelas quais nosso atual sistema de educação já não é suficiente.
“Falando em termos gerais... a educação tem sido principalmente competitiva, nacionalista e, portanto, separatista. Tem preparado a criança para considerar os valores materiais como de importância fundamental, a crer que sua nação específica é também de importância fundamental e que qualquer outra nação é secundária; tem alimentado o orgulho e fomentado a crença que ela, seu grupo e sua nação são infinitamente superiores ao resto das pessoas e dos povos. Consequentemente, é-lhe ensinada a ser uma pessoa unilateral, com seus valores mundiais mal ajustados e com suas atitudes perante a vida caracterizadas por parcialidades e prejulgamentos... Não é acentuada a cidadania mundial; sua responsabilidade para com seus congêneres é sistematicamente ignorada; sua memória se desenvolve mediante a transmissão de dados desconexos – a grande maioria dos quais não são aplicáveis à sua vida diária”.(Problemas da Humanidade)
“No ensino da história, por exemplo... a primeira data histórica que geralmente a média das crianças britânicas recorda é “Guilherme, o Conquistador, 1066”. A criança norte-americana recorda o desembarque dos Pais Peregrinos e o gradual despojar dos legítimos habitantes do país e, talvez, o incidente do chá (tea party), em Boston. Os heróis da história são todos guerreiros – Alexandre Magno, Júlio César, Átila o Rei dos Hunos, Ricardo Coração de Leão, Napoleão, George Washington e muitos outros. A geografia é, na sua maior parte, a história com outro formato, mas apresentada de uma forma similar – uma história de descobrimentos, investigação e rapinagem, com frequência seguida de um tratamento iníquo e cruel aos habitantes das terras descobertas. A cobiça, a ambição, a crueldade e o orgulho são as notas chaves do nosso ensino da história e da geografia... Não seria possível construir nossa teoria da história sobre as grandes e nobres idéias que condicionaram as nações e fizeram delas o que são, e acentuar a criatividade que as distinguiram todas? Não podemos apresentar mais efetivamente as grandes épocas culturais que – aparecendo repentinamente nalguma nação – enriqueceram o mundo inteiro e deram à humanidade sua literatura, sua arte e sua visão?”(Idem)
PENSAMENTOS INTRODUTÓRIOS
“O Senhor Buda disse que não devemos acreditar naquilo que é dito simplesmente por ser dito; nem nas tradições que vêm da antiguidade; nem em rumores, como tal; nem nos escritos dos sábios porque eles os escreveram; nem em fantasias que imaginamos foram inspiradas por um deva (isto é, por uma suposta inspiração espiritual); nem em inferências a partir de suposições casuais que fizemos; nem porque parece uma necessidade analógica; nem na mera autoridade de nossos professores e mestres. Mas devemos acreditar quando os textos, a doutrina, ou a fala são corroborados por nossa própria razão e consciência. “Por isso”, ele concluiu, “ensinei-lhes a não acreditar simplesmente porque ouviram, mas quando vocês acreditarem na sua consciência, então ajam acorde e abundantemente”. (H. P. Blavatsky, A Doutrina Secreta, vol III, pág.401)
“Tudo que pode ser dito será dito, apesar de tudo, será apenas parte das afirmações da grande Verdade velada, e que deve ser oferecida ao estudante como simplesmente uma hipótese de trabalho e uma explanação sugestiva. Para o estudante de mente aberta e para o homem que mantém na sua mente a lembrança que a verdade é progressivamente revelada, tornar-se-á claro que a expressão plena da verdade, possível em qualquer momento, será notada como simples fragmento do todo, e mais tarde ainda reconhecida como sendo apenas parte de um fato e sendo, portanto, uma distorção do real.” (Alice A. Bailey , Um Tratado Sobre o Fogo Cósmico, prefácio)
“Não interessa quanto sabemos acerca de qualquer assunto, sempre há mais para descobrir. Uma das coisas curiosas da ciência moderna é que para cada novo descobrimento, e para cada nova formulação do conhecimento científico, imediatamente aparece uma nova série completa de problemas e perguntas não resolvidas abrindo imediatamente novos campos de investigação. Se a aquisição de conhecimento tornar rombo o gume do constante questionamento, nós estamos então em perigo de sucumbir num ensinamento autoritário e na limitação da mente por um modo único de pensar. Devemos estar conscientes da falibilidade de um ensino autoritário. O ensino pode até estar correto, mas nós não sabemos por que ou como ele é correto.” (Escola Arcana, Luz no Caminho, 1)
“Então se compreenderá por que em todos os sistemas de verdadeiro treinamento, é colocada ênfase sobre o reto pensar, o desejo amoroso e o viver limpo e puro. Somente assim, o trabalho criador pode ser realizado sem perigo, pode fazer a forma mental descer à objetividade e ser um agente construtivo no plano da existência humana.” (Alice A. Bailey, Um Tratado Sobre Magia Branca, pág. 128)
“Homem, conhece-te a ti mesmo.” (Injunção Délfica)
“... o conhecimento de si mesmo permite adquirir a ciência, fim e razão de ser da vida, base de todo o real valor; e este poderio, elevando o homem laborioso que o pode adquirir, incita-o a ficar numa simplicidade modesta e nobre, virtude eminente dos espíritos superiores. Era um axioma que os mestres repetiam aos seus discípulos, e pelo qual lhes indicavam o único meio para atingir o saber supremo: “Se quereis conhecer a sabedoria, diziam-lhes, conhecei-vos bem a vós mesmos e conhecê-la-eis.” (Fulcanelli, As Mansões Filosofais, pág. 295)
“Hoje em dia, a média das crianças é, nos cinco ou seis primeiros anos de vida, a vítima da ignorância ou do egoísmo ou falta de interesse dos seus pais. Ela é mantida quieta e fora do caminho porque seus pais estão muito ocupados com seus próprios assuntos, para lhe dar a devida atenção... Na escola, ela fica, frequentemente, sob os cuidados de alguma pessoa jovem, ignorante, apesar de bem intencionada, cuja tarefa é ensinar-lhe os rudimentos da civilização... Mais tarde, a partir dos onze anos, uma orientação foi efetuada, uma atitude (geralmente defensiva e, por isso, inibidora) foi criada, uma forma superficial de comportamento foi reforçada ou imposta, mas não baseada na sinceridade dos relacionamentos verdadeiros. O ser genuíno que é encontrado em cada criança – expansivo, espontâneo e bem intencionado... – foi, consequentemente, mantido à distância, fora da vista, e ocultou-se sob uma concha exterior que o hábito e a educação impuseram. O dano causado às crianças durante os anos plasmáveis e flexíveis é geralmente irremediável e responsável por muito da dor e do sofrimento, mais tarde na vida”. (Educação na Nova Era)
“A necessidade fundamental com que hoje se defronta o mundo educacional é a de se relacionar o processo de desenvolvimento da mentalidade humana até o mundo do significado e não ao mundo do fenômeno objetivo. Até que o alvo da educação seja orientar um homem para o seu mundo interior de realidades, teremos a mal colocada ênfase do tempo presente”. (Idem)
VALORES E CONCEITOS
Palmilharemos um caminho de valores, conceitos e teorias que nos familiarizarão com aquilo que jaz por trás da trama da vida e que é a base da manifestação de toda a existência.
Tornar-se-á evidente que esses valores, conceitos e arcabouço teórico não se prestam em si mesmos ao magno esforço educacional proposto, mas emergem deles as proposições que colocam os alicerces do edifício onde se abrigarão os postulados e o pano de fundo sobre os quais serão construídas e montadas as peças necessárias e adequadas para tanto.
Veremos, inicialmente nestes Valores e Conceitos e no item sexto a seguir, que fazemos parte de um todo, e a nossa coordenação, integração e alinhamento com esta totalidade nos leva ao portal de entrada de um reino, uma dimensão e um estado de ser que é conhecido internamente, ou subjetivamente. Esse reino, esse estado de ser, tem de ser trabalhado e exteriorizado no mundo objetivo da vida e, ao se manifestar, produzirá os requeridos e desejados efeitos de sua ação.
Quatro postulados fundamentais norteiam essas ideias e são apresentados como uma hipótese merecedora de atenção e experiência de trabalho.
1 – Primeiro, que existe no nosso universo manifestado a expressão de uma Energia ou Vida, que é a causa responsável pelas diversas formas e pela vasta hierarquia de seres sensíveis que compõem a totalidade de tudo o que é. Esta é a teoria hilozoística. Uma vida penetra todas as formas e aquelas formas são a expressão, no tempo e no espaço, da energia central do universo. A vida em manifestação produz existência e ser. É a causa raiz, por isso, da dualidade. Esta dualidade que é vista quando a objetividade está presente, e que desaparece quando o aspecto da forma desaparece, é coberta por muitos termos, dos quais, para maior clareza, os mais usuais poderiam ser aqui reproduzidos: Espírito/Matéria; Vida/Forma; Pai/Mãe; Positivo/Negativo; Trevas/Luz.
2 – O segundo postulado emerge do primeiro e estabelece que a Vida una, manifestando-se através da matéria, produz um terceiro fator que é a consciência. Esta consciência, que é o resultado da união dos dois pólos do espírito e da matéria, é a alma de todas as coisas; ela permeia toda substância ou energia objetiva; ela jaz sob todas as formas, seja a forma daquela unidade de energia a que nós denominamos átomo, ou a forma do homem, de um planeta, ou de um sistema solar. Esta é a Teoria da Autodeterminação, ou o ensinamento de que todas as vidas das quais a vida una é formada, cada uma na sua esfera e no seu estado de ser, se tornam, por assim dizer, apoiadas na matéria e assumem formas onde quer que seu especial estado específico de consciência possa ser compreendido e sua vibração estabilizada; assim podem ser conhecidas como existências. Assim novamente a vida una se torna uma entidade estabilizada e consciente por intermédio do sistema solar e é essencialmente, por isso, a totalidade das energias, de todos os estados de consciência e de todas as formas existentes. O homogêneo se torna heterogêneo e, contudo, permanece uma unidade; o uno manifesta-se na diversidade e, no entanto fica inalterado; a unidade central é conhecida no tempo e no espaço como composta e diferenciada e, no entanto quando o tempo e o espaço não existem (sendo apenas estados de consciência), somente a unidade permanecerá e somente o espírito persistirá, mais uma ação vibratória aumentada, mais a capacidade para uma intensificação da luz quando novamente o ciclo da manifestação voltar.
Dentro da pulsação vibratória da Vida una que se manifesta, todas as vidas menores repetem o processo de ser – Deuses, anjos, os homens e as miríades de vidas que se expressam através das formas dos reinos da natureza e das atividades do processo evolutivo. Tudo se torna autocentrado e autodeterminado.
3 – O terceiro postulado básico é aquele que o objeto para o qual a vida ganha forma e o propósito do ser manifestado é o desdobramento da consciência, ou revelação da alma. Isto poderia ser chamado a Teoria da Evolução da Luz. Quando é compreendido que mesmo o cientista moderno diz que luz e matéria são termos sinônimos, torna-se aparente que através da interação dos pólos e através da fricção dos pares de opostos, a luz resplandece. Verifica-se que o objetivo da evolução é uma série gradual de demonstração de luz. Velada e oculta por cada forma está a luz. À medida que a evolução prossegue, a matéria se torna de maneira crescente um melhor condutor da luz, assim demonstrando a precisão do que o Cristo estatuiu: “Eu Sou a Luz do Mundo”.
4 – O quarto postulado consiste na afirmação de que todas as vidas se manifestam ciclicamente. Esta é a Teoria do Renascimento, ou da reencarnação, a demonstração da lei da periodicidade.
Tais são as grandes verdades subjacentes que formam os fundamentos da Sabedoria Eterna – a existência da vida e o desenvolvimento da consciência através da utilização cíclica da forma.
Para o nosso propósito, a ênfase é dada à pequena vida, ao homem “feito à imagem de Deus”, o qual, através do método do renascimento expande sua consciência até que ela floresça como a alma perfeita, cuja natureza é luz e cuja compreensão é aquela de uma identidade autoconsciente. Esta unidade desenvolvida deve ser finalmente absorvida, com plena e inteligente participação, na consciência maior da qual faz parte.
Contudo, a alma continua sendo uma quantidade desconhecida. Ela não tem um lugar verdadeiro nas teorias dos investigadores acadêmicos e científicos. Ela não está provada e é considerada mesmo pelos acadêmicos mais arejados como uma hipótese provável, mas ainda aguardando demonstração. Ela não é aceita como um fato pela consciência da raça. Somente dois grupos de pessoas aceitam-na como um fato; um é a pessoa ingênua, infantil, de inclinação religiosa. O outro é o grupo pequeno, mas, em firme crescimento, dos Conhecedores de Deus e da realidade, que sabem que a alma é um fato na sua própria existência, mas não são capazes de provar sua existência satisfatoriamente ao homem que somente admite aquilo que a mente concreta pode aprender, analisar, criticar e testar.
Visão Cósmica da Educação - Parte 2
O
ignorante e o sábio se encontram num terreno comum, como sempre
acontece com os extremos. Entre ambos se encontram aqueles que não são,
nem totalmente ignorantes, nem intuitivamente sábios, são a massa das
pessoas educadas que têm conhecimento, mas, não entendimento e que ainda
estão por aprender a diferença entre aquilo que pode ser captado pela
mente racional, aquilo que pode ser visto pelo olho da mente e aquilo
que somente a mente superior ou abstrata pode formular e conhecer. Isto
finalmente se funde com a intuição, que é a “faculdade do conhecimento”
do místico prático e inteligente que – relegando a natureza emocional e
sentimental para o seu lugar próprio – usa a mente como um ponto focal e
olha através daquela lente para o mundo da alma.
Um dos principais meios pelos quais o homem chega a uma compreensão daquela grande totalidade à qual chamamos de Macrocosmo – Deus, funcionando através de um sistema solar – é pela compreensão de si próprio, e a injunção délfica “Homem, conhece-te a ti mesmo” foi uma proclamação inspirada, destinada a dar ao homem a pista para o mistério da divindade. Através da Lei da Analogia, ou das correspondências, os processos cósmicos e a natureza dos princípios cósmicos são indicados nas funções, estrutura e características de um ser humano. São indicadas, mas, não explicadas ou elaboradas. Servem simplesmente como sinais na estrada, dirigindo o homem pelo caminho onde posteriores marcos podem ser encontrados e indicações mais definidas anotadas.
A compreensão da triplicidade do espírito, alma e corpo permanece, todavia, além do alcance do homem, mas uma idéia quanto às suas relações e sua função geral coordenadas pode ser indicada por uma apreciação do homem a partir do seu aspecto físico e seu funcionamento objetivo.
Há três aspectos do organismo humano que são símbolos, e somente símbolos, dos três aspectos do ser.
1 – A energia, ou princípio ativador, que se retira misteriosamente na morte, retira-se parcialmente nas horas de sono ou da inconsciência, e que parece usar o cérebro como sua sede principal de atividade e daí dirigir o funcionamento do organismo. Esta energia tem uma relação direta primária com as três partes do organismo a que chamamos cérebro, coração e aparelho respiratório. Este é o símbolo microcosmo do espírito.
2 – O sistema nervoso, com sua complexidade de nervos, centros nervosos e aquela multiplicidade de partes sensíveis e inter-relacionadas que servem para coordenar o organismo, produzir a resposta sensitiva que existe entre os muitos órgãos e partes que formam o organismo como um todo, e que servem também para o tornar consciente do, e sensível, ao meio que o cerca. Esta aparelhagem sensorial inteira é a que produz a conscientização organizada e a sensibilidade coordenada do ser humano inteiro, primeiro dentro dele mesmo como uma unidade e, secundariamente, sua capacidade de resposta e estrutura nervosa, coordenando, correlacionando e produzindo uma atividade grupal externa e interna, demonstra-se primariamente através das três partes do sistema nervoso:
A) Sistema cérebro-espinhal.
B) Sistema de nervos sensitivos.
C) Sistema periférico de nervos.
Ele está inteiramente associado com o aspecto energia, sendo o instrumento utilizado por aquela energia para vitalizar o corpo, para produzir sua atividade e funcionamento coordenados e para conseguir um relacionamento inteligente com o mundo no qual tem de participar. Ele se coloca por trás da massa de carne e ossos e músculos. Por sua vez, é motivado e controlado por dois fatores:
A – A totalidade da energia que é a quota individual da energia vital.
B – A energia do meio ambiente na qual o indivíduo se encontra e na qual ele tem de atuar e desempenhar seu papel.
Este sistema nervoso coordenador, esta rede de nervos inter-relacionados e sensitivos é o símbolo, no homem, da alma, e uma forma visível e exterior de uma realidade espiritual interior.
3 – Há, finalmente, o que poderia ser descrito como o corpo, a totalidade de carne, de músculos e de ossos que o homem vai carregando, correlacionados pelo sistema nervoso e tonificados pelo que vagamente chamamos “vida”.
Os três aspectos da divindade, a energia central, ou espírito; a força coordenadora, ou alma, e aquela que estas duas usam e unificam são, na realidade, um princípio vital se manifestando na diversidade. Estes são os Três em Um, o Um em Três, Deus na natureza e a própria natureza em Deus.
Estes três aspectos são vistos no homem, a unidade divina de vida. Primeiro ele os reconhece em si mesmo; depois ele os vê em cada forma em torno de si e finalmente ele aprende a relacionar estes aspectos de si mesmo com os similares aspectos em outras formas de manifestação divina. A correta relação entre as formas resultará na harmonização e no correto ajustamento do plano físico da vida.
A correta resposta ao particular meio ambiente resultará na correta relação com o aspecto alma, oculto em toda forma, e produzirá corretas relações entre as várias partes da estrutura nervosa interna a ser encontrada em todo reino da natureza, subumano e super-humano. Isto é, entretanto, praticamente desconhecido mas está sendo rapidamente reconhecido e quando for provado e compreendido será descoberto que naquele interior está a base da fraternidade e da unidade. Como o fígado, o coração, os pulmões, o estômago e outros órgãos no corpo são relacionados por intermédio do sistema nervoso pelo corpo todo, assim também descobrir-se-á que, no mundo, organismos tais como os reinos da natureza têm sua vida e funções separadas e no entanto estão correlacionados e coordenados por um vasto intrincado sistema sensorial que às vezes é chamado a alma de todas as coisas, a “anima mundi”, a consciência subjacente.
Lidando com as triplicidades tão frequentemente usadas quando se fala da divindade, tais como espírito, alma e corpo – vida, consciência e forma – é oportuno recordar que elas se referem a diferenciações da vida una, e que quanto mais se pode familiarizar com estas triplicidades, tanto mais será possível estar em relação com um círculo mais largo de homens. Mas quando se lida com as coisas ocultas e subjetivas e quando o assunto sobre o qual se escreve lida com o indefinível, então surgem dificuldades. Não é coisa difícil descrever a aparência pessoal de um homem, suas vestes, sua forma, e as coisas que o cercam. A linguagem satisfaz suficientemente quando se trata do concreto e do mundo da forma. Mas quando se tenta transmitir uma ideia de sua qualidade, caráter e natureza, imediatamente se depara com o problema do desconhecido, com aquela parte indefinível não vista que nós sentimos, mas que permanece em grande parte não revelada e não compreendida mesmo pelo próprio homem. Como então iremos descrevê-lo por intermédio da linguagem?
Se assim é do homem, quanto maior é a dificuldade quando procuramos através de palavras expressar aquela inexprimível totalidade da qual os termos espírito, alma e corpo são considerados como as principais diferenciações? Como iremos definir aquela vida indefinível que os homens têm (numa tentativa de compreender) limitada e separada numa trindade de aspectos ou pessoas, chamando o conjunto pelo nome de Deus?
Entretanto, onde esta diferenciação de Deus numa trindade é universal e é há muito tempo usada, onde todos os povos – antigos e modernos – empregam a mesma triplicidade de ideação para exprimir uma compreensão intuitiva, há segurança para o uso. Que algum dia nós poderemos pensar e expressar a verdade diferentemente pode de fato ocorrer, mas para o pensador comum de hoje os termos espírito, alma e corpo representam o agregado da manifestação divina, tanto na deidade do universo como naquela divindade menor, o próprio homem.
São sobejamente conhecidos os tabus, a tenacidade dos preconceitos, os interesses e miragens que conspurcam a realidade e a impedem de se manifestar e ser conhecida na sua inteireza. Por isso, algumas palavras e expressões precisam ter o seu significado tão perfeitamente delineado quanto possível, a fim de serem entendidas na sua real significação, para maior clareza destas ideias:
Shamballa. Há uma Hierarquia espiritual planetária que “dirige” os destinos do nosso planeta. A sede da cúpula desta Hierarquia é Shamballa, um vasto ponto focal de energias aprovisionadas e reunidas pelo Logos Planetário, com o fim de criar uma manifestação adequada de Sua intenção no desenvolvimento e no serviço planetário. É denominada “o centro onde a vontade de Deus é conhecida”.
Espiritual. A palavra “espiritual” não se refere ao assim chamado assunto religioso. Todas as atividades que impelem o ser humano em direção a alguma forma de desenvolvimento – físico, emocional, mental, intuicional, social – se for para o progresso de seu estado atual, será essencialmente de natureza espiritual e será indicativo da existência da entidade divina interna. O espírito do homem é imortal; persiste para sempre, progredindo de um ponto a outro e de estágio a estágio no Caminho da Evolução, desabrochando firmemente e em sequência os atributos e aspectos divinos.
Educação. Educação é o treinamento, dado inteligentemente, que permitirá à juventude contatar seu ambiente com inteligência e critério e se adaptar às condições existentes.
É um processo pelo qual a criança é equipada com a informação que a capacitará a agir como bom cidadão e a desempenhar as funções de um pai sábio, levando em consideração suas tendências inatas, seus atributos raciais e nacionais e, então, esforçar-se para acrescentar a estes, aquele conhecimento que a levará a trabalhar construtivamente no cenário do seu mundo e demonstrar ser um cidadão útil.
É um processo de adquirir a sabedoria como uma decorrência do conhecimento e da percepção consciente do significado que jaz além da exterioridade dos fatos revelados. É o poder de aplicar o conhecimento de tal maneira que um viver sadio, um ponto de vista compreensivo e uma técnica inteligente de conduta sejam os resultados normais.
É um processo pelo qual a unidade, ou um sentido de síntese, é cultivada, no qual os jovens são ensinados a pensar de si mesmos em relação ao grupo, à unidade familiar e à nação na qual o destino os colocou e a pensar em termos de relacionamento mundial e da sua nação em relação a outras nações. Isso cobre a preparação para a cidadania, a paternidade e a compreensão do mundo; é basicamente psicológico e deverá levar a uma compreensão da humanidade.
A educação é o processo através do qual a juventude aprende a raciocinar desde a causa até o efeito, a conhecer a razão por que certas ações estão inevitavelmente destinadas a produzir certos resultados e por que as tendências definidas da vida podem ser determinadas e certas profissões e carreiras provêm o cenário correto para o desenvolvimento e um campo de experiência útil e vantajoso.
Espírito, Vida, Energia. A palavra espírito se aplica àquele impulso indefinível, fugaz, essencial, ou Vida que é a causa de toda manifestação. É o sopro de Vida e é aquele rítmico influxo de energia vital que se manifesta por sua vez como a força atrativa, como a consciência, ou alma, e é a totalidade da substância atômica. É a correspondência na grande Existência ou Macrocosmo, daquilo que na pequena existência, ou microcosmo, é o fator vital de inspiração ao qual nós chamamos a vida do homem; isto é indicado pela respiração no seu corpo, a qual é abstraída ou retirada quando se esgota o curso da vida.
Dá-se ênfase ao fato de que espírito e energia são termos sinônimos e intercambiáveis, e somente na compreensão disto nós podemos chegar a uma verdadeira compreensão do mundo dos fenômenos ativos pelos quais nós estamos cercados e nos quais movemos.
Deve-se notar que somente se um homem compreender a si mesmo poderá ele chegar a uma compreensão daquela totalidade a que chamamos Deus. Isto é um truísmo, mas quando trabalhado leva à revelação que torna o presente “Deus Desconhecido” uma realidade conhecida. Como? O homem se conhece como um ser vivo e chama de morte ao misterioso processo no qual alguma coisa, a que comumente designa como o sopro da vida, é retirado. Por esta retirada, a forma se desintegra. A força vitalizadora de coesão se foi e isto produz uma volta aos seus elementos essenciais, daquilo que até então tinha sido considerado como o corpo. Este princípio vital, esta essência básica do Ser, e este misterioso fator fugaz são a correspondência, no homem, daquilo a que nós chamamos espírito, ou vida, no macrocosmo. Assim como a vida no homem mantém unida, anima, vitaliza e põe em atividade a forma e assim faz dele um ser vivo, também a vida de Deus desempenha o mesmo fim no universo e produz aquele conjunto interligado, vivo, vital, ao qual chamamos de sistema solar. Este princípio vital no homem se manifesta de uma forma tríplice:
Um dos principais meios pelos quais o homem chega a uma compreensão daquela grande totalidade à qual chamamos de Macrocosmo – Deus, funcionando através de um sistema solar – é pela compreensão de si próprio, e a injunção délfica “Homem, conhece-te a ti mesmo” foi uma proclamação inspirada, destinada a dar ao homem a pista para o mistério da divindade. Através da Lei da Analogia, ou das correspondências, os processos cósmicos e a natureza dos princípios cósmicos são indicados nas funções, estrutura e características de um ser humano. São indicadas, mas, não explicadas ou elaboradas. Servem simplesmente como sinais na estrada, dirigindo o homem pelo caminho onde posteriores marcos podem ser encontrados e indicações mais definidas anotadas.
A compreensão da triplicidade do espírito, alma e corpo permanece, todavia, além do alcance do homem, mas uma idéia quanto às suas relações e sua função geral coordenadas pode ser indicada por uma apreciação do homem a partir do seu aspecto físico e seu funcionamento objetivo.
Há três aspectos do organismo humano que são símbolos, e somente símbolos, dos três aspectos do ser.
1 – A energia, ou princípio ativador, que se retira misteriosamente na morte, retira-se parcialmente nas horas de sono ou da inconsciência, e que parece usar o cérebro como sua sede principal de atividade e daí dirigir o funcionamento do organismo. Esta energia tem uma relação direta primária com as três partes do organismo a que chamamos cérebro, coração e aparelho respiratório. Este é o símbolo microcosmo do espírito.
2 – O sistema nervoso, com sua complexidade de nervos, centros nervosos e aquela multiplicidade de partes sensíveis e inter-relacionadas que servem para coordenar o organismo, produzir a resposta sensitiva que existe entre os muitos órgãos e partes que formam o organismo como um todo, e que servem também para o tornar consciente do, e sensível, ao meio que o cerca. Esta aparelhagem sensorial inteira é a que produz a conscientização organizada e a sensibilidade coordenada do ser humano inteiro, primeiro dentro dele mesmo como uma unidade e, secundariamente, sua capacidade de resposta e estrutura nervosa, coordenando, correlacionando e produzindo uma atividade grupal externa e interna, demonstra-se primariamente através das três partes do sistema nervoso:
A) Sistema cérebro-espinhal.
B) Sistema de nervos sensitivos.
C) Sistema periférico de nervos.
Ele está inteiramente associado com o aspecto energia, sendo o instrumento utilizado por aquela energia para vitalizar o corpo, para produzir sua atividade e funcionamento coordenados e para conseguir um relacionamento inteligente com o mundo no qual tem de participar. Ele se coloca por trás da massa de carne e ossos e músculos. Por sua vez, é motivado e controlado por dois fatores:
A – A totalidade da energia que é a quota individual da energia vital.
B – A energia do meio ambiente na qual o indivíduo se encontra e na qual ele tem de atuar e desempenhar seu papel.
Este sistema nervoso coordenador, esta rede de nervos inter-relacionados e sensitivos é o símbolo, no homem, da alma, e uma forma visível e exterior de uma realidade espiritual interior.
3 – Há, finalmente, o que poderia ser descrito como o corpo, a totalidade de carne, de músculos e de ossos que o homem vai carregando, correlacionados pelo sistema nervoso e tonificados pelo que vagamente chamamos “vida”.
Os três aspectos da divindade, a energia central, ou espírito; a força coordenadora, ou alma, e aquela que estas duas usam e unificam são, na realidade, um princípio vital se manifestando na diversidade. Estes são os Três em Um, o Um em Três, Deus na natureza e a própria natureza em Deus.
Estes três aspectos são vistos no homem, a unidade divina de vida. Primeiro ele os reconhece em si mesmo; depois ele os vê em cada forma em torno de si e finalmente ele aprende a relacionar estes aspectos de si mesmo com os similares aspectos em outras formas de manifestação divina. A correta relação entre as formas resultará na harmonização e no correto ajustamento do plano físico da vida.
A correta resposta ao particular meio ambiente resultará na correta relação com o aspecto alma, oculto em toda forma, e produzirá corretas relações entre as várias partes da estrutura nervosa interna a ser encontrada em todo reino da natureza, subumano e super-humano. Isto é, entretanto, praticamente desconhecido mas está sendo rapidamente reconhecido e quando for provado e compreendido será descoberto que naquele interior está a base da fraternidade e da unidade. Como o fígado, o coração, os pulmões, o estômago e outros órgãos no corpo são relacionados por intermédio do sistema nervoso pelo corpo todo, assim também descobrir-se-á que, no mundo, organismos tais como os reinos da natureza têm sua vida e funções separadas e no entanto estão correlacionados e coordenados por um vasto intrincado sistema sensorial que às vezes é chamado a alma de todas as coisas, a “anima mundi”, a consciência subjacente.
Lidando com as triplicidades tão frequentemente usadas quando se fala da divindade, tais como espírito, alma e corpo – vida, consciência e forma – é oportuno recordar que elas se referem a diferenciações da vida una, e que quanto mais se pode familiarizar com estas triplicidades, tanto mais será possível estar em relação com um círculo mais largo de homens. Mas quando se lida com as coisas ocultas e subjetivas e quando o assunto sobre o qual se escreve lida com o indefinível, então surgem dificuldades. Não é coisa difícil descrever a aparência pessoal de um homem, suas vestes, sua forma, e as coisas que o cercam. A linguagem satisfaz suficientemente quando se trata do concreto e do mundo da forma. Mas quando se tenta transmitir uma ideia de sua qualidade, caráter e natureza, imediatamente se depara com o problema do desconhecido, com aquela parte indefinível não vista que nós sentimos, mas que permanece em grande parte não revelada e não compreendida mesmo pelo próprio homem. Como então iremos descrevê-lo por intermédio da linguagem?
Se assim é do homem, quanto maior é a dificuldade quando procuramos através de palavras expressar aquela inexprimível totalidade da qual os termos espírito, alma e corpo são considerados como as principais diferenciações? Como iremos definir aquela vida indefinível que os homens têm (numa tentativa de compreender) limitada e separada numa trindade de aspectos ou pessoas, chamando o conjunto pelo nome de Deus?
Entretanto, onde esta diferenciação de Deus numa trindade é universal e é há muito tempo usada, onde todos os povos – antigos e modernos – empregam a mesma triplicidade de ideação para exprimir uma compreensão intuitiva, há segurança para o uso. Que algum dia nós poderemos pensar e expressar a verdade diferentemente pode de fato ocorrer, mas para o pensador comum de hoje os termos espírito, alma e corpo representam o agregado da manifestação divina, tanto na deidade do universo como naquela divindade menor, o próprio homem.
São sobejamente conhecidos os tabus, a tenacidade dos preconceitos, os interesses e miragens que conspurcam a realidade e a impedem de se manifestar e ser conhecida na sua inteireza. Por isso, algumas palavras e expressões precisam ter o seu significado tão perfeitamente delineado quanto possível, a fim de serem entendidas na sua real significação, para maior clareza destas ideias:
Shamballa. Há uma Hierarquia espiritual planetária que “dirige” os destinos do nosso planeta. A sede da cúpula desta Hierarquia é Shamballa, um vasto ponto focal de energias aprovisionadas e reunidas pelo Logos Planetário, com o fim de criar uma manifestação adequada de Sua intenção no desenvolvimento e no serviço planetário. É denominada “o centro onde a vontade de Deus é conhecida”.
Espiritual. A palavra “espiritual” não se refere ao assim chamado assunto religioso. Todas as atividades que impelem o ser humano em direção a alguma forma de desenvolvimento – físico, emocional, mental, intuicional, social – se for para o progresso de seu estado atual, será essencialmente de natureza espiritual e será indicativo da existência da entidade divina interna. O espírito do homem é imortal; persiste para sempre, progredindo de um ponto a outro e de estágio a estágio no Caminho da Evolução, desabrochando firmemente e em sequência os atributos e aspectos divinos.
Educação. Educação é o treinamento, dado inteligentemente, que permitirá à juventude contatar seu ambiente com inteligência e critério e se adaptar às condições existentes.
É um processo pelo qual a criança é equipada com a informação que a capacitará a agir como bom cidadão e a desempenhar as funções de um pai sábio, levando em consideração suas tendências inatas, seus atributos raciais e nacionais e, então, esforçar-se para acrescentar a estes, aquele conhecimento que a levará a trabalhar construtivamente no cenário do seu mundo e demonstrar ser um cidadão útil.
É um processo de adquirir a sabedoria como uma decorrência do conhecimento e da percepção consciente do significado que jaz além da exterioridade dos fatos revelados. É o poder de aplicar o conhecimento de tal maneira que um viver sadio, um ponto de vista compreensivo e uma técnica inteligente de conduta sejam os resultados normais.
É um processo pelo qual a unidade, ou um sentido de síntese, é cultivada, no qual os jovens são ensinados a pensar de si mesmos em relação ao grupo, à unidade familiar e à nação na qual o destino os colocou e a pensar em termos de relacionamento mundial e da sua nação em relação a outras nações. Isso cobre a preparação para a cidadania, a paternidade e a compreensão do mundo; é basicamente psicológico e deverá levar a uma compreensão da humanidade.
A educação é o processo através do qual a juventude aprende a raciocinar desde a causa até o efeito, a conhecer a razão por que certas ações estão inevitavelmente destinadas a produzir certos resultados e por que as tendências definidas da vida podem ser determinadas e certas profissões e carreiras provêm o cenário correto para o desenvolvimento e um campo de experiência útil e vantajoso.
Espírito, Vida, Energia. A palavra espírito se aplica àquele impulso indefinível, fugaz, essencial, ou Vida que é a causa de toda manifestação. É o sopro de Vida e é aquele rítmico influxo de energia vital que se manifesta por sua vez como a força atrativa, como a consciência, ou alma, e é a totalidade da substância atômica. É a correspondência na grande Existência ou Macrocosmo, daquilo que na pequena existência, ou microcosmo, é o fator vital de inspiração ao qual nós chamamos a vida do homem; isto é indicado pela respiração no seu corpo, a qual é abstraída ou retirada quando se esgota o curso da vida.
Dá-se ênfase ao fato de que espírito e energia são termos sinônimos e intercambiáveis, e somente na compreensão disto nós podemos chegar a uma verdadeira compreensão do mundo dos fenômenos ativos pelos quais nós estamos cercados e nos quais movemos.
Deve-se notar que somente se um homem compreender a si mesmo poderá ele chegar a uma compreensão daquela totalidade a que chamamos Deus. Isto é um truísmo, mas quando trabalhado leva à revelação que torna o presente “Deus Desconhecido” uma realidade conhecida. Como? O homem se conhece como um ser vivo e chama de morte ao misterioso processo no qual alguma coisa, a que comumente designa como o sopro da vida, é retirado. Por esta retirada, a forma se desintegra. A força vitalizadora de coesão se foi e isto produz uma volta aos seus elementos essenciais, daquilo que até então tinha sido considerado como o corpo. Este princípio vital, esta essência básica do Ser, e este misterioso fator fugaz são a correspondência, no homem, daquilo a que nós chamamos espírito, ou vida, no macrocosmo. Assim como a vida no homem mantém unida, anima, vitaliza e põe em atividade a forma e assim faz dele um ser vivo, também a vida de Deus desempenha o mesmo fim no universo e produz aquele conjunto interligado, vivo, vital, ao qual chamamos de sistema solar. Este princípio vital no homem se manifesta de uma forma tríplice:
Visão Cósmica da Educação - Parte 3
1 – Como a vontade direcional, propósito, incentivo básico.
Esta é a energia dinâmica que faz seu ser funcionar, trá-lo-a a
existência, determina a duração de sua vida, transporta-o através dos
anos, longos ou curtos e se abstrai ao fim de seu ciclo vital. Este é o
espírito no homem, manifestando-se como a vontade de viver, de ser, de
agir, de prosseguir, de evoluir. No seu aspecto mais baixo opera através
do corpo, ou natureza mental e, em conexão com o físico denso, se faz
sentir através do cérebro.
2 – Como uma força de coesão. É aquela qualidade significativa essencial que faz cada homem diferente, que produz aquela complexa manifestação de humores, desejos, qualidades, complexos, inibições, sentimentos e características que produzem uma especial psicologia humana. Este é o resultado da inter-relação entre o espírito, ou aspecto energia, e a matéria, ou natureza corporal. Este é o homem subjetivo distinto, sua coloração, ou nota individual; é isto que estabelece o ritmo da atividade vibratória de seu corpo, produz seu particular tipo de forma, é responsável pela condição e natureza de seus órgãos, suas glândulas e seus aspectos exteriores. Esta é a alma e – no seu aspecto mais baixo – é vista operando através da natureza emocional e, em conexão com o corpo físico, através do coração.
3 – Como a atividade dos átomos e células dos quais o corpo físico é composto. É a totalidade daquelas pequenas vidas das quais os órgãos humanos, compreendendo o homem inteiro, são compostos. Estes têm uma vida própria e uma consciência que é estritamente individual e identificada. Este aspecto do princípio vital trabalha através do corpo vital e, em conexão com o mecanismo sólido da forma tangível, através do baço.
Entretanto, até que venha o tempo no qual a consciência da alma seja tocada e conhecida e o Uno sem forma possa ser percebido através da clara luz da intuição, muito do que foi dito continuará abstruso. Uma das primeiras lições que necessitamos aprender é que nossas mentes, sendo até então incapazes de responder às intuições ocultas, tornam impossível para nós, dizer com segurança que tal condição seja esta, aquela ou outra; que, até que possamos atuar em nossa consciência de alma, não temos condição para afirmar o que é e o que não é; que, até nos termos submetido ao necessário treino, não estaremos em posição de afirmar ou negar coisa alguma. Nossa atitude deveria ser aquela de uma inquirição razoável e nosso interesse, o do filósofo que investiga desejoso de aceitar uma hipótese na base de sua possibilidade, mas não desejoso de aceitar como verdade provada coisa alguma, antes de conhecermos o fato por nós mesmos e em nós mesmos.
Alma, o Princípio Mediador. Há dois ângulos ou pontos de vista pelos quais se deve atingir a natureza da alma: um é o aspecto da alma em relação ao quarto reino da natureza, isto é, o humano, e o outro, aquele dos reinos subumanos da natureza, os quais - deve ser lembrado- são reflexos dos três superiores.
Deve-se ter em mente que a alma da matéria, a “anima mundi”, é o fator sensível na própria substância. É a capacidade de resposta da matéria através do universo e aquela faculdade inata em todas as formas, desde o átomo do físico, até o sistema solar do astrônomo, que produz a inegável inteligente atividade que todos demonstram. Pode ser chamada de energia atrativa, coesão, sensibilidade, vitalidade, plenitude dos sentidos ou consciência, mas talvez o termo mais esclarecedor seja aquele que a alma é a qualidade que toda forma manifesta. É aquela coisa sutil que distingue um elemento de outro, um mineral de outro. É a intangível natureza essencial da forma que no reino vegetal determina se uma rosa ou uma couve-flor, um olmo ou o agrião brotarão; é um tipo de energia que distingue as várias espécies do reino animal e torna um homem diferente de outro na sua aparência e caráter. O cientista tabulou, analisou e investigou as formas; nomes foram selecionados e dados aos elementos e minerais, às formas da vida vegetal e às espécies de animais; a estrutura das formas e a história de seu progresso evolutivo foram estudadas e se alcançaram deduções e conclusões, mas a solução do problema da vida em si mesmo ainda confunde os mais sábios e até que a compreensão da “teia da vida” ou do corpo vital que jaz sob cada forma e liga cada parte de uma forma a cada outra parte, seja reconhecida e conhecida como um fato na natureza, o problema permanecerá insolúvel.
A definição da alma pode ser considerada como algo mais factível do que a do espírito devido ao fato de que há muitas pessoas que, numa ou noutra oportunidade, experimentaram uma iluminação, uma revelação, uma elevação e uma beatitude que as convenceram de que há um estado de consciência tão afastado daquele normalmente experimentado, capaz de trazê-las a um novo estado de ser e a um novo nível de conscientização. É algo sentido e experimentado e envolve aquela expansão psíquica que o místico registrou através dos tempos.
1 – A alma, macrocósmica e microcósmica, universal e humana, é aquela entidade que é trazida à existência quando o aspecto espírito e o aspecto matéria se relacionam reciprocamente.
a) A alma por isso não é nem espírito nem matéria, mas a relação entre eles.
b) A alma é o mediador entre esta dualidade; é o princípio meio, e elo entre Deus e Sua forma.
c) Por isso, a alma é um outro nome para o princípio Crístico, quer na natureza, quer no homem.
2 – A alma é a força atrativa do universo criado e (quando atuando) mantém unidas as formas de modo que a vida de Deus se possa manifestar ou expressar através delas.
a) Por isso a alma é o construtor da forma e é aquele fator atrativo em toda forma no universo, no planeta, nos reinos da natureza e no homem (que globaliza em si mesmo todos os aspectos) que traz a forma à existência, que capacita a desenvolver e crescer de modo a acomodar mais adequadamente a vida que a habita e que conduz para diante todas as criaturas de Deus no caminho da evolução, reino após reino, em direção a um objetivo final e uma gloriosa consumação.
b) A alma é a própria força de evolução.
3 – Esta alma se manifesta diferentemente nos vários reinos da natureza, mas sua função é sempre a mesma, quer estejamos lidando com um átomo da substância e seu poder de preservar sua identidade e forma, e levar adiante sua atividade segundo suas próprias linhas, quer estejamos lidando com uma forma em um dos três reinos da natureza, mantida unida pela força da coesão, demonstrando características, perseguindo sua própria vida instintiva e trabalhando como um todo em direção a alguma coisa mais elevada e melhor.
a) Por isso a alma é aquilo que dá características distintas e diferentes manifestações à forma.
b) A alma atua sobre a matéria, forçando-a a assumir certas formas, a responder a certas vibrações e a erigir aquelas formas fenomênicas específicas que nós reconhecemos no mundo do plano físico como mineral, vegetal, animal e humana – e para o iniciado certas outras formas, além disso.
4 – As qualidades, vibrações, cores e características, em todos os reinos da natureza, são qualidade da alma, como são os poderes latentes em qualquer forma procurando expressão e demonstrando potencialidade. Na sua totalidade, ao fim do período evolutivo, revelarão qual é a natureza da vida divina e da alma do mundo – aquela super alma que revela o caráter de Deus.
2 – Como uma força de coesão. É aquela qualidade significativa essencial que faz cada homem diferente, que produz aquela complexa manifestação de humores, desejos, qualidades, complexos, inibições, sentimentos e características que produzem uma especial psicologia humana. Este é o resultado da inter-relação entre o espírito, ou aspecto energia, e a matéria, ou natureza corporal. Este é o homem subjetivo distinto, sua coloração, ou nota individual; é isto que estabelece o ritmo da atividade vibratória de seu corpo, produz seu particular tipo de forma, é responsável pela condição e natureza de seus órgãos, suas glândulas e seus aspectos exteriores. Esta é a alma e – no seu aspecto mais baixo – é vista operando através da natureza emocional e, em conexão com o corpo físico, através do coração.
3 – Como a atividade dos átomos e células dos quais o corpo físico é composto. É a totalidade daquelas pequenas vidas das quais os órgãos humanos, compreendendo o homem inteiro, são compostos. Estes têm uma vida própria e uma consciência que é estritamente individual e identificada. Este aspecto do princípio vital trabalha através do corpo vital e, em conexão com o mecanismo sólido da forma tangível, através do baço.
Entretanto, até que venha o tempo no qual a consciência da alma seja tocada e conhecida e o Uno sem forma possa ser percebido através da clara luz da intuição, muito do que foi dito continuará abstruso. Uma das primeiras lições que necessitamos aprender é que nossas mentes, sendo até então incapazes de responder às intuições ocultas, tornam impossível para nós, dizer com segurança que tal condição seja esta, aquela ou outra; que, até que possamos atuar em nossa consciência de alma, não temos condição para afirmar o que é e o que não é; que, até nos termos submetido ao necessário treino, não estaremos em posição de afirmar ou negar coisa alguma. Nossa atitude deveria ser aquela de uma inquirição razoável e nosso interesse, o do filósofo que investiga desejoso de aceitar uma hipótese na base de sua possibilidade, mas não desejoso de aceitar como verdade provada coisa alguma, antes de conhecermos o fato por nós mesmos e em nós mesmos.
Alma, o Princípio Mediador. Há dois ângulos ou pontos de vista pelos quais se deve atingir a natureza da alma: um é o aspecto da alma em relação ao quarto reino da natureza, isto é, o humano, e o outro, aquele dos reinos subumanos da natureza, os quais - deve ser lembrado- são reflexos dos três superiores.
Deve-se ter em mente que a alma da matéria, a “anima mundi”, é o fator sensível na própria substância. É a capacidade de resposta da matéria através do universo e aquela faculdade inata em todas as formas, desde o átomo do físico, até o sistema solar do astrônomo, que produz a inegável inteligente atividade que todos demonstram. Pode ser chamada de energia atrativa, coesão, sensibilidade, vitalidade, plenitude dos sentidos ou consciência, mas talvez o termo mais esclarecedor seja aquele que a alma é a qualidade que toda forma manifesta. É aquela coisa sutil que distingue um elemento de outro, um mineral de outro. É a intangível natureza essencial da forma que no reino vegetal determina se uma rosa ou uma couve-flor, um olmo ou o agrião brotarão; é um tipo de energia que distingue as várias espécies do reino animal e torna um homem diferente de outro na sua aparência e caráter. O cientista tabulou, analisou e investigou as formas; nomes foram selecionados e dados aos elementos e minerais, às formas da vida vegetal e às espécies de animais; a estrutura das formas e a história de seu progresso evolutivo foram estudadas e se alcançaram deduções e conclusões, mas a solução do problema da vida em si mesmo ainda confunde os mais sábios e até que a compreensão da “teia da vida” ou do corpo vital que jaz sob cada forma e liga cada parte de uma forma a cada outra parte, seja reconhecida e conhecida como um fato na natureza, o problema permanecerá insolúvel.
A definição da alma pode ser considerada como algo mais factível do que a do espírito devido ao fato de que há muitas pessoas que, numa ou noutra oportunidade, experimentaram uma iluminação, uma revelação, uma elevação e uma beatitude que as convenceram de que há um estado de consciência tão afastado daquele normalmente experimentado, capaz de trazê-las a um novo estado de ser e a um novo nível de conscientização. É algo sentido e experimentado e envolve aquela expansão psíquica que o místico registrou através dos tempos.
1 – A alma, macrocósmica e microcósmica, universal e humana, é aquela entidade que é trazida à existência quando o aspecto espírito e o aspecto matéria se relacionam reciprocamente.
a) A alma por isso não é nem espírito nem matéria, mas a relação entre eles.
b) A alma é o mediador entre esta dualidade; é o princípio meio, e elo entre Deus e Sua forma.
c) Por isso, a alma é um outro nome para o princípio Crístico, quer na natureza, quer no homem.
2 – A alma é a força atrativa do universo criado e (quando atuando) mantém unidas as formas de modo que a vida de Deus se possa manifestar ou expressar através delas.
a) Por isso a alma é o construtor da forma e é aquele fator atrativo em toda forma no universo, no planeta, nos reinos da natureza e no homem (que globaliza em si mesmo todos os aspectos) que traz a forma à existência, que capacita a desenvolver e crescer de modo a acomodar mais adequadamente a vida que a habita e que conduz para diante todas as criaturas de Deus no caminho da evolução, reino após reino, em direção a um objetivo final e uma gloriosa consumação.
b) A alma é a própria força de evolução.
3 – Esta alma se manifesta diferentemente nos vários reinos da natureza, mas sua função é sempre a mesma, quer estejamos lidando com um átomo da substância e seu poder de preservar sua identidade e forma, e levar adiante sua atividade segundo suas próprias linhas, quer estejamos lidando com uma forma em um dos três reinos da natureza, mantida unida pela força da coesão, demonstrando características, perseguindo sua própria vida instintiva e trabalhando como um todo em direção a alguma coisa mais elevada e melhor.
a) Por isso a alma é aquilo que dá características distintas e diferentes manifestações à forma.
b) A alma atua sobre a matéria, forçando-a a assumir certas formas, a responder a certas vibrações e a erigir aquelas formas fenomênicas específicas que nós reconhecemos no mundo do plano físico como mineral, vegetal, animal e humana – e para o iniciado certas outras formas, além disso.
4 – As qualidades, vibrações, cores e características, em todos os reinos da natureza, são qualidade da alma, como são os poderes latentes em qualquer forma procurando expressão e demonstrando potencialidade. Na sua totalidade, ao fim do período evolutivo, revelarão qual é a natureza da vida divina e da alma do mundo – aquela super alma que revela o caráter de Deus.
a) Por
isso, a alma, através destas qualidades e características, se manifesta
como resposta consciente à matéria, pois as qualidades são trazidas à
existência através da interação dos pares de opostos, espírito e matéria
e seus efeitos recíprocos. Esta é a base da consciência
b) A alma é o fator consciente em todas as formas, a fonte daquela conscientização que todas as formas registram e daquela capacidade de responder às condições grupais ambientes que as formas em todos os reinos da natureza demonstram.
c) Por isso, a alma poderia ser definida como o aspecto significativo em toda forma (feita através desta união do espírito e matéria) que sente, registra a plenitude de consciência, atrai e repele, responde ou nega resposta e mantém todas as formas numa condição constante de atividade vibratória.
d) A alma é a entidade perceptiva produzida através da união do Pai-Espírito e da Mãe-Matéria. É aquilo que no mundo vegetal, por exemplo, produz resposta aos raios do sol e ao desabrochar de um botão; é aquilo que no mundo animal capacita a amar seu dono, caçar sua presa e obedecer à própria vida instintiva; é aquilo, no homem, que o torna consciente de seu meio e de seu grupo, que o capacita a viver sua vida nos três mundos de sua evolução normal como o observador, o percebedor e o ator. É isto que o capacita, finalmente, a descobrir que esta alma é dual e que parte dela corresponde à alma animal e parte dela desconhece sua alma divina. A maioria, contudo, no tempo atual, não será encontrada funcionando plenamente, nem puramente animal, nem puramente divina, mas sim, podendo ser considerada como almas humanas.
5 – A alma do universo é – para melhor clareza – capaz de diferenciação, ou antes (graças às limitações da forma através das quais aquela alma tem de atuar), capaz de reconhecimento em diferentes graus de vibração e estágios de desenvolvimento. A natureza da alma no universo, por isso, manifesta-se em certos grandes estados de percepção com muitas condições intermediárias, das quais as maiores podem ser assim enumeradas:
a) Consciência, ou aquele estado de conscientização na própria matéria, devido ao fato de que a Mãe-Matéria foi fecundada pelo Pai-Espírito e assim a vida e a matéria foram reunidas. Este tipo de consciência diz respeito ao átomo, molécula e célula dos quais todas as formas são construídas. Assim é produzida a forma do sistema solar, de um planeta e de tudo aquilo que é encontrado sobre ou dentro de um planeta.
b) Consciência sensível inteligente, ou seja, a que é evidenciada nos reinos mineral e vegetal. É esta que é responsável pela qualidade, forma e coloração das formas vegetais e minerais e por suas naturezas específicas.
c) Consciência animal, a conscientização da resposta da alma de todas as formas no reino animal, produzindo suas distinções, espécies e natureza.
d) Consciência humana, ou autoconsciência, em direção à qual tem tendido o desenvolvimento da vida, da forma e da consciência nos outros três reinos. Este termo relaciona-se com a consciência individual do homem e nos estágios primitivos é mais animal do que divina, devido à dominância do corpo animal com seus instintos e tendências. O homem é definido com precisão como “um animal mais um Deus”. Mais tarde ela é mais estritamente humana, nem puramente animal nem inteiramente divina, mas flutuando entre os dois estágios, assim tornando o reino humano o grande campo de batalha entre os pares de opostos, entre o estímulo ou impulso do espírito e o engodo da matéria ou mãe-natureza e entre o chamado eu-inferior e o homem espiritual.
e) Consciência do Grupo, que é a consciência das grandes totalidades, alcançada pelo homem através do desenvolvimento, antes de tudo, de sua consciência individual, a totalidade das vidas de suas naturezas animal, emocional e mental, mais a centelha da divindade habitando dentro da forma que elas criam. Então vem a tomada de consciência de seu grupo, como especificada para ele no grupo de discípulos trabalhando sob algum Mestre que representa para ele a Hierarquia.
f) A Hierarquia poderia ser definida como a totalidade daqueles filhos de homens que não estão mais centralizados na autoconsciência individualizada, mas que entraram numa compreensão mais ampla, da vida do grupo planetário, até a completa conscientização do grupo, da vida em Quem todas as formas têm sua existência, a consciência do Logos planetário, aquele “Espírito perante o trono” Que se manifesta através da forma de um planeta, como o homem se manifesta através de sua forma no reino humano.
A alma por isso pode ser considerada como a unificada sensibilidade e a relativa conscientização daquilo que jaz por trás da forma de um planeta e de um sistema solar. Estas últimas são a totalidade de todas as formas orgânicas ou inorgânicas, como o materialista as diferencia. A alma, embora constituindo um grande todo, é, todavia, limitada em sua expressão pela natureza e qualidade da forma na qual se acha e há consequentemente formas que são altamente reativas à alma, da qual também são expressão, e outras que – devido à sua densidade e à qualidade dos átomos dos quais são compostas – são incapazes de reconhecer os aspectos superiores da alma ou de expressar mais do que sua vibração, tom ou cor inferiores. O infinitamente pequeno é reconhecido, o infinitamente vasto é presumido; mas, contudo, ele permanece como um conceito até o momento em que a consciência do homem seja inclusiva, tão bem quanto exclusiva. Este conceito será compreendido quando se estabelecer contato com o segundo aspecto e os homens compreenderem a natureza da alma. Deve-se também lembrar que exatamente assim como a trindade básica de manifestação produziu simbolicamente no homem como a quota de energia dele (energia física), seu sistema nervoso e a massa corporal, também a alma pode ser conhecida como uma trindade, as correspondências superiores das inferiores.
Antes de tudo existe o que se poderia chamar a vontade espiritual – aquela quota da vontade universal que qualquer alma pode expressar e que é adequada ao propósito de capacitar o homem espiritual a cooperar no plano e propósito da grande vida na qual ele tem sua existência. Há também a Segunda qualidade da alma que é o amor espiritual, a qualidade da consciência do grupo, da inclusividade, da mediação, da atração e da unificação. Esta é a característica capital da alma, pois somente a alma a tem como o fator dinâmico. O espírito, ou mônada, é primariamente distinguido pela inteligência, mas a alma tem destacadamente a qualidade de amor que demonstra como sabedoria também, quando a inteligência da natureza do corpo se funde com o amor da alma.
Corpo – a Aparência Fenomênica. Pouca coisa precisa ser escrita sobre isto aqui, pois a natureza do corpo e o aspecto forma têm sido objeto de investigação e assunto para a reflexão e discussão dos pensadores do mundo há séculos. O investigador moderno admite a Lei da Analogia como base de suas premissas e reconhece, às vezes, que a teoria hermética “como acima, assim é embaixo” pode lançar muita luz sobre os problemas atuais. Os postulados que se seguem podem ajudar a esclarecer:
1 – O Homem, em sua natureza corpórea, é uma totalidade, uma unidade.
2 – Esta totalidade é subdividida em muitas partes e organismos.
3 – Contudo, estas muitas subdivisões funcionam de uma maneira unificada e o corpo é um todo correlacionado.
4 – Cada uma de suas partes difere na forma e na função, porém são todas interdependentes.
5 – Cada parte e cada organismo é, por sua vez composto de moléculas, células e átomos, e todos são mantidos unidos na forma de um organismo pela vida da totalidade.
6 – A totalidade chamada homem pode ser aproximadamente dividida em cinco partes, algumas de maior importância do que outras, porém todas completando esse organismo vivo que nós chamamos ser humano:
a) A cabeça.
b) O torso superior, ou a parte que fica acima do diafragma.
c) O torso inferior, ou a parte abaixo do diafragma.
d) Os braços.
e) As pernas.
7 – Esses organismos servem a propósitos diversos, e sobre o seu devido funcionamento e ajustamento apropriado depende o conforto do todo.
8 – Cada um destes tem sua própria vida, que é a totalidade da vida de sua estrutura atômica, e é também animado pela vida unificada do todo, dirigida a partir da cabeça pela vontade inteligente ou energia do homem espiritual.
9 – A parte importante do corpo é a tríplice divisão de cabeça, torso superior e torso inferior. O homem pode funcionar e viver sem braços e pernas.
10 – Cada uma destas três partes é, por sua vez, tríplice do ponto de vista físico, constituindo a analogia das três partes da natureza do homem e das nove da vida monádica perfeita. Há outros órgãos, porém os enumerados são aqueles de maior significado esotérico do que os demais.
a) No interior da cabeça encontram-se:
1 – Os cinco ventrículos do cérebro, ou o que podemos chamar de cérebro como um organismo unificado.
2 – O seio carotídeo e as glândulas pineal e hipófise.
3 – Os dois olhos.
b) No interior da parte superior do torso estão:
1 – A garganta.
2 – Os pulmões.
3 – O coração
c) Na parte inferior do torso estão:
1 – O baço.
2 – O estômago.
3 – Os órgãos sexuais.
11 – A totalidade do corpo é também tríplice:
a) A pele e a estrutura óssea.
b) O sistema vascular ou sanguíneo.
c) O tríplice sistema nervoso.
12 – Cada uma destas triplicidades correspondem às três partes da natureza do homem:
a) Natureza física: a pele e a estrutura óssea são a analogia dos corpos denso e etérico do homem.
b) Natureza da alma: Os vasos sanguíneos e o sistema circulatório são a analogia dessa alma todo-penetrante que permeia todas as partes do sistema solar, assim como o sangue percorre todas as partes do corpo.
c) Natureza do espírito: O sistema nervoso, que energiza e atua no homem físico, é a correspondência da energia do espírito.
13 – Na cabeça temos a analogia do aspecto espírito, a vontade dirigente, a mônada, o Uno.
a) O cérebro com seus cinco ventrículos é a analogia da forma física que o espírito anima em relação ao homem, quíntupla totalidade que é o meio pelo qual o espírito, no plano físico, tem para expressar-se.
b) As três glândulas na cabeça estão estritamente relacionadas com a alma ou natureza psíquica – superior e inferior.
c) Os dois olhos são a correspondência, no plano físico, da mônada, que é vontade e amor-sabedoria, ou atma-budi, segundo a terminologia ocultista.
14 – Na parte superior do corpo, temos a analogia da tríplice natureza da alma.
a) A garganta, correspondendo ao terceiro aspecto criativo ou natureza corporal, a inteligência ativa da alma.
b) O coração, o amor-sabedoria da alma, o princípio búdico ou crístico.
c) Os pulmões, a analogia do sopro da vida, são a correspondência do espírito.
15 – Na parte inferior do torso, temos novamente este tríplice sistema:
a) Os órgãos sexuais, o aspecto criativo, o modelador do corpo.
b) O estômago, como manifestação física do plexo solar, é a analogia da natureza da alma.
c) O baço, o receptor da energia e, portanto, a expressão no plano físico do centro que recebe esta energia, é a analogia do espírito energizante.
O corpo vital é a expressão da energia da alma e tem a seguinte função:
1 – Ele unifica e liga num todo a soma de todas as formas.
2 – Ele dá a cada forma sua particular qualidade e isto se deve:
a) Ao tipo de matéria atraído para aquela particular parte da trama da vida.
b) À posição no corpo do Logos planetário, por exemplo, de qualquer forma específica.
c) Ao particular reino da natureza que está sendo vitalizado.
3 – É o princípio da integração e a força de coesão da manifestação, no sentido estritamente físico.
4 – Esta trama é a analogia subjetiva com o sistema nervoso, e os iniciantes na ciência esotérica podem, se se recordarem disso, representar para si mesmos uma rede de nervos e plexos distribuídos pelo corpo todo, ou a totalidade de todas as formas, coordenando e ligando e produzindo uma unidade essencial.
5 – Dentro dessa unidade está a diversidade. Assim como os vários órgãos do corpo humano estão inter-relacionados pela ramificação do sistema nervoso, também dentro do corpo do Logos planetário estão os vários reinos da natureza e a multiplicidade de formas. Por trás do universo objetivo está o corpo sensível mais sutil – um organismo, não muitos, uma forma sensível, conectada e capaz de reagir aos estímulos.
6 – Essa forma sensível não é somente a que responde ao meio ambiente, mas, é o transmissor – de fontes internas – de certos tipos de energia e o objetivo deste estudo pode ser aqui fixado como o de considerar os vários tipos de energia transmitida à forma no reino humano, a capacidade da forma em responder aos tipos de força, os efeitos dessa força sobre o homem e sua gradual capacidade de resposta à força emanando:
a) Do seu meio ambiente, mais o seu próprio corpo físico externo.
b) Do plano emocional, ou força astral.
c) Do plano mental, ou correntes de pensamento.
d) Da força egoica, uma força somente registrada pelo homem e da qual o quarto reino da natureza é o guardião e tem efeitos misteriosos e peculiares.
e) Do tipo de energia que produz a concreção das ideias no plano físico.
f) Da energia estritamente espiritual, ou força do plano da mônada.
Os diferentes tipos de força podem todos ser registrados no reino humano. Alguns deles podem ser registrados nos reinos subumanos e o aparelho do corpo vital no homem é de tal modo constituído que através de suas três manifestações objetivas, o sistema nervoso tríplice, através dos sete plexos maiores, dos gânglios nervosos menores e dos muitos milhares de nervos, o homem objetivo inteiro pode responder a:
a) Os acima mencionados tipos de força.
b) Energias geradas e emanando de qualquer parte da trama da vida etérica planetária.
c) A trama da vida solar.
d) As constelações do Zodíaco que parecem ter um real efeito sobre nosso planeta e das quais a astrologia é ainda um estudo imaturo.
e) Certas forças cósmicas que, será reconhecido mais tarde, atuam e produzem modificações em nosso sistema solar e consequentemente sobre nosso planeta e em todas as formas sobre e dentro dessa vida planetária.
A tudo isso a trama da vida planetária responde e, quando os astrólogos trabalharem de modo ocultista e considerarem o horóscopo planetário chegarão mais rapidamente à compreensão das influências cósmicas e zodiacais.
A “anima mundi” é aquilo que está por trás da trama da vida. Esta última é apenas o símbolo físico dessa alma universal; é o sinal visível e externo da realidade interior, a concreção da entidade sensível que reage e que liga o espírito à matéria. Esta entidade nós chamamos de alma universal, o princípio médio do ponto de vista da vida planetária. Quando nós estreitamos o conceito até a família humana e consideramos o homem individualmente, nós o chamamos de princípio mediador, pois a alma da humanidade não é somente uma entidade unindo o espírito e a matéria, e mediando entre a mônada e a personalidade, mas a alma da humanidade tem uma função ímpar de exercer a mediação entre os três reinos superiores da natureza e os três inferiores. Os três superiores são:
1 – A Hierarquia Espiritual de nosso planeta, espíritos da natureza ou anjos e espíritos humanos, que ficam num ponto especial na escada da evolução. Destes, Sanat Kumara, encarnando um princípio do Logos planetário, é o mais elevado, e um iniciado do primeiro grau é o mais baixo, com correspondentes entidades no que nós chamamos de reino dos anjos, ou devas.
2 – A Hierarquia dos Raios – certos grupamentos dos sete raios em relação com nosso planeta.
3 – Uma Hierarquia de Vidas, reunidas por um processo evolutivo fora de nossa evolução planetária e de quatro outros planetas, as quais incorporam em si mesmas o propósito e plano do Logos em relação com os cinco planetas envolvidos.
Ao estreitar o conceito, descendo até o microcosmo, o ego ou alma age verdadeiramente como o princípio médio conectando a Hierarquia das Mônadas com formas diversificadas que elas usam sequencialmente no processo de :
a) Ganhar certas experiências, resultando em atributos adquiridos.
b) Produzir certos efeitos, iniciados num sistema anterior.
c) Cooperar no plano do Logos Solar em relação com o Seu (se se pode usar um pronome falando de uma vida que é uma existência e, no entanto, é um conceito estendido) Carma – um ponto muitas vezes desprezado. Esse Seu Carma precisa ser esgotado através do método de encarnação e o subsequente resultado da energia encarnada sobre a substância da forma. Isto é simbolizado para nós, se ao menos pudéssemos alcançá-lo, na relação do sol com a lua. “O Senhor Solar com seu calor e luz galvaniza os moribundos Senhores Lunares para uma vida espúria. Esta é a grande ilusão; e a Maya de Sua Presença” – assim diz o Antigo Comentário frequentemente citado. Da mesma forma, o conceito acima tem nele verdades para a alma individual.
Este princípio mediador está agora em processo de revelação. O aspecto inferior está funcionando. O superior permanece desconhecido, mas aquilo que os liga (e ao mesmo tempo revela a natureza do superior) está na iminência de ser descoberto. A estrutura, o mecanismo, está agora pronta e desenvolvida para ser utilizada; a vida vital que pode guiar e motivar a máquina está igualmente presente e o homem agora pode inteligentemente usar e controlar, não somente a máquina, mas o princípio ativo.
O grande símbolo da alma no homem é o seu corpo vital ou etérico e pelas seguintes razões:
1 – Ele é a correspondência física com a luz interior do corpo a que chamamos o corpo da alma, o corpo espiritual. É chamado a “taça de ouro” na Bíblia e se distingue por:
a) Sua qualidade luminosa.
b) Seu ritmo de vibração, que sincroniza sempre com o desenvolvimento da alma.
c) Sua força de coesão ligando e conectando cada parte da estrutura corporal.
2 – É a “trama da vida” microscópica, pois ela se acha sob toda parte da estrutura física e tem três propósitos:
a) Transportar através do corpo o princípio vital, a energia que produz a atividade. Isso ela faz através do sangue e o ponto focal para esta distribuição é o coração. Ele é o condutor da vitalidade física.
b) Capacitar a alma, ser humano ou homem espiritual, a ficar em relação com seu ambiente. Isto é desenvolvido através de todo o sistema nervoso e o ponto focal dessa atividade é o cérebro. Este é a sede da receptividade consciente.
c) Produzir, finalmente, através da vida e da consciência, uma atividade radiante, ou manifestação de glória, que tornará cada ser humano um centro de atividade para distribuição de luz e energia atrativa para outros no reino humano e, através do reino humano, para os reinos subumanos. Esta é uma parte do plano do Logos planetário para a vitalização e renovação da vibração dessas formas que nós designamos subumanos.
3 – Este símbolo microcósmico da alma não somente serve de apoio para a estrutura física inteira e assim é um símbolo da “anima mundi”, ou a alma do mundo, mas é indivisível, coerente e uma entidade unificada, desta maneira simbolizando a unidade e homogeneidade de Deus. Não há organismos separados nele, mas é simplesmente um corpo de força fluindo livremente, essa força sendo uma mistura ou unificação de dois tipos de energia em quantidades variáveis, energia dinâmica e energia magnética ou atrativa. Esses dois tipos caracterizam igualmente a alma universal – a força da vontade e a do amor, ou de atma e budi, e é o jogo destas duas forças sobre a matéria que atrai para o corpo etérico de todas as formas os átomos físicos necessários e que – tendo-os assim atraído – pela força da vontade os dirige para atividades definidas.
4 – Este corpo coerente e unificado de luz e energia é o símbolo da alma, tendo dentro de si sete pontos focais, onde a condensação, se é preciso chamá-la assim, das duas energias que se fundiram, se intensifica. Esses correspondem aos sete pontos focais no sistema solar, por onde o Logos Solar, através dos sete Logos Planetários, focaliza Suas energias. O ponto a ser notado aqui é simplesmente a natureza simbólica do corpo etérico ou vital, pois é compreendendo-se a natureza das energias manifestadas e a natureza unificada da forma e do trabalho, que se pode alcançar alguma ideia relativa ao trabalho da alma, o princípio mediador da natureza.
5 – O simbolismo também pode ser desenvolvido quando alguém se lembra que o corpo etérico liga o corpo denso, puramente físico, com o corpo astral ou emocional, puramente sutil. Nisto se vê o reflexo da alma no homem, a qual liga os três mundos – correspondendo aos aspectos sólido, líquido e gasoso do corpo humano estritamente físico – aos planos superiores no sistema solar, ligando assim o mental ao búdico e a mente aos estados intuicionais da consciência.
A Mente Universal pode ser melhor entendida na medida em que ela se expressa através do que nós chamamos a mente concreta, a mente abstrata e a intuição ou razão pura.
A mente concreta é a faculdade da construção da forma. Os pensamentos são coisas.
A mente abstrata é a faculdade de modelar padrões, ou a mente que trabalha com os anteprojetos sobre os quais as formas são modeladas.
A intuição ou razão pura é a faculdade que capacita o homem a entrar em contato com a Mente Universal e alcançar o plano sinteticamente, lançar-se sobre as Ideias divinas ou isolar alguma verdade fundamental e pura.
O objetivo de todo trabalho de um aspirante é compreender aqueles aspectos da mente com os quais ele tem que aprender a trabalhar. Seu trabalho, portanto, poderia assim ser resumido:
1 – Ele tem que aprender a pensar, a descobrir que ele tem um aparelho chamado mente e a desvelar suas faculdades e poderes.
2 – Em seguida, ele tem de aprender a recuar em seus processos de pensamento e das propensões a construir formas e descobrir as idéias que se situam sob o pensamento-forma divino, o processo mundial, e assim aprender a trabalhar em colaboração com o plano e subordinar a construção do seu próprio pensamento-forma a essas idéias. Ele tem de aprender a penetrar no mundo dessas idéias divinas e a estudar o “modelo das coisas nos céus” tal como é chamado na Bíblia. Ele precisa começar a trabalhar com os anteprojetos sobre os quais tudo o que existe é moldado e modelado. Ele se torna então um estudante-simbolista, e de um idólatra ele passa a ser um idealista divino.
3 – Daquele idealismo desenvolvido ele deve progredir ainda mais profundamente, até entrar no reino da intuição pura. Ele poderá então tocar a verdade em sua fonte. Ele entra na Mente do Próprio Deus. Ele intui tão bem quanto idealiza e é sensível aos pensamentos divinos. Eles fertilizam sua mente. Mais tarde, ao elaborar tais intuições, ele as chamará de idéias ou ideais e baseará nelas todo seu trabalho e conduta nas atividades.
4 – Depois segue-se o trabalho de construção consciente do pensamento-forma, baseado nestas idéias divinas, emanando como intuições da Mente Universal.
Personalidade – Todas as formas, em si mesmas, não são expressões de uma personalidade. Para assegurar isto, três tipos de energia precisam estar presentes – três tipos, fundidos, misturados e coordenados num organismo funcionante. Uma personalidade é, portanto, uma fusão da energia mental, da energia emocional e da força vital, e estas três estão mascaradas, ocultas ou reveladas por uma concha externa ou forma de matéria física densa. Esta crosta externa é em si mesma uma forma de energia negativa. O resultado desta união de três energias em uma forma objetiva é a consciência-própria. Sua função produz aquele sentido de individualidade que justifica o uso da palavra “eu” e que relaciona todas as ocorrências a um ego. Onde esta entidade central consciente existe, utilizando a mente, reagindo sensorialmente através do corpo emocional e energizando o físico denso (via o corpo vital) então existe uma personalidade. É a existência autoconsciente na forma. É a consciência da identidade em relação às outras identidades e isto é igualmente verdadeiro de Deus ou do homem. É um senso de identidade, todavia, que persiste somente durante o processo criador e por tanto tempo quanto o aspecto matéria e o aspecto consciência apresentem a eterna dualidade da natureza. Em nosso desenvolvimento evolutivo ela não é conscientizada nas formas subumanas; ela é conscientizada no reino humano e é conscientizada mas fundida e negada pelas formas e consciências maiores a que nós chamamos de super-humanas.
Antakarana. Sutratma. O antakarana é a ponte que o homem constrói – através da meditação, da compreensão e do mágico trabalho criativo da alma – entre os três aspectos da natureza de sua mente. Por esta razão, os objetivos primordiais da educação vindoura serão:
1 – Produzir o alinhamento entre mente e cérebro através da correta compreensão da constituição interna do homem, particularmente do corpo etérico e dos centros de força.
2 – Edificar, ou construir, uma ponte entre cérebro-mente-alma, produzindo assim uma personalidade integrada, que seja uma firme expressão do desenvolvimento da alma, moradora interna.
3 – Construir a ponte entre a mente inferior, a alma, a mente superior, para que a iluminação da personalidade se torne possível.
Devemos nos treinar para distinguir entre o sutratma e o antakarana, entre o fio da vida e o fio da consciência. Um é a base da imortalidade e o outro é a base da continuidade. Um fio (o sutratma) conecta e vivifica todas as formas num todo funcionante e personifica em si mesmo a vontade e o propósito da entidade manifestante, seja ela homem, Deus ou um cristal. O outro fio (o antakarana) personifica a resposta da consciência, dentro da forma a uma firme expansão gradativa de contatos no interior do todo envolvente.
O sutratma é a corrente direta de vida, intacta e imutável, que pode ser considerada, simbolicamente, como uma corrente direta de energia vivente fluindo do centro para a periferia, e da origem para a expressão externa ou aparência fenomênica. É a vida. Gera o processo individual e o desenvolvimento evolutivo de todas as formas. É, portanto, o caminho da vida, que vem da mônada à personalidade, através da alma. Este é o fio da alma e é uno e indivisível. Ele transporta a energia da vida e encontra seu ancoradouro final no centro do coração do homem e em algum ponto focal central em todas as formas da expressão divina. Nada é e nada permanece senão a vida.
O fio da consciência (antakarana) é o resultado da união da vida e da substância ou das energias básicas que constituem a primeira diferenciação em tempo e espaço; isso ocasiona algo diferente, que somente emerge como uma terceira manifestação divina, depois que a união das dualidades básicas tenha tido lugar. É o fio que é tecido como um resultado do aparecimento da vida na forma sobre o plano físico. Falando simbolicamente, poderia ser dito que o sutratma trabalha de cima para baixo e é a precipitação da vida na manifestação exterior. O antakarana é tecido, evolui e é criado como resultado desta criação primária e trabalha de baixo para cima, de fora para dentro, do mundo do fenômeno exotérico para o mundo do significado e das realidades subjetivas.
b) A alma é o fator consciente em todas as formas, a fonte daquela conscientização que todas as formas registram e daquela capacidade de responder às condições grupais ambientes que as formas em todos os reinos da natureza demonstram.
c) Por isso, a alma poderia ser definida como o aspecto significativo em toda forma (feita através desta união do espírito e matéria) que sente, registra a plenitude de consciência, atrai e repele, responde ou nega resposta e mantém todas as formas numa condição constante de atividade vibratória.
d) A alma é a entidade perceptiva produzida através da união do Pai-Espírito e da Mãe-Matéria. É aquilo que no mundo vegetal, por exemplo, produz resposta aos raios do sol e ao desabrochar de um botão; é aquilo que no mundo animal capacita a amar seu dono, caçar sua presa e obedecer à própria vida instintiva; é aquilo, no homem, que o torna consciente de seu meio e de seu grupo, que o capacita a viver sua vida nos três mundos de sua evolução normal como o observador, o percebedor e o ator. É isto que o capacita, finalmente, a descobrir que esta alma é dual e que parte dela corresponde à alma animal e parte dela desconhece sua alma divina. A maioria, contudo, no tempo atual, não será encontrada funcionando plenamente, nem puramente animal, nem puramente divina, mas sim, podendo ser considerada como almas humanas.
5 – A alma do universo é – para melhor clareza – capaz de diferenciação, ou antes (graças às limitações da forma através das quais aquela alma tem de atuar), capaz de reconhecimento em diferentes graus de vibração e estágios de desenvolvimento. A natureza da alma no universo, por isso, manifesta-se em certos grandes estados de percepção com muitas condições intermediárias, das quais as maiores podem ser assim enumeradas:
a) Consciência, ou aquele estado de conscientização na própria matéria, devido ao fato de que a Mãe-Matéria foi fecundada pelo Pai-Espírito e assim a vida e a matéria foram reunidas. Este tipo de consciência diz respeito ao átomo, molécula e célula dos quais todas as formas são construídas. Assim é produzida a forma do sistema solar, de um planeta e de tudo aquilo que é encontrado sobre ou dentro de um planeta.
b) Consciência sensível inteligente, ou seja, a que é evidenciada nos reinos mineral e vegetal. É esta que é responsável pela qualidade, forma e coloração das formas vegetais e minerais e por suas naturezas específicas.
c) Consciência animal, a conscientização da resposta da alma de todas as formas no reino animal, produzindo suas distinções, espécies e natureza.
d) Consciência humana, ou autoconsciência, em direção à qual tem tendido o desenvolvimento da vida, da forma e da consciência nos outros três reinos. Este termo relaciona-se com a consciência individual do homem e nos estágios primitivos é mais animal do que divina, devido à dominância do corpo animal com seus instintos e tendências. O homem é definido com precisão como “um animal mais um Deus”. Mais tarde ela é mais estritamente humana, nem puramente animal nem inteiramente divina, mas flutuando entre os dois estágios, assim tornando o reino humano o grande campo de batalha entre os pares de opostos, entre o estímulo ou impulso do espírito e o engodo da matéria ou mãe-natureza e entre o chamado eu-inferior e o homem espiritual.
e) Consciência do Grupo, que é a consciência das grandes totalidades, alcançada pelo homem através do desenvolvimento, antes de tudo, de sua consciência individual, a totalidade das vidas de suas naturezas animal, emocional e mental, mais a centelha da divindade habitando dentro da forma que elas criam. Então vem a tomada de consciência de seu grupo, como especificada para ele no grupo de discípulos trabalhando sob algum Mestre que representa para ele a Hierarquia.
f) A Hierarquia poderia ser definida como a totalidade daqueles filhos de homens que não estão mais centralizados na autoconsciência individualizada, mas que entraram numa compreensão mais ampla, da vida do grupo planetário, até a completa conscientização do grupo, da vida em Quem todas as formas têm sua existência, a consciência do Logos planetário, aquele “Espírito perante o trono” Que se manifesta através da forma de um planeta, como o homem se manifesta através de sua forma no reino humano.
A alma por isso pode ser considerada como a unificada sensibilidade e a relativa conscientização daquilo que jaz por trás da forma de um planeta e de um sistema solar. Estas últimas são a totalidade de todas as formas orgânicas ou inorgânicas, como o materialista as diferencia. A alma, embora constituindo um grande todo, é, todavia, limitada em sua expressão pela natureza e qualidade da forma na qual se acha e há consequentemente formas que são altamente reativas à alma, da qual também são expressão, e outras que – devido à sua densidade e à qualidade dos átomos dos quais são compostas – são incapazes de reconhecer os aspectos superiores da alma ou de expressar mais do que sua vibração, tom ou cor inferiores. O infinitamente pequeno é reconhecido, o infinitamente vasto é presumido; mas, contudo, ele permanece como um conceito até o momento em que a consciência do homem seja inclusiva, tão bem quanto exclusiva. Este conceito será compreendido quando se estabelecer contato com o segundo aspecto e os homens compreenderem a natureza da alma. Deve-se também lembrar que exatamente assim como a trindade básica de manifestação produziu simbolicamente no homem como a quota de energia dele (energia física), seu sistema nervoso e a massa corporal, também a alma pode ser conhecida como uma trindade, as correspondências superiores das inferiores.
Antes de tudo existe o que se poderia chamar a vontade espiritual – aquela quota da vontade universal que qualquer alma pode expressar e que é adequada ao propósito de capacitar o homem espiritual a cooperar no plano e propósito da grande vida na qual ele tem sua existência. Há também a Segunda qualidade da alma que é o amor espiritual, a qualidade da consciência do grupo, da inclusividade, da mediação, da atração e da unificação. Esta é a característica capital da alma, pois somente a alma a tem como o fator dinâmico. O espírito, ou mônada, é primariamente distinguido pela inteligência, mas a alma tem destacadamente a qualidade de amor que demonstra como sabedoria também, quando a inteligência da natureza do corpo se funde com o amor da alma.
Corpo – a Aparência Fenomênica. Pouca coisa precisa ser escrita sobre isto aqui, pois a natureza do corpo e o aspecto forma têm sido objeto de investigação e assunto para a reflexão e discussão dos pensadores do mundo há séculos. O investigador moderno admite a Lei da Analogia como base de suas premissas e reconhece, às vezes, que a teoria hermética “como acima, assim é embaixo” pode lançar muita luz sobre os problemas atuais. Os postulados que se seguem podem ajudar a esclarecer:
1 – O Homem, em sua natureza corpórea, é uma totalidade, uma unidade.
2 – Esta totalidade é subdividida em muitas partes e organismos.
3 – Contudo, estas muitas subdivisões funcionam de uma maneira unificada e o corpo é um todo correlacionado.
4 – Cada uma de suas partes difere na forma e na função, porém são todas interdependentes.
5 – Cada parte e cada organismo é, por sua vez composto de moléculas, células e átomos, e todos são mantidos unidos na forma de um organismo pela vida da totalidade.
6 – A totalidade chamada homem pode ser aproximadamente dividida em cinco partes, algumas de maior importância do que outras, porém todas completando esse organismo vivo que nós chamamos ser humano:
a) A cabeça.
b) O torso superior, ou a parte que fica acima do diafragma.
c) O torso inferior, ou a parte abaixo do diafragma.
d) Os braços.
e) As pernas.
7 – Esses organismos servem a propósitos diversos, e sobre o seu devido funcionamento e ajustamento apropriado depende o conforto do todo.
8 – Cada um destes tem sua própria vida, que é a totalidade da vida de sua estrutura atômica, e é também animado pela vida unificada do todo, dirigida a partir da cabeça pela vontade inteligente ou energia do homem espiritual.
9 – A parte importante do corpo é a tríplice divisão de cabeça, torso superior e torso inferior. O homem pode funcionar e viver sem braços e pernas.
10 – Cada uma destas três partes é, por sua vez, tríplice do ponto de vista físico, constituindo a analogia das três partes da natureza do homem e das nove da vida monádica perfeita. Há outros órgãos, porém os enumerados são aqueles de maior significado esotérico do que os demais.
a) No interior da cabeça encontram-se:
1 – Os cinco ventrículos do cérebro, ou o que podemos chamar de cérebro como um organismo unificado.
2 – O seio carotídeo e as glândulas pineal e hipófise.
3 – Os dois olhos.
b) No interior da parte superior do torso estão:
1 – A garganta.
2 – Os pulmões.
3 – O coração
c) Na parte inferior do torso estão:
1 – O baço.
2 – O estômago.
3 – Os órgãos sexuais.
11 – A totalidade do corpo é também tríplice:
a) A pele e a estrutura óssea.
b) O sistema vascular ou sanguíneo.
c) O tríplice sistema nervoso.
12 – Cada uma destas triplicidades correspondem às três partes da natureza do homem:
a) Natureza física: a pele e a estrutura óssea são a analogia dos corpos denso e etérico do homem.
b) Natureza da alma: Os vasos sanguíneos e o sistema circulatório são a analogia dessa alma todo-penetrante que permeia todas as partes do sistema solar, assim como o sangue percorre todas as partes do corpo.
c) Natureza do espírito: O sistema nervoso, que energiza e atua no homem físico, é a correspondência da energia do espírito.
13 – Na cabeça temos a analogia do aspecto espírito, a vontade dirigente, a mônada, o Uno.
a) O cérebro com seus cinco ventrículos é a analogia da forma física que o espírito anima em relação ao homem, quíntupla totalidade que é o meio pelo qual o espírito, no plano físico, tem para expressar-se.
b) As três glândulas na cabeça estão estritamente relacionadas com a alma ou natureza psíquica – superior e inferior.
c) Os dois olhos são a correspondência, no plano físico, da mônada, que é vontade e amor-sabedoria, ou atma-budi, segundo a terminologia ocultista.
14 – Na parte superior do corpo, temos a analogia da tríplice natureza da alma.
a) A garganta, correspondendo ao terceiro aspecto criativo ou natureza corporal, a inteligência ativa da alma.
b) O coração, o amor-sabedoria da alma, o princípio búdico ou crístico.
c) Os pulmões, a analogia do sopro da vida, são a correspondência do espírito.
15 – Na parte inferior do torso, temos novamente este tríplice sistema:
a) Os órgãos sexuais, o aspecto criativo, o modelador do corpo.
b) O estômago, como manifestação física do plexo solar, é a analogia da natureza da alma.
c) O baço, o receptor da energia e, portanto, a expressão no plano físico do centro que recebe esta energia, é a analogia do espírito energizante.
O corpo vital é a expressão da energia da alma e tem a seguinte função:
1 – Ele unifica e liga num todo a soma de todas as formas.
2 – Ele dá a cada forma sua particular qualidade e isto se deve:
a) Ao tipo de matéria atraído para aquela particular parte da trama da vida.
b) À posição no corpo do Logos planetário, por exemplo, de qualquer forma específica.
c) Ao particular reino da natureza que está sendo vitalizado.
3 – É o princípio da integração e a força de coesão da manifestação, no sentido estritamente físico.
4 – Esta trama é a analogia subjetiva com o sistema nervoso, e os iniciantes na ciência esotérica podem, se se recordarem disso, representar para si mesmos uma rede de nervos e plexos distribuídos pelo corpo todo, ou a totalidade de todas as formas, coordenando e ligando e produzindo uma unidade essencial.
5 – Dentro dessa unidade está a diversidade. Assim como os vários órgãos do corpo humano estão inter-relacionados pela ramificação do sistema nervoso, também dentro do corpo do Logos planetário estão os vários reinos da natureza e a multiplicidade de formas. Por trás do universo objetivo está o corpo sensível mais sutil – um organismo, não muitos, uma forma sensível, conectada e capaz de reagir aos estímulos.
6 – Essa forma sensível não é somente a que responde ao meio ambiente, mas, é o transmissor – de fontes internas – de certos tipos de energia e o objetivo deste estudo pode ser aqui fixado como o de considerar os vários tipos de energia transmitida à forma no reino humano, a capacidade da forma em responder aos tipos de força, os efeitos dessa força sobre o homem e sua gradual capacidade de resposta à força emanando:
a) Do seu meio ambiente, mais o seu próprio corpo físico externo.
b) Do plano emocional, ou força astral.
c) Do plano mental, ou correntes de pensamento.
d) Da força egoica, uma força somente registrada pelo homem e da qual o quarto reino da natureza é o guardião e tem efeitos misteriosos e peculiares.
e) Do tipo de energia que produz a concreção das ideias no plano físico.
f) Da energia estritamente espiritual, ou força do plano da mônada.
Os diferentes tipos de força podem todos ser registrados no reino humano. Alguns deles podem ser registrados nos reinos subumanos e o aparelho do corpo vital no homem é de tal modo constituído que através de suas três manifestações objetivas, o sistema nervoso tríplice, através dos sete plexos maiores, dos gânglios nervosos menores e dos muitos milhares de nervos, o homem objetivo inteiro pode responder a:
a) Os acima mencionados tipos de força.
b) Energias geradas e emanando de qualquer parte da trama da vida etérica planetária.
c) A trama da vida solar.
d) As constelações do Zodíaco que parecem ter um real efeito sobre nosso planeta e das quais a astrologia é ainda um estudo imaturo.
e) Certas forças cósmicas que, será reconhecido mais tarde, atuam e produzem modificações em nosso sistema solar e consequentemente sobre nosso planeta e em todas as formas sobre e dentro dessa vida planetária.
A tudo isso a trama da vida planetária responde e, quando os astrólogos trabalharem de modo ocultista e considerarem o horóscopo planetário chegarão mais rapidamente à compreensão das influências cósmicas e zodiacais.
A “anima mundi” é aquilo que está por trás da trama da vida. Esta última é apenas o símbolo físico dessa alma universal; é o sinal visível e externo da realidade interior, a concreção da entidade sensível que reage e que liga o espírito à matéria. Esta entidade nós chamamos de alma universal, o princípio médio do ponto de vista da vida planetária. Quando nós estreitamos o conceito até a família humana e consideramos o homem individualmente, nós o chamamos de princípio mediador, pois a alma da humanidade não é somente uma entidade unindo o espírito e a matéria, e mediando entre a mônada e a personalidade, mas a alma da humanidade tem uma função ímpar de exercer a mediação entre os três reinos superiores da natureza e os três inferiores. Os três superiores são:
1 – A Hierarquia Espiritual de nosso planeta, espíritos da natureza ou anjos e espíritos humanos, que ficam num ponto especial na escada da evolução. Destes, Sanat Kumara, encarnando um princípio do Logos planetário, é o mais elevado, e um iniciado do primeiro grau é o mais baixo, com correspondentes entidades no que nós chamamos de reino dos anjos, ou devas.
2 – A Hierarquia dos Raios – certos grupamentos dos sete raios em relação com nosso planeta.
3 – Uma Hierarquia de Vidas, reunidas por um processo evolutivo fora de nossa evolução planetária e de quatro outros planetas, as quais incorporam em si mesmas o propósito e plano do Logos em relação com os cinco planetas envolvidos.
Ao estreitar o conceito, descendo até o microcosmo, o ego ou alma age verdadeiramente como o princípio médio conectando a Hierarquia das Mônadas com formas diversificadas que elas usam sequencialmente no processo de :
a) Ganhar certas experiências, resultando em atributos adquiridos.
b) Produzir certos efeitos, iniciados num sistema anterior.
c) Cooperar no plano do Logos Solar em relação com o Seu (se se pode usar um pronome falando de uma vida que é uma existência e, no entanto, é um conceito estendido) Carma – um ponto muitas vezes desprezado. Esse Seu Carma precisa ser esgotado através do método de encarnação e o subsequente resultado da energia encarnada sobre a substância da forma. Isto é simbolizado para nós, se ao menos pudéssemos alcançá-lo, na relação do sol com a lua. “O Senhor Solar com seu calor e luz galvaniza os moribundos Senhores Lunares para uma vida espúria. Esta é a grande ilusão; e a Maya de Sua Presença” – assim diz o Antigo Comentário frequentemente citado. Da mesma forma, o conceito acima tem nele verdades para a alma individual.
Este princípio mediador está agora em processo de revelação. O aspecto inferior está funcionando. O superior permanece desconhecido, mas aquilo que os liga (e ao mesmo tempo revela a natureza do superior) está na iminência de ser descoberto. A estrutura, o mecanismo, está agora pronta e desenvolvida para ser utilizada; a vida vital que pode guiar e motivar a máquina está igualmente presente e o homem agora pode inteligentemente usar e controlar, não somente a máquina, mas o princípio ativo.
O grande símbolo da alma no homem é o seu corpo vital ou etérico e pelas seguintes razões:
1 – Ele é a correspondência física com a luz interior do corpo a que chamamos o corpo da alma, o corpo espiritual. É chamado a “taça de ouro” na Bíblia e se distingue por:
a) Sua qualidade luminosa.
b) Seu ritmo de vibração, que sincroniza sempre com o desenvolvimento da alma.
c) Sua força de coesão ligando e conectando cada parte da estrutura corporal.
2 – É a “trama da vida” microscópica, pois ela se acha sob toda parte da estrutura física e tem três propósitos:
a) Transportar através do corpo o princípio vital, a energia que produz a atividade. Isso ela faz através do sangue e o ponto focal para esta distribuição é o coração. Ele é o condutor da vitalidade física.
b) Capacitar a alma, ser humano ou homem espiritual, a ficar em relação com seu ambiente. Isto é desenvolvido através de todo o sistema nervoso e o ponto focal dessa atividade é o cérebro. Este é a sede da receptividade consciente.
c) Produzir, finalmente, através da vida e da consciência, uma atividade radiante, ou manifestação de glória, que tornará cada ser humano um centro de atividade para distribuição de luz e energia atrativa para outros no reino humano e, através do reino humano, para os reinos subumanos. Esta é uma parte do plano do Logos planetário para a vitalização e renovação da vibração dessas formas que nós designamos subumanos.
3 – Este símbolo microcósmico da alma não somente serve de apoio para a estrutura física inteira e assim é um símbolo da “anima mundi”, ou a alma do mundo, mas é indivisível, coerente e uma entidade unificada, desta maneira simbolizando a unidade e homogeneidade de Deus. Não há organismos separados nele, mas é simplesmente um corpo de força fluindo livremente, essa força sendo uma mistura ou unificação de dois tipos de energia em quantidades variáveis, energia dinâmica e energia magnética ou atrativa. Esses dois tipos caracterizam igualmente a alma universal – a força da vontade e a do amor, ou de atma e budi, e é o jogo destas duas forças sobre a matéria que atrai para o corpo etérico de todas as formas os átomos físicos necessários e que – tendo-os assim atraído – pela força da vontade os dirige para atividades definidas.
4 – Este corpo coerente e unificado de luz e energia é o símbolo da alma, tendo dentro de si sete pontos focais, onde a condensação, se é preciso chamá-la assim, das duas energias que se fundiram, se intensifica. Esses correspondem aos sete pontos focais no sistema solar, por onde o Logos Solar, através dos sete Logos Planetários, focaliza Suas energias. O ponto a ser notado aqui é simplesmente a natureza simbólica do corpo etérico ou vital, pois é compreendendo-se a natureza das energias manifestadas e a natureza unificada da forma e do trabalho, que se pode alcançar alguma ideia relativa ao trabalho da alma, o princípio mediador da natureza.
5 – O simbolismo também pode ser desenvolvido quando alguém se lembra que o corpo etérico liga o corpo denso, puramente físico, com o corpo astral ou emocional, puramente sutil. Nisto se vê o reflexo da alma no homem, a qual liga os três mundos – correspondendo aos aspectos sólido, líquido e gasoso do corpo humano estritamente físico – aos planos superiores no sistema solar, ligando assim o mental ao búdico e a mente aos estados intuicionais da consciência.
A Mente Universal pode ser melhor entendida na medida em que ela se expressa através do que nós chamamos a mente concreta, a mente abstrata e a intuição ou razão pura.
A mente concreta é a faculdade da construção da forma. Os pensamentos são coisas.
A mente abstrata é a faculdade de modelar padrões, ou a mente que trabalha com os anteprojetos sobre os quais as formas são modeladas.
A intuição ou razão pura é a faculdade que capacita o homem a entrar em contato com a Mente Universal e alcançar o plano sinteticamente, lançar-se sobre as Ideias divinas ou isolar alguma verdade fundamental e pura.
O objetivo de todo trabalho de um aspirante é compreender aqueles aspectos da mente com os quais ele tem que aprender a trabalhar. Seu trabalho, portanto, poderia assim ser resumido:
1 – Ele tem que aprender a pensar, a descobrir que ele tem um aparelho chamado mente e a desvelar suas faculdades e poderes.
2 – Em seguida, ele tem de aprender a recuar em seus processos de pensamento e das propensões a construir formas e descobrir as idéias que se situam sob o pensamento-forma divino, o processo mundial, e assim aprender a trabalhar em colaboração com o plano e subordinar a construção do seu próprio pensamento-forma a essas idéias. Ele tem de aprender a penetrar no mundo dessas idéias divinas e a estudar o “modelo das coisas nos céus” tal como é chamado na Bíblia. Ele precisa começar a trabalhar com os anteprojetos sobre os quais tudo o que existe é moldado e modelado. Ele se torna então um estudante-simbolista, e de um idólatra ele passa a ser um idealista divino.
3 – Daquele idealismo desenvolvido ele deve progredir ainda mais profundamente, até entrar no reino da intuição pura. Ele poderá então tocar a verdade em sua fonte. Ele entra na Mente do Próprio Deus. Ele intui tão bem quanto idealiza e é sensível aos pensamentos divinos. Eles fertilizam sua mente. Mais tarde, ao elaborar tais intuições, ele as chamará de idéias ou ideais e baseará nelas todo seu trabalho e conduta nas atividades.
4 – Depois segue-se o trabalho de construção consciente do pensamento-forma, baseado nestas idéias divinas, emanando como intuições da Mente Universal.
Personalidade – Todas as formas, em si mesmas, não são expressões de uma personalidade. Para assegurar isto, três tipos de energia precisam estar presentes – três tipos, fundidos, misturados e coordenados num organismo funcionante. Uma personalidade é, portanto, uma fusão da energia mental, da energia emocional e da força vital, e estas três estão mascaradas, ocultas ou reveladas por uma concha externa ou forma de matéria física densa. Esta crosta externa é em si mesma uma forma de energia negativa. O resultado desta união de três energias em uma forma objetiva é a consciência-própria. Sua função produz aquele sentido de individualidade que justifica o uso da palavra “eu” e que relaciona todas as ocorrências a um ego. Onde esta entidade central consciente existe, utilizando a mente, reagindo sensorialmente através do corpo emocional e energizando o físico denso (via o corpo vital) então existe uma personalidade. É a existência autoconsciente na forma. É a consciência da identidade em relação às outras identidades e isto é igualmente verdadeiro de Deus ou do homem. É um senso de identidade, todavia, que persiste somente durante o processo criador e por tanto tempo quanto o aspecto matéria e o aspecto consciência apresentem a eterna dualidade da natureza. Em nosso desenvolvimento evolutivo ela não é conscientizada nas formas subumanas; ela é conscientizada no reino humano e é conscientizada mas fundida e negada pelas formas e consciências maiores a que nós chamamos de super-humanas.
Antakarana. Sutratma. O antakarana é a ponte que o homem constrói – através da meditação, da compreensão e do mágico trabalho criativo da alma – entre os três aspectos da natureza de sua mente. Por esta razão, os objetivos primordiais da educação vindoura serão:
1 – Produzir o alinhamento entre mente e cérebro através da correta compreensão da constituição interna do homem, particularmente do corpo etérico e dos centros de força.
2 – Edificar, ou construir, uma ponte entre cérebro-mente-alma, produzindo assim uma personalidade integrada, que seja uma firme expressão do desenvolvimento da alma, moradora interna.
3 – Construir a ponte entre a mente inferior, a alma, a mente superior, para que a iluminação da personalidade se torne possível.
Devemos nos treinar para distinguir entre o sutratma e o antakarana, entre o fio da vida e o fio da consciência. Um é a base da imortalidade e o outro é a base da continuidade. Um fio (o sutratma) conecta e vivifica todas as formas num todo funcionante e personifica em si mesmo a vontade e o propósito da entidade manifestante, seja ela homem, Deus ou um cristal. O outro fio (o antakarana) personifica a resposta da consciência, dentro da forma a uma firme expansão gradativa de contatos no interior do todo envolvente.
O sutratma é a corrente direta de vida, intacta e imutável, que pode ser considerada, simbolicamente, como uma corrente direta de energia vivente fluindo do centro para a periferia, e da origem para a expressão externa ou aparência fenomênica. É a vida. Gera o processo individual e o desenvolvimento evolutivo de todas as formas. É, portanto, o caminho da vida, que vem da mônada à personalidade, através da alma. Este é o fio da alma e é uno e indivisível. Ele transporta a energia da vida e encontra seu ancoradouro final no centro do coração do homem e em algum ponto focal central em todas as formas da expressão divina. Nada é e nada permanece senão a vida.
O fio da consciência (antakarana) é o resultado da união da vida e da substância ou das energias básicas que constituem a primeira diferenciação em tempo e espaço; isso ocasiona algo diferente, que somente emerge como uma terceira manifestação divina, depois que a união das dualidades básicas tenha tido lugar. É o fio que é tecido como um resultado do aparecimento da vida na forma sobre o plano físico. Falando simbolicamente, poderia ser dito que o sutratma trabalha de cima para baixo e é a precipitação da vida na manifestação exterior. O antakarana é tecido, evolui e é criado como resultado desta criação primária e trabalha de baixo para cima, de fora para dentro, do mundo do fenômeno exotérico para o mundo do significado e das realidades subjetivas.
PROPOSIÇÕES
Abordaremos a seguir as ideias-semente sobre educação. Elas nos ajudarão nas formulações de propostas e métodos.
Visão Cósmica da Educação - Parte 4
II
– A educação deteve-se principalmente na organização da mente inferior e
a capacidade de uma criança tem sido grandemente avaliada por sua
reação à informação acumulada (no que concerne à educação) e aos dados
confrontados e coletados, entregues em sequência, dirigidos e
organizados para equipar a criança para competir com a informação que
outros possuem.
III – A educação tem sido, até agora, grandemente um treino de memória, apesar de estar atualmente surgindo o reconhecimento de que tal atitude precisa acabar. A criança deve assimilar os fatos que a humanidade acredita serem verdadeiros, tenha experimentado no passado, e achado adequados. Mas cada era tem um critério diferente de adequação. A Era de Peixes lidou com o detalhe do esforço para alcançar um ideal. Daí termos uma história que cobre o método pelo qual as tribos adquiriram “status” nacional através da agressão, da guerra e da conquista. Isso foi indicativo da realização racial.
A geografia baseou-se numa reação semelhante à ideia de expansão e, através dela, a criança aprendeu como os homens, levados por necessidades econômicas e outras necessidades, conquistaram territórios e absorveram terras. Também isto, e acertadamente, tem sido considerado como uma realização racional. Os vários ramos da ciência também têm sido considerados como constituindo a conquista de áreas territoriais e, uma vez mais, isto tem sido aplaudido como realização racial. As conquistas da ciência, as conquistas das nações e as conquistas de territórios são todas indicativas do método de Peixes, com seu idealismo, sua combatividade e sua separatividade em todos os campos – religioso, político e econômico. Mas a era da síntese, da inclusividade e do conhecimento está sobre nós, e a nova educação da Era de Aquário precisa começar muito suavemente e penetrar na aura humana.
IV – A educação é mais do que treinamento de memória e mais do que informar uma criança ou um estudante sobre o passado e suas façanhas. Esses fatores têm seu valor e o passado deve ser compreendido e estudado, pois dele deve crescer o que é novo, sua floração e seus frutos. A educação envolve mais do que a investigação de um assunto e a formação de conclusões subsequentes, levando a hipóteses que, por sua vez, levam a ainda mais investigação e conclusões. A educação é mais do que um esforço sincero para preparar uma criança ou um adulto para ser um bom cidadão, um pai inteligente e não constituir qualquer encargo ao Estado. Tem uma aplicação mais ampla do que produzir um ser humano que venha a ser um proprietário comercial e não uma responsabilidade comercial. A educação tem outros objetivos além de tornar a vida agradável e assim capacitar homens e mulheres a adquirir uma cultura que lhes permitirá participar com interesse de tudo que transpira nos três mundos das questões humanas. É tudo isso, mas deveria ser muito mais.
V – A educação tem três objetivos principais, do ponto de vista do desenvolvimento humano:
Primeiro, como foi entendido por muitos, deve fazer de um homem um cidadão inteligente, um pai sábio e uma personalidade controlada; deve adequá-lo para desempenhar seu papel no trabalho do mundo e capacitá-lo para viver de modo pacífico e útil, em harmonia com seus vizinhos.
Segundo, deve capacitá-lo para preencher a lacuna entre os vários aspectos de sua própria natureza mental, e nisto jaz a maior ênfase das instruções que me proponho a dar.
Na filosofia esotérica somos ensinados, como bem sabem, que no plano mental há três aspectos da mente, ou daquela criatura mental que denominamos um homem. Esses três aspectos constituem a parte mais importante de sua natureza:
1 – Sua mente concreta inferior, o princípio do raciocínio. É a este aspecto do homem que nossos processos educacionais se dedicam.
2 – O Filho da Mente a que chamamos Ego ou Alma. Este é o princípio da inteligência e é denominado por muitos nomes na literatura esotérica, tais como o Anjo Solar, os Agnishvattas, o princípio Crístico, etc. Com este, a religião no passado afirmou ocupar-se.
3 – A mente abstrata superior, o guardião das ideias, mensageiro da iluminação para a mente inferior, desde que essa mente inferior esteja em comunicação com a alma. Deste mundo das ideias a filosofia tem declarado ocupar-se.
Poderíamos denominar estes três aspectos:
A mente receptiva, a mente com a qual lidam os psicólogos.
A mente individualizada, o Filho da Mente.
A mente iluminada, a mente superior.
Terceiro, a lacuna entre a mente inferior e a alma tem de ser preenchida e, por estranho que pareça, a humanidade sempre o percebeu e daí ter, consequentemente, falado em termos de alcançar a unidade, ou fazer a unificação, ou efetuar o alinhamento. São tentativas para expressar esta verdade percebida intuitivamente.
VI – A educação também deveria se preocupar, durante a nova era, com o preenchimento dessa lacuna entre os três aspectos da natureza da mente: entre a alma e a mente inferior, disso resultando a unificação entre a alma e a personalidade; entre a mente inferior, a alma e a mente superior. Para isso a humanidade está agora pronta e, pela primeira vez na carreira da humanidade, o trabalho da construção da ponte pode prosseguir numa escala relativamente ampla.
VII – A educação é, por isso, a Ciência do Antakarana. Esta ciência e este termo são a maneira esotérica de expressar a verdade sobre a necessidade desta construção da ponte. O antakarana é a ponte que o homem constrói – através da meditação, da compreensão e do mágico trabalho criativo da alma – entre os três aspectos da natureza de sua mente. Por essa razão, os objetivos primordiais da educação vindoura serão:
1 – Produzir o alinhamento entre mente e cérebro através da correta compreensão da constituição interna do homem, particularmente do corpo etérico e dos centros de força.
2 – Edificar, ou construir, uma ponte entre cérebro-mente-alma, produzindo assim uma personalidade integrada, que seja uma firme expressão do desenvolvimento da alma, moradora interna.
3 – Construir a ponte entre a mente inferior, a alma, a mente superior, para que a iluminação da personalidade se torne possível.
VIII – A verdadeira educação é, consequentemente, a ciência de unir as partes integrais do homem, e também de ligá-los, por sua vez, com seu ambiente imediato, e daí com o todo maior no qual terá de desempenhar seu papel. Cada aspecto, visto como um aspecto inferior, pode sempre ser simplesmente a expressão do superior seguinte. Nesta frase está uma verdade fundamental que engloba não somente o objetivo, mas mostra também o problema ante todos os interessados na educação. Este problema é avaliar com precisão o centro, ou foco, da atenção de um homem e indicar onde a consciência está centrada primordialmente. Ele deve, então, ser treinado de tal maneira que uma mudança daquele foco para um veículo superior seja possível. Podemos também expressar esta ideia de uma maneira igualmente verdadeira dizendo que o veículo que parece de suprema importância pode tornar-se, e deveria tornar-se, de importância secundária à medida que se transforma, simplesmente, no instrumento daquilo que é superior a si mesmo. Se o corpo astral (emocional) é o centro da vida da personalidade, então o objetivo do processo educacional imposto à matéria será fazer da natureza mental o fator dominante, e o corpo astral, por isso, torna-se aquele que é impressionado pelas condições ambientais e é sensível às mesmas, mas sob o controle da mente. Se a mente é o centro da atenção da personalidade, então a atividade da alma precisa ser trazida à expressão mais completa; e o trabalho assim prossegue, continuamente, o progresso se processando passo a passo até que o topo da escada seja alcançado.
Deveria ser notado aqui que esta exegese inteira da mente e da necessária construção da ponte, não passa da demonstração prática da verdade do aforismo ocultista de que “antes que um homem possa palmilhar o Caminho, precisa tornar-se o próprio Caminho”. O antakarana é, simbolicamente, o Caminho. Este é um dos paradoxos da ciência esotérica. Passo a passo, de estágio a estágio, construímos esse Caminho, do mesmo modo que a aranha tece seu fio. É aquele caminho de volta que desenvolvemos de dentro de nós mesmos; é aquele Caminho que também encontramos e trilhamos.
Algumas Perguntas Respondidas.
Em resposta à primeira indagação, a função principal de todos os educadores é dupla:
1 – Treinar o cérebro para responder inteligentemente às impressões chegadas a ele pela via do aparelho sensório, trazendo assim a informação sobre o mundo exterior tangível.
2 – Treinar a mente de maneira a poder cumprir três deveres:
a) Lidar inteligentemente com a informação transmitida a ela pelo cérebro.
b) Criar formas-pensamento em resposta aos impulsos emanando do plano físico; às reações emocionais postas em ação pela natureza da sensação-desejo; ao mundo do pensamento, no qual o meio ambiente do homem é encontrado.
c) Orientar a si mesmo para o ser espiritual subjetivo, de modo a que, de uma condição de potencialidade, possa o ser emergir a um domínio ativo.
Nesta formulação da função do instrumental com o qual todos os educadores têm que lidar (a mente e o cérebro), mostrei a resposta à Segunda pergunta feita, que foi:
“Haverá tipos definidos de atividades, mudando com o correr dos anos e baseados nas fases do processo de crescimento do indivíduo, que contribuam para seu desenvolvimento total?”
Divirjo algo no que diz respeito aos períodos indicados por instrutores ocultistas, como Steiner, pois apesar dos ciclos de sete anos terem seu lugar, a divisão é passível de ser usada em excesso. Sugeriria também os ciclos de desenvolvimento de dez anos, divididos em duas partes: sete de aprendizado e três de aplicação.
Nos dez primeiros anos da vida de uma criança é-lhe ensinado como lidar inteligentemente com a informação que lhe chega ao cérebro através dos cinco sentidos. Observação, resposta rápida e coordenação física como o resultado da intenção, devem ser enfatizados. A criança precisa ser ensinada a ouvir e a ver, a fazer contatos e usar discernimento; e seus dedos devem responder a impulsos criativos para fazer e reproduzir o que ela vê e ouve. Assim são dispostos os elementos das artes e do artesanato, do desenho e da música.
Nos dez anos seguintes a mente estará definitivamente treinada para se tornar dominante. A criança é ensinada a racionalizar suas emoções e seus impulsos de desejo, e a discriminar o certo do errado, o desejável do indesejável, e o essencial do não essencial. Isso lhe pode ser ensinado através da história e do treinamento intelectual, que o ciclo de sua vida torna compulsório sob as leis do país no qual viva. Um senso de valores e de padrões de direito é assim estabelecido. Ela aprende a distinguir entre o treinamento da memória e do pensamento; entre conjuntos e fatos, averiguados por pensadores e tabulados nos livros, e sua aplicação aos conhecimentos da existência objetiva, além de (e aqui jaz um pensamento de real importância) sua causa subjetiva e a relação deles com o mundo da realidade, do qual o mundo fenomênico não é senão um símbolo.
À idade de dezessete anos o estudo de psicologia será acrescentado ao resto do currículo e a natureza da alma e sua relação com a Alma do Mundo será investigada. A meditação, seguindo linhas adequadas, será parte do currículo. Deverá ser observado aqui, entretanto, que as implicações religiosas da meditação são desnecessárias. A meditação é o processo pelo qual as tendências objetivas e os impulsos vindos da mente são frustrados e ela começa a ser subjetiva, a focalizar e a intuir. Isto pode ser ensinado por meio de um pensamento profundo sobre qualquer assunto – matemática, biologia, e assim por diante.
A tendência da nova educação deverá se tornar o sujeito do experimento educacional, possuidor consciente de seu equipamento; deverá pô-lo com visão clara perante a vida, com portas franqueadas ao mundo dos fenômenos objetivos e das correlações; deverá trazê-lo ao conhecimento de uma porta que conduz ao mundo da Realidade e através da qual ele poderá passar à vontade e ali assumir e elaborar sua relação com outras almas.
Esta Segunda questão – relacionada com o tipo de experiência que ajudaria a criança a completar seu desenvolvimento e suplementaria o currículo legal compulsório – é quase impossível de responder, devido às grandes diferenças entre os seres humanos e à impossibilidade prática de encontrar aqueles professores que trabalham com as almas tanto quanto com as mentes.
Toda criança deveria ser estudada em três direções. Primeiro, para averiguar a tendência natural de seus impulsos: serão eles tendentes à expressão física, ao labor manual, no qual se deveria incluir uma larga margem de oportunidades, tais como as de um operário mecânico de fábrica e a habilidade treinada de um eletricista? Haverá uma capacidade latente para uma ou outra arte, uma reação à cor e à forma, ou uma resposta à música e ao ritmo? Será a capacidade intelectual o que justificaria seguramente um treinamento mental em análise, dedução, matemática ou lógica? Então, talvez, conforme a vida prossiga, nossos jovens sejam classificados em dois grupos: o místico, sob cujo título poder-se-iam agrupar aqueles com tendências religiosas, artísticas e não práticas; e o ocultista, que incluiria os tipos intelectuais, científicos e mentais. Ao chegar aos dezessete anos, o treinamento dado deverá ter capacitado o adolescente para vibrar claramente sua nota, e deverá ter mostrado o curso que os impulsos de sua vida mais provavelmente tomarão. Nos primeiros quatorze anos, dever-se-ia dar-lhe oportunidade para experimentar em muitos campos de oportunidade. O treinamento puramente vocacional não deveria ser enfatizado até os anos ulteriores do processo educacional.
Aproxima-se o tempo em que todas as crianças serão estudadas nos seguintes aspectos:
1 – Astrologicamente, para determinar as tendências da vida e o problema peculiar da alma.
2 – Psicologicamente, suplementando o melhor da psicologia moderna com um conhecimento dos tipos dos Sete Raios, que colorem a psicologia oriental.
3 – Clinicamente, com atenção especial para o sistema endócrino. Além dos métodos modernos usuais em relação aos olhos, dentes e outros defeitos fisiológicos. A natureza do mecanismo de resposta será cuidadosamente estudada e desenvolvida.
4 – Vocacionalmente, para situá-las, mais tarde, na vida onde seus dons e capacidades possam encontrar a mais completa expressão e assim as habilite a preencher suas obrigações grupais.
5 – Espiritualmente. Com isso quero dizer que a idade aparente da alma em consideração será estudada e o lugar na escada da evolução será percebido aproximadamente: tendências místicas e introspectivas serão consideradas e sua falta aparente será registrada. A coordenação entre o cérebro e:
a) o instrumento de resposta no mundo exterior dos fenômenos;
b) os impulsos de desejo, mais as reações emocionais;
c) a mente e o mundo do pensamento;
d) a mente e a alma,
será cuidadosamente investigada para trazer o equipamento da criança, latente ou desenvolvido, à atividade, e para unificá-lo como um todo.
A terceira pergunta indaga:
“Qual é o processo do desenvolvimento do intelecto no homem?” “Como se manifesta a mente superior, se o faz, nos anos do crescimento?”
Não é possível, no curto tempo que dispomos, tratar aqui da história do progresso do desenvolvimento mental. Um estudo de seu crescimento racial revelará muito, pois cada criança é um epítome do todo. Um estudo, por exemplo, do crescimento da ideia-Deus na consciência humana daria um esclarecimento proveitoso dos fenômenos do desenvolvimento do pensamento. Uma sequência do crescimento poderia, bem inadequada e brevemente, ser tabulada como segue, baseada no processo de desenvolvimento de um ser humano:
1 – Resposta ao impacto, os sentidos do infante despertos. Ele começa a ouvir e a ver.
2 – Resposta à posse e à aquisição. A criança começa a apropriar-se, tornar-se autoconsciente e apossa-se do seu eu pessoal.
3 – Resposta ao instinto que governa a natureza animal e do desejo, e às tendências humanas.
4 – Resposta ao grupo. A criança torna-se consciente do seu ambiente e de que é parte integrante de um todo.
5 – Resposta ao conhecimento. Isso começa com a revelação de fatos informativos e, portanto, do registro, através da memória, desses fatos; assim são desenvolvidos o interesse, a correlação, a síntese e a dedicação às exigências da vida.
6 – Resposta à necessidade inata de procura. Isto leva à experiência no plano físico, à introspecção no plano emocional e ao estudo intelectivo e ao amor à leitura ou ao ouvir, trazendo a mente, dessa maneira, a alguma condição de atividade.
7 – Resposta à pressão econômica e do sexo, ou à lei da sobrevivência. Isto força-o a usar seu equipamento e conhecimento e assim assumir seu lugar como gente na vida grupal e promover o bem-estar grupal através de algum aspecto de trabalho ativo e pela perpetuação da espécie.
8 – Resposta ao conhecimento puramente intelectual. Isto leva ao livre uso consciente da mente, ao pensamento individual, à criação dos pensamentos-forma e, finalmente, à orientação firme da mente para um campo de realização e conscientização cada vez mais amplo. Essas expansões de consciência trazem, por fim, um novo fator ao campo da experiência.
9 – Resposta ao Pensador ou à alma. Com o registro desta resposta, o homem entra em seu reino. O que se encontra acima e o que se encontra abaixo se tornam um. Os mundos objetivos e subjetivos são unificados. A alma e seu mecanismo funcionam como uma unidade.
Toda educação deveria tender a essa realização. Em geral, exceto em algumas raras e altamente evoluídas almas, a mente superior não se manifesta nas crianças, não mais do que o fez na humanidade nascente. Sua presença só se pode verdadeiramente fazer sentida quando a alma, a mente e o cérebro estejam alinhados e coordenados. Lampejos de percepção e visão quando vistos nos jovens são, frequentemente, a reação de seu muito sensível mecanismo de resposta a ideias grupais e aos pensamentos dominantes de seu tempo e idade, ou alguém de seu ambiente.
Tratarei, agora, resumidamente, dos pontos levantados concernentes à atitude do professor, particularmente em relação aos aspirantes adultos.
O verdadeiro instrutor precisa tratar todos os buscadores com sinceridade e verdade. Seu tempo (tanto quanto é retido pela equação tempo no plano físico) é valioso demais para ser desperdiçado com gentilezas sociais ou abster-se de fazer comentários onde críticas serviriam a um bom propósito. Ele terá que se apoiar inteiramente na sinceridade daqueles a quem orienta. Entretanto, nem sempre a crítica e o apontar enganos e erros se mostram úteis; poderá apenas aumentar a responsabilidade, despertar antagonismos ou descrédito, ou levar à depressão – três dos mais indesejáveis resultados do uso da capacidade de crítica.
Estimulando seu interesse, conseguindo uma síntese subjetiva no grupo que está instruindo e avivando a flama de sua aspiração espiritual, o grupo poderá chegar à discriminação correta quanto à sua qualidade e necessidades comuns e assim tornará desnecessária a atitude usual do instrutor em apontar erros.
Os que estão no raio da instrução aprenderão a ensinar, ensinando. Não há método mais certo, desde que acompanhado por um profundo amor, pessoal mas ao mesmo tempo impessoal, aos que serão ensinados. Acima de tudo, prescrever-lhes-ia o inculcar do espírito grupal, pois essa é a primeira expressão do verdadeiro amor. Destaco apenas dois pontos:
Em primeiro lugar, ao ensinar crianças até os quatorze anos é necessário ter em mente que elas estão focalizadas nas emoções. Elas precisam sentir, e sentir com exatidão, a beleza, a força e a sabedoria. Não se deve exigir que racionalizem antes disso, mesmo que mostrem evidência em poder fazê-lo. Depois dos quatorze anos, e durante a adolescência, sua resposta mental à verdade deverá ser persuadida e estimulada, para tratarem dos problemas que se apresentem. Mesmo que não esteja presente, um esforço deveria ser feito para despertá-la.
Em segundo lugar, uma tentativa deve ser feita para avaliar-se o lugar da criança na escada da evolução através de um estudo dos seus antecedentes, de seu equipamento físico, da natureza de seu mecanismo de resposta com suas variadas reações, e seus principais interesses. Essa averiguação estabelece uma conexão subjetiva com a criança, muito mais potente no seu resultado do que conseguiriam meses de palavras exaustivamente utilizadas no esforço de se transmitir uma ideia.
III – A educação tem sido, até agora, grandemente um treino de memória, apesar de estar atualmente surgindo o reconhecimento de que tal atitude precisa acabar. A criança deve assimilar os fatos que a humanidade acredita serem verdadeiros, tenha experimentado no passado, e achado adequados. Mas cada era tem um critério diferente de adequação. A Era de Peixes lidou com o detalhe do esforço para alcançar um ideal. Daí termos uma história que cobre o método pelo qual as tribos adquiriram “status” nacional através da agressão, da guerra e da conquista. Isso foi indicativo da realização racial.
A geografia baseou-se numa reação semelhante à ideia de expansão e, através dela, a criança aprendeu como os homens, levados por necessidades econômicas e outras necessidades, conquistaram territórios e absorveram terras. Também isto, e acertadamente, tem sido considerado como uma realização racional. Os vários ramos da ciência também têm sido considerados como constituindo a conquista de áreas territoriais e, uma vez mais, isto tem sido aplaudido como realização racial. As conquistas da ciência, as conquistas das nações e as conquistas de territórios são todas indicativas do método de Peixes, com seu idealismo, sua combatividade e sua separatividade em todos os campos – religioso, político e econômico. Mas a era da síntese, da inclusividade e do conhecimento está sobre nós, e a nova educação da Era de Aquário precisa começar muito suavemente e penetrar na aura humana.
IV – A educação é mais do que treinamento de memória e mais do que informar uma criança ou um estudante sobre o passado e suas façanhas. Esses fatores têm seu valor e o passado deve ser compreendido e estudado, pois dele deve crescer o que é novo, sua floração e seus frutos. A educação envolve mais do que a investigação de um assunto e a formação de conclusões subsequentes, levando a hipóteses que, por sua vez, levam a ainda mais investigação e conclusões. A educação é mais do que um esforço sincero para preparar uma criança ou um adulto para ser um bom cidadão, um pai inteligente e não constituir qualquer encargo ao Estado. Tem uma aplicação mais ampla do que produzir um ser humano que venha a ser um proprietário comercial e não uma responsabilidade comercial. A educação tem outros objetivos além de tornar a vida agradável e assim capacitar homens e mulheres a adquirir uma cultura que lhes permitirá participar com interesse de tudo que transpira nos três mundos das questões humanas. É tudo isso, mas deveria ser muito mais.
V – A educação tem três objetivos principais, do ponto de vista do desenvolvimento humano:
Primeiro, como foi entendido por muitos, deve fazer de um homem um cidadão inteligente, um pai sábio e uma personalidade controlada; deve adequá-lo para desempenhar seu papel no trabalho do mundo e capacitá-lo para viver de modo pacífico e útil, em harmonia com seus vizinhos.
Segundo, deve capacitá-lo para preencher a lacuna entre os vários aspectos de sua própria natureza mental, e nisto jaz a maior ênfase das instruções que me proponho a dar.
Na filosofia esotérica somos ensinados, como bem sabem, que no plano mental há três aspectos da mente, ou daquela criatura mental que denominamos um homem. Esses três aspectos constituem a parte mais importante de sua natureza:
1 – Sua mente concreta inferior, o princípio do raciocínio. É a este aspecto do homem que nossos processos educacionais se dedicam.
2 – O Filho da Mente a que chamamos Ego ou Alma. Este é o princípio da inteligência e é denominado por muitos nomes na literatura esotérica, tais como o Anjo Solar, os Agnishvattas, o princípio Crístico, etc. Com este, a religião no passado afirmou ocupar-se.
3 – A mente abstrata superior, o guardião das ideias, mensageiro da iluminação para a mente inferior, desde que essa mente inferior esteja em comunicação com a alma. Deste mundo das ideias a filosofia tem declarado ocupar-se.
Poderíamos denominar estes três aspectos:
A mente receptiva, a mente com a qual lidam os psicólogos.
A mente individualizada, o Filho da Mente.
A mente iluminada, a mente superior.
Terceiro, a lacuna entre a mente inferior e a alma tem de ser preenchida e, por estranho que pareça, a humanidade sempre o percebeu e daí ter, consequentemente, falado em termos de alcançar a unidade, ou fazer a unificação, ou efetuar o alinhamento. São tentativas para expressar esta verdade percebida intuitivamente.
VI – A educação também deveria se preocupar, durante a nova era, com o preenchimento dessa lacuna entre os três aspectos da natureza da mente: entre a alma e a mente inferior, disso resultando a unificação entre a alma e a personalidade; entre a mente inferior, a alma e a mente superior. Para isso a humanidade está agora pronta e, pela primeira vez na carreira da humanidade, o trabalho da construção da ponte pode prosseguir numa escala relativamente ampla.
VII – A educação é, por isso, a Ciência do Antakarana. Esta ciência e este termo são a maneira esotérica de expressar a verdade sobre a necessidade desta construção da ponte. O antakarana é a ponte que o homem constrói – através da meditação, da compreensão e do mágico trabalho criativo da alma – entre os três aspectos da natureza de sua mente. Por essa razão, os objetivos primordiais da educação vindoura serão:
1 – Produzir o alinhamento entre mente e cérebro através da correta compreensão da constituição interna do homem, particularmente do corpo etérico e dos centros de força.
2 – Edificar, ou construir, uma ponte entre cérebro-mente-alma, produzindo assim uma personalidade integrada, que seja uma firme expressão do desenvolvimento da alma, moradora interna.
3 – Construir a ponte entre a mente inferior, a alma, a mente superior, para que a iluminação da personalidade se torne possível.
VIII – A verdadeira educação é, consequentemente, a ciência de unir as partes integrais do homem, e também de ligá-los, por sua vez, com seu ambiente imediato, e daí com o todo maior no qual terá de desempenhar seu papel. Cada aspecto, visto como um aspecto inferior, pode sempre ser simplesmente a expressão do superior seguinte. Nesta frase está uma verdade fundamental que engloba não somente o objetivo, mas mostra também o problema ante todos os interessados na educação. Este problema é avaliar com precisão o centro, ou foco, da atenção de um homem e indicar onde a consciência está centrada primordialmente. Ele deve, então, ser treinado de tal maneira que uma mudança daquele foco para um veículo superior seja possível. Podemos também expressar esta ideia de uma maneira igualmente verdadeira dizendo que o veículo que parece de suprema importância pode tornar-se, e deveria tornar-se, de importância secundária à medida que se transforma, simplesmente, no instrumento daquilo que é superior a si mesmo. Se o corpo astral (emocional) é o centro da vida da personalidade, então o objetivo do processo educacional imposto à matéria será fazer da natureza mental o fator dominante, e o corpo astral, por isso, torna-se aquele que é impressionado pelas condições ambientais e é sensível às mesmas, mas sob o controle da mente. Se a mente é o centro da atenção da personalidade, então a atividade da alma precisa ser trazida à expressão mais completa; e o trabalho assim prossegue, continuamente, o progresso se processando passo a passo até que o topo da escada seja alcançado.
Deveria ser notado aqui que esta exegese inteira da mente e da necessária construção da ponte, não passa da demonstração prática da verdade do aforismo ocultista de que “antes que um homem possa palmilhar o Caminho, precisa tornar-se o próprio Caminho”. O antakarana é, simbolicamente, o Caminho. Este é um dos paradoxos da ciência esotérica. Passo a passo, de estágio a estágio, construímos esse Caminho, do mesmo modo que a aranha tece seu fio. É aquele caminho de volta que desenvolvemos de dentro de nós mesmos; é aquele Caminho que também encontramos e trilhamos.
Algumas Perguntas Respondidas.
Em resposta à primeira indagação, a função principal de todos os educadores é dupla:
1 – Treinar o cérebro para responder inteligentemente às impressões chegadas a ele pela via do aparelho sensório, trazendo assim a informação sobre o mundo exterior tangível.
2 – Treinar a mente de maneira a poder cumprir três deveres:
a) Lidar inteligentemente com a informação transmitida a ela pelo cérebro.
b) Criar formas-pensamento em resposta aos impulsos emanando do plano físico; às reações emocionais postas em ação pela natureza da sensação-desejo; ao mundo do pensamento, no qual o meio ambiente do homem é encontrado.
c) Orientar a si mesmo para o ser espiritual subjetivo, de modo a que, de uma condição de potencialidade, possa o ser emergir a um domínio ativo.
Nesta formulação da função do instrumental com o qual todos os educadores têm que lidar (a mente e o cérebro), mostrei a resposta à Segunda pergunta feita, que foi:
“Haverá tipos definidos de atividades, mudando com o correr dos anos e baseados nas fases do processo de crescimento do indivíduo, que contribuam para seu desenvolvimento total?”
Divirjo algo no que diz respeito aos períodos indicados por instrutores ocultistas, como Steiner, pois apesar dos ciclos de sete anos terem seu lugar, a divisão é passível de ser usada em excesso. Sugeriria também os ciclos de desenvolvimento de dez anos, divididos em duas partes: sete de aprendizado e três de aplicação.
Nos dez primeiros anos da vida de uma criança é-lhe ensinado como lidar inteligentemente com a informação que lhe chega ao cérebro através dos cinco sentidos. Observação, resposta rápida e coordenação física como o resultado da intenção, devem ser enfatizados. A criança precisa ser ensinada a ouvir e a ver, a fazer contatos e usar discernimento; e seus dedos devem responder a impulsos criativos para fazer e reproduzir o que ela vê e ouve. Assim são dispostos os elementos das artes e do artesanato, do desenho e da música.
Nos dez anos seguintes a mente estará definitivamente treinada para se tornar dominante. A criança é ensinada a racionalizar suas emoções e seus impulsos de desejo, e a discriminar o certo do errado, o desejável do indesejável, e o essencial do não essencial. Isso lhe pode ser ensinado através da história e do treinamento intelectual, que o ciclo de sua vida torna compulsório sob as leis do país no qual viva. Um senso de valores e de padrões de direito é assim estabelecido. Ela aprende a distinguir entre o treinamento da memória e do pensamento; entre conjuntos e fatos, averiguados por pensadores e tabulados nos livros, e sua aplicação aos conhecimentos da existência objetiva, além de (e aqui jaz um pensamento de real importância) sua causa subjetiva e a relação deles com o mundo da realidade, do qual o mundo fenomênico não é senão um símbolo.
À idade de dezessete anos o estudo de psicologia será acrescentado ao resto do currículo e a natureza da alma e sua relação com a Alma do Mundo será investigada. A meditação, seguindo linhas adequadas, será parte do currículo. Deverá ser observado aqui, entretanto, que as implicações religiosas da meditação são desnecessárias. A meditação é o processo pelo qual as tendências objetivas e os impulsos vindos da mente são frustrados e ela começa a ser subjetiva, a focalizar e a intuir. Isto pode ser ensinado por meio de um pensamento profundo sobre qualquer assunto – matemática, biologia, e assim por diante.
A tendência da nova educação deverá se tornar o sujeito do experimento educacional, possuidor consciente de seu equipamento; deverá pô-lo com visão clara perante a vida, com portas franqueadas ao mundo dos fenômenos objetivos e das correlações; deverá trazê-lo ao conhecimento de uma porta que conduz ao mundo da Realidade e através da qual ele poderá passar à vontade e ali assumir e elaborar sua relação com outras almas.
Esta Segunda questão – relacionada com o tipo de experiência que ajudaria a criança a completar seu desenvolvimento e suplementaria o currículo legal compulsório – é quase impossível de responder, devido às grandes diferenças entre os seres humanos e à impossibilidade prática de encontrar aqueles professores que trabalham com as almas tanto quanto com as mentes.
Toda criança deveria ser estudada em três direções. Primeiro, para averiguar a tendência natural de seus impulsos: serão eles tendentes à expressão física, ao labor manual, no qual se deveria incluir uma larga margem de oportunidades, tais como as de um operário mecânico de fábrica e a habilidade treinada de um eletricista? Haverá uma capacidade latente para uma ou outra arte, uma reação à cor e à forma, ou uma resposta à música e ao ritmo? Será a capacidade intelectual o que justificaria seguramente um treinamento mental em análise, dedução, matemática ou lógica? Então, talvez, conforme a vida prossiga, nossos jovens sejam classificados em dois grupos: o místico, sob cujo título poder-se-iam agrupar aqueles com tendências religiosas, artísticas e não práticas; e o ocultista, que incluiria os tipos intelectuais, científicos e mentais. Ao chegar aos dezessete anos, o treinamento dado deverá ter capacitado o adolescente para vibrar claramente sua nota, e deverá ter mostrado o curso que os impulsos de sua vida mais provavelmente tomarão. Nos primeiros quatorze anos, dever-se-ia dar-lhe oportunidade para experimentar em muitos campos de oportunidade. O treinamento puramente vocacional não deveria ser enfatizado até os anos ulteriores do processo educacional.
Aproxima-se o tempo em que todas as crianças serão estudadas nos seguintes aspectos:
1 – Astrologicamente, para determinar as tendências da vida e o problema peculiar da alma.
2 – Psicologicamente, suplementando o melhor da psicologia moderna com um conhecimento dos tipos dos Sete Raios, que colorem a psicologia oriental.
3 – Clinicamente, com atenção especial para o sistema endócrino. Além dos métodos modernos usuais em relação aos olhos, dentes e outros defeitos fisiológicos. A natureza do mecanismo de resposta será cuidadosamente estudada e desenvolvida.
4 – Vocacionalmente, para situá-las, mais tarde, na vida onde seus dons e capacidades possam encontrar a mais completa expressão e assim as habilite a preencher suas obrigações grupais.
5 – Espiritualmente. Com isso quero dizer que a idade aparente da alma em consideração será estudada e o lugar na escada da evolução será percebido aproximadamente: tendências místicas e introspectivas serão consideradas e sua falta aparente será registrada. A coordenação entre o cérebro e:
a) o instrumento de resposta no mundo exterior dos fenômenos;
b) os impulsos de desejo, mais as reações emocionais;
c) a mente e o mundo do pensamento;
d) a mente e a alma,
será cuidadosamente investigada para trazer o equipamento da criança, latente ou desenvolvido, à atividade, e para unificá-lo como um todo.
A terceira pergunta indaga:
“Qual é o processo do desenvolvimento do intelecto no homem?” “Como se manifesta a mente superior, se o faz, nos anos do crescimento?”
Não é possível, no curto tempo que dispomos, tratar aqui da história do progresso do desenvolvimento mental. Um estudo de seu crescimento racial revelará muito, pois cada criança é um epítome do todo. Um estudo, por exemplo, do crescimento da ideia-Deus na consciência humana daria um esclarecimento proveitoso dos fenômenos do desenvolvimento do pensamento. Uma sequência do crescimento poderia, bem inadequada e brevemente, ser tabulada como segue, baseada no processo de desenvolvimento de um ser humano:
1 – Resposta ao impacto, os sentidos do infante despertos. Ele começa a ouvir e a ver.
2 – Resposta à posse e à aquisição. A criança começa a apropriar-se, tornar-se autoconsciente e apossa-se do seu eu pessoal.
3 – Resposta ao instinto que governa a natureza animal e do desejo, e às tendências humanas.
4 – Resposta ao grupo. A criança torna-se consciente do seu ambiente e de que é parte integrante de um todo.
5 – Resposta ao conhecimento. Isso começa com a revelação de fatos informativos e, portanto, do registro, através da memória, desses fatos; assim são desenvolvidos o interesse, a correlação, a síntese e a dedicação às exigências da vida.
6 – Resposta à necessidade inata de procura. Isto leva à experiência no plano físico, à introspecção no plano emocional e ao estudo intelectivo e ao amor à leitura ou ao ouvir, trazendo a mente, dessa maneira, a alguma condição de atividade.
7 – Resposta à pressão econômica e do sexo, ou à lei da sobrevivência. Isto força-o a usar seu equipamento e conhecimento e assim assumir seu lugar como gente na vida grupal e promover o bem-estar grupal através de algum aspecto de trabalho ativo e pela perpetuação da espécie.
8 – Resposta ao conhecimento puramente intelectual. Isto leva ao livre uso consciente da mente, ao pensamento individual, à criação dos pensamentos-forma e, finalmente, à orientação firme da mente para um campo de realização e conscientização cada vez mais amplo. Essas expansões de consciência trazem, por fim, um novo fator ao campo da experiência.
9 – Resposta ao Pensador ou à alma. Com o registro desta resposta, o homem entra em seu reino. O que se encontra acima e o que se encontra abaixo se tornam um. Os mundos objetivos e subjetivos são unificados. A alma e seu mecanismo funcionam como uma unidade.
Toda educação deveria tender a essa realização. Em geral, exceto em algumas raras e altamente evoluídas almas, a mente superior não se manifesta nas crianças, não mais do que o fez na humanidade nascente. Sua presença só se pode verdadeiramente fazer sentida quando a alma, a mente e o cérebro estejam alinhados e coordenados. Lampejos de percepção e visão quando vistos nos jovens são, frequentemente, a reação de seu muito sensível mecanismo de resposta a ideias grupais e aos pensamentos dominantes de seu tempo e idade, ou alguém de seu ambiente.
Tratarei, agora, resumidamente, dos pontos levantados concernentes à atitude do professor, particularmente em relação aos aspirantes adultos.
O verdadeiro instrutor precisa tratar todos os buscadores com sinceridade e verdade. Seu tempo (tanto quanto é retido pela equação tempo no plano físico) é valioso demais para ser desperdiçado com gentilezas sociais ou abster-se de fazer comentários onde críticas serviriam a um bom propósito. Ele terá que se apoiar inteiramente na sinceridade daqueles a quem orienta. Entretanto, nem sempre a crítica e o apontar enganos e erros se mostram úteis; poderá apenas aumentar a responsabilidade, despertar antagonismos ou descrédito, ou levar à depressão – três dos mais indesejáveis resultados do uso da capacidade de crítica.
Estimulando seu interesse, conseguindo uma síntese subjetiva no grupo que está instruindo e avivando a flama de sua aspiração espiritual, o grupo poderá chegar à discriminação correta quanto à sua qualidade e necessidades comuns e assim tornará desnecessária a atitude usual do instrutor em apontar erros.
Os que estão no raio da instrução aprenderão a ensinar, ensinando. Não há método mais certo, desde que acompanhado por um profundo amor, pessoal mas ao mesmo tempo impessoal, aos que serão ensinados. Acima de tudo, prescrever-lhes-ia o inculcar do espírito grupal, pois essa é a primeira expressão do verdadeiro amor. Destaco apenas dois pontos:
Em primeiro lugar, ao ensinar crianças até os quatorze anos é necessário ter em mente que elas estão focalizadas nas emoções. Elas precisam sentir, e sentir com exatidão, a beleza, a força e a sabedoria. Não se deve exigir que racionalizem antes disso, mesmo que mostrem evidência em poder fazê-lo. Depois dos quatorze anos, e durante a adolescência, sua resposta mental à verdade deverá ser persuadida e estimulada, para tratarem dos problemas que se apresentem. Mesmo que não esteja presente, um esforço deveria ser feito para despertá-la.
Em segundo lugar, uma tentativa deve ser feita para avaliar-se o lugar da criança na escada da evolução através de um estudo dos seus antecedentes, de seu equipamento físico, da natureza de seu mecanismo de resposta com suas variadas reações, e seus principais interesses. Essa averiguação estabelece uma conexão subjetiva com a criança, muito mais potente no seu resultado do que conseguiriam meses de palavras exaustivamente utilizadas no esforço de se transmitir uma ideia.
Teorias, Métodos e Metas
É essencial que ao começarmos nosso trabalho, esteja ele baseado no que há hoje em existência. A natureza trabalha sem vazios e assim é, mesmo quando (do ponto de vista da ciência acadêmica) haja um hiato aparente entre os fatos e as espécies conhecidas. Em períodos transitórios algumas das formas intermediárias desapareceram e o espaço vazio parece estar ali. Mas, na verdade, não é assim. Não descobrimos ainda tudo o que há a ser encontrado no mundo da aparência fenomênica. Estamos atravessando nesta época um dos grandes períodos naturais de transição. Estamos estabelecendo o alicerce para o aparecimento de uma nova espécie de ser humano – uma unidade mais altamente evoluída dentro da família humana – daí muitos dos nossos problemas e muito do fracasso atual em satisfazer as exigências da raça e avaliar a carência humana pelo desenvolvimento.
Temos, no mundo, uma teoria geral quanto à educação, e certos métodos básicos são universalmente empregados. Os países variam grandemente na aplicação de métodos, e os sistemas diferem consideravelmente. Todos, entretanto, ensinam estas mesmas coisas fundamentais: ensinam os jovens do país a ler e a escrever e a obter uma medida razoável de habilidade para calcular através da aritmética elementar. Estes três são curiosamente simbólicos do completo desenvolvimento evolutivo da humanidade.
A leitura tem a ver com o revestir ideias com a forma e está relacionada ao primeiro passo no processo criativo, no qual a Deidade governada ou impelida por uma ideia (corporificando o propósito ou plano de Deus), converteu aquela ideia em substância desejada e revestiu-a com a necessária aparência externa. A escrita simboliza o método através do qual o processo é levado avante, mas, claro, é muito mais pessoal nas suas implicações. A leitura está essencialmente relacionada à percepção de alguma espécie de ideia revestida, enquanto que a escrita, por estranho que pareça, está ligada à própria relação consciente de um indivíduo às ideias, e o uso que faz das palavras, ao escrever, será a medida da compreensão que ele possa ter dessas ideias universais. A aritmética (e o poder de somar, subtrair e multiplicar) está também relacionada com o processo criativo e diz respeito à elaboração dessas formas no plano físico – que produzirão a ideia adequada e trá-la-ão à manifestação.
A visão deve ser considerada como relacionada aos níveis superiores no plano mental, onde a ideia pode ser sentida e vista. Escrever tem uma relação mais definida com os níveis concretos do plano mental e com a capacidade do homem em trazer à luz e expressar essas ideias visualizadas em sua forma particular. A aritmética tem determinada relação com os aspectos subsequentes do processo e com o aparecimento da ideia em alguma forma correlata no plano físico. A visualização do pensamento-forma é um processo que deve ser obtido através da apropriação de tanta energia pela ideia quanto necessário para torná-la efetiva ou “aparente” (falando esotericamente). Disto o simbolismo da aritmética é a expressão.
De outro ângulo, o homem lê o seu destino nos céus e o escreve em sua vida na terra; ele reduz, consciente ou inconscientemente, a ideia de sua alma à forma devida e apropriada, de modo a que cada vida some, subtraia e multiplique, até que a soma de cada experiência da alma esteja completa. Assim, simbolicamente, as três ideias básicas são mantidas na educação elementar, apesar de seu verdadeiro significado estar divorciado da realidade e a real significação estar inteiramente perdida. Tudo o que, todavia, temos emergindo, vagarosa e precisamente, por intermédio da educação mundial, é construído sobre este despercebido sustentáculo. A necessidade fundamental com que hoje se defronta o mundo educacional é a de se relacionar o processo de desenvolvimento da mentalidade humana até o mundo do significado e não ao mundo do fenômeno objetivo. Até que o alvo da educação seja orientar um homem para o seu mundo interior de realidades, teremos a mal colocada ênfase do tempo presente. Até que possamos chegar, em nossos objetivos educacionais, ao preenchimento da lacuna entre os três aspectos inferiores do homem e a alma (uma ponte que deve ter lugar nos níveis mentais de consciência), não faremos senão pouco progresso na direção certa, e todas as atividades do ínterim serão inadequadas à necessidade moderna. Até que a mente superior seja reconhecida e o lugar que a mente concreta inferior deve preencher como servidora da superior seja igualmente reconhecido, teremos o superdesenvolvimento da faculdade materializante concreta – com sua aptidão para memorizar, correlacionar fatos e produzir aquilo que irá de encontro ao desejo inferior do homem – mas ainda não teremos uma humanidade, capaz de pensar verdadeiramente. Por enquanto, a mente reflete a natureza inferior do desejo e não se esforça para perceber o superior.
Quando o método correto de treinamento for estabelecido, a mente se desenvolverá num refletor ou agente da alma e, tão sensibilizada ao mundo dos valores verdadeiros que a natureza inferior – emocional, mental e física ou vital – tornar-se-á simplesmente o servidor automático da alma. A alma, então, funcionará na terra por intermédio da mente, controlando dessa maneira seu instrumento, a mente inferior. Ao mesmo tempo, a mente permanecerá o registrador e o refletor de toda informação vinda do mundo dos sentidos, do corpo emocional, e registrará, também, os pensamentos e as ideias correntes em seu ambiente. No presente, infeliz verdade, a mente treinada é considerada como a expressão mais alta da qual a humanidade é capaz; é vista inteiramente como uma personalidade, e a possibilidade de haver algo que possa usar a mente do mesmo modo que esta, por sua vez, usa o cérebro físico, é desdenhada.
Uma das coisas que procuraremos fazer será o aprender a relação do mundo do significado com o mundo da expressão; estudar a técnica pela qual este mundo da qualidade (que se expressa através do mundo do significado) pode ser penetrado e compreendido pela consciência integrada do ser humano inteligente.
Poderá ser útil aqui esclarecer o uso, que faço, das palavras eu superior. Como sabem, a alma é um aspecto da energia divina no tempo e no espaço. É-nos dito que o Logos Solar circunscreveu para Seu uso e em cumprimento ao Seu desejo, uma certa medida da substância do espaço e deu-lhe forma com Sua vida e consciência. Ele o fez para Seus bons propósitos e em conformidade com Seu plano e intento autopercebidos. Assim, Ele se limitou. A mônada humana seguiu o mesmo processo e – em tempo e espaço – limitou-se de maneira semelhante. No plano físico e no corpo físico, esta entidade fenomênica e transitória controla seu aparecimento fenomênico através dos dois aspectos da vida e da consciência. O princípio vida – o fluxo da energia divina através de todas as formas – é centrado temporariamente no coração, enquanto o princípio consciente, a alma de todas as coisas, está localizado (temporariamente, enquanto diga respeito à natureza forma de uma unidade particular humana) no cérebro. Uma vez mais, como sabem, o princípio vida controla o mecanismo por meio da corrente sanguínea, pois o sangue é vida, e usa o coração como seu órgão central; enquanto o princípio consciência usa o sistema nervoso como seu instrumento, com as intrincadas extensões do órgão da sensibilidade, a medula.
O objetivo da educação deveria ser, pois, o treinamento do mecanismo de resposta à vida da alma. O Eu superior, ou Alma, é a soma total da consciência da Mônada, novamente no tempo e espaço. O eu inferior ou alma é, para nossos fins, o tanto daquela soma total que qualquer pessoa, em qualquer vida, possa usar e expressar. Essa atividade está sujeita ao tipo e qualidade da natureza do corpo, ao mecanismo produzido pela atividade da alma em outras vidas, e ao efeito da reação às condições do ambiente. O aumento do despertar da consciência, o aprofundamento do fluxo da consciência, e o desenvolvimento de uma continuidade interior da consciência, além da evocação dos atributos e aspectos da alma no plano físico por meio de seu tríplice mecanismo, constituem o objetivo de toda educação. Esses aspectos são, como bem sabem:
1 – Vontade ou propósito. Isso, através da educação, deveria ser desenvolvido ao ponto de a vida manifestada ser governada pelo propósito consciente espiritual, e a tendência da vida ser corretamente orientada na direção da realidade.
A direção certa da vontade deveria ser uma das maiores preocupações de todos os verdadeiros educadores. A vontade para o bem, a vontade para a beleza e a vontade para servir deveriam ser cultivadas.
2 – Amor-sabedoria. Este é essencialmente o desabrochar da consciência do todo. Chamamo-la consciência grupal. Seu primeiro desenvolvimento é a autoconscientização, que é a percepção, pela alma, de que (nos três mundos da evolução humana) o homem é Três em Um e Um em Três. Ele pode, então, reagir aos grupos associados de vidas que constituem sua própria pequena aparência fenomênica; a autoconscientização é, portanto, um estágio em direção à consciência grupal e é a consciência do Imediato.
Por meio da educação esta autoconscientização deve ser desenvolvida até que o homem reconheça que sua consciência é parte integrante de um todo maior. Ele, então, se mescla com os interesses, as atividades e os objetivos grupais. Tornam-se finalmente seus e ele se torna consciente do grupo. Isto é amor. Leva à sabedoria, que é amor em atividade manifestada. O interesse pessoal torna-se interesse grupal. Tal deveria ser o principal objetivo de todo verdadeiro esforço educacional. O amor ao ego (autoconsciência), o amor aos que estão à nossa volta (consciência grupal), torna-se, finalmente, amor ao todo (consciência de Deus). Tais são os passos.
3 – Inteligência Ativa. Isto diz respeito ao desenvolvimento da natureza criativa do homem consciente, espiritual. Ela ocorre pelo correto uso da mente, com seu poder para intuir ideias, para responder a impactos, para interpretar, analisar e construir formas para revelação. Assim a alma do homem cria. Este processo criativo pode ser descrito, no que concerne a seus passos, como segue:
a) A alma cria seu corpo físico, sua aparência fenomênica, sua forma exterior.
b) A alma cria, no tempo e no espaço, de acordo com seus desejos. Dessa maneira, o segundo mundo de coisas fenomênicas vem à existência e nossa moderna civilização é o resultado desta atividade criativa da natureza desejo da alma, limitada pela forma. Ponderem sobre isso.
c) A alma cria pela ação direta da mente inferior, daí o aparecimento do mundo de símbolos que preenchem nossas vidas unidas com interesses, conceitos, ideias e beleza, pela palavra escrita, pela palavra falada e as artes criativas. Estes são os produtos do pensamento dos pensadores da raça.
A correta direção desta tendência já desenvolvida é a meta de toda educação verdadeira. A natureza das ideias, a maneira de as intuir, e as leis que deveriam governar todo trabalho criativo são seu intento e objetivos. Assim chegamos ao mundo dos atributos que suplementam a atividade dos três aspectos, do mesmo modo que os três raios maiores são realçados pelo trabalho dos quatro raios menores. Esses quatro desenvolvimentos atributivos no homem, por meio da atividade da alma em manifestação, são:
4 – O atributo da harmonia, produzida através do conflito. Isto conduz à libertação e ao poder final de criar. Este é um dos atributos com os quais a educação deveria lidar do ângulo da intuição e que deveria sustentar ante seus expoentes, como objetivo tanto da personalidade quanto do grupo. É o atributo latente em todas as formas e é aquela solicitação inata ou descontentamento que leva o homem a lutar, a progredir e evoluir, a fim de, finalmente, estabelecer sintonia e união com sua alma. É o aspecto mais inferior daquela tríade superior espiritual e monádica, que se reflete na alma. É a consciência da harmonia e a beleza que impulsiona a unidade humana ao longo do caminho da evolução, até o consequente retorno à sua Fonte emanante.
A educação deveria trabalhar, portanto, com essa insatisfação e interpretá-la para os que são ensinados, para que se possam entender uns aos outros e trabalhar inteligentemente.
5 – O atributo do conhecimento concreto, pelo qual o homem é capaz de concretizar seus conceitos e assim construir pensamentos-forma por onde materializar suas visões e seus sonhos e trazer suas ideias à existência. Isso ele faz através da atividade da mente concreta inferior.
O verdadeiro trabalho da educação é treinar o homem inferior na discriminação correta e na verdadeira sensibilidade para a visão, de maneira que ele possa construir fielmente segundo o propósito de sua alma e produzir na terra o que será sua contribuição para o todo. É precisamente aqui que o trabalho da educação moderna deve começar. O homem ainda não pode trabalhar com inteligência no mundo das ideias e dos modelos; ele ainda não é sensível aos verdadeiros valores espirituais. Essa é a meta do discípulo, mesmo que as massas não possam, todavia, funcionar nesses níveis. A primeira coisa que precisa ser feita é treinar a criança no uso correto da faculdade discriminatória e no poder da escolha e do objetivo dirigido. Ela deve ser levada a uma compreensão mais exata do propósito fundamental da existência e conduzida ao trabalho com sabedoria no campo da atividade criativa, o que significa, em última análise, no adequado uso da substância mental (a chitta de Patânjali). Assim, e somente assim, pode ser libertada do controle de sua natureza inferior.
6 – O atributo da devoção é o seguinte a ser considerado. A devoção cresce a partir (e é o fruto) da insatisfação, mais o uso da faculdade de escolha. De acordo com a profundeza do descontentamento de um homem e do seu poder de ver claramente, ele passa de um ponto de satisfação temporária a outro, demonstrando cada vez sua devoção a um desejo, a uma personalidade, a um ideal e a uma visão, até que, finalmente, ele se unifique com o ideal que representa a mais alta possibilidade para o homem. Este é, primeiramente, a alma; e depois a Superalma ou Deus.
Os educadores se deparam, pois, com a oportunidade de lidar, inteligentemente, com o idealismo inato, a ser encontrado em qualquer criança, e com a interessante tarefa de guiar o jovem do mundo a prosseguir de uma meta realizada à outra. Mas isto deverão eles fazer no futuro, do ângulo do objetivo final da alma e não, como no passado, do ângulo de um critério particular da educação nacional. Esse é um ponto importante, pois marcará a mudança da atenção do não essencial para o essencial.
7 – Finalmente, o atributo da ordem e a imposição de um ritmo estabelecidos através do desenvolvimento da faculdade inata de funcionamento sob objetivos e rituais dirigidos. Este particular atributo de divindade está agora superiormente desenvolvido em um aspecto, de maneira que temos hoje muita padronização da humanidade e a imposição autocrática de um ritmo ritualístico sobre a vida pública num grande número de países. Pode ser visto à perfeição na vida de nossas escolas públicas – mas é uma perfeição indesejável. Isso se deve, em parte, ao reconhecimento de que a unidade, ou o indivíduo, é apenas uma parte de um todo maior (reconhecimento muito necessário) e uma parte do desenvolvimento evolutivo da raça. Devido, entretanto, à nossa aplicação defeituosa de qualquer verdade nova, significa por enquanto a imersão daquela unidade no grupo, deixando-lhe pouca oportunidade para o livre desempenho da vontade, da inteligência, do propósito e da técnica da alma individual. Os educadores terão que trabalhar com este princípio do atributo inato e este instinto para o ritmo ordenado, tornando-o mais criativamente construtivo, assim provendo, por seu intermédio, um campo para o desenvolvimento dos poderes da mente.
Visão Cósmica da Educação - Parte Final
Inicialmente, dois pontos nortearão a nossa atenção:
1 – A Técnica da Educação do Futuro.
2 – A Ciência do Antakarana. Esta se refere ao modo de vencer o vazio que existe na consciência do homem entre o mundo da experiência humana comum, o mundo tridimensional da atividade física-emocional-mental, e os níveis superiores do chamado desenvolvimento espiritual, que é o mundo das idéias, da percepção intuitiva, da visão e compreensão espiritual.
I – A educação, até o presente, tem-se ocupado com a arte de sintetizar a história do passado, com a realização do passado em todos os departamentos do pensamento humano, e no conseguir registrar o conhecimento humano. Lida com aquelas formas de ciência das quais evoluiu o passado. E, primordialmente, uma visão retrospectiva e não uma visão prospectiva. Entretanto há muitas e notáveis exceções em tal atitude.
Divaguei até aqui com o escopo de infundir algumas das ideias básicas que deverão fundamentar as tendências educacionais. Estes pensamentos, reunidos àqueles já dados, constituem uma afirmação dos objetivos ante os educadores do mundo que julgarem merecedores de consideração. Anteriormente sugeri a meta. Agora uno aquela meta às possibilidades, uma vez que me referi aqui ao equipamento (aspectos e atributos) encontrado, em algum estágio do desenvolvimento, em todo ser humano. É com essas características e instintos que os futuros sistemas educacionais precisarão trabalhar. Não deverão trabalhar, como hoje o fazem, com o equipamento do cérebro e com os aspectos inferiores da mente; nem deverão pôr ênfase no esforço para imprimir, naquele cérebro e naquela mente, os assim chamados fatos do processo evolutivo e da investigação do plano físico.
Os comentários acima servirão para mostrar-lhes que o verdadeiro educador deveria estar trabalhando com energias num mundo de energia; que estas energias são magnetizadas e qualificadas por atributos divinos característicos, e que cada ser humano pode, portanto, ser considerado um agregado de energias, dominadas por algum tipo particular de energia que serve para torná-lo distinto entre seus companheiros, e que produz as diferenças entre os seres humanos. Se é verdade que há sete tipos principais de energia qualificando todas as formas, e essas, por sua vez, são subdivididas em quarenta e nove tipos de energia qualificada, a complexidade do problema emerge nitidamente. Se é verdade que todas essas energias distintas agem constantemente sobre a energia-substância (espírito-matéria), produzindo “as miríades de formas que caracterizam a forma de Deus” (Bhagavad Gita, XI), e que cada criança é a representação microcósmica (em algum estágio do desenvolvimento) do Macrocosmo, a magnitude do problema se torna evidente, e a dimensão da exigência do nosso serviço revelará, no mais alto grau, os poderes que qualquer ser humano pode expressar a um dado momento no tempo e no espaço.
Devem ter notado que estas palavras no tempo e no espaço têm aparecido repetidamente nestes ensinamentos. Por que isso? Porque é preciso ser constantemente lembrado que estamos vivendo no mundo da ilusão – uma ilusão temporária e transitória, que desaparecerá algum dia, levando consigo a ilusão da aparência, a ilusão do desenvolvimento evolutivo, a ilusão da separatividade e a ilusão da identidade distintiva – aquela ilusão que nos faz dizer eu sou. O educador do futuro iniciará seu serviço à criança pelo reconhecimento desta efêmera e transitória noção errônea da alma e lidará primordialmente com o aspecto mente, e não tanto com a imposição do conhecimento organizado revelado, relativo à existência fenomenológica, tal como a memória da criança é capaz de aprender. Como lhes poderia ilustrar, de maneira mais simples, esta mudança? Talvez destacando que, enquanto pais e tutores da criança desperdiçam muito tempo respondendo ou evitando indagações propostas pela consciência desperta da criança, tempo virá em que a situação se inverterá. Os pais irão ao encontro das exigências da inteligência incipiente da criança, através da constante indagação à criança: Por quê? Por que você pergunta isso? Por que á assim? – e desse modo sempre jogando sobre a criança a responsabilidade das respostas às perguntas, enquanto ao mesmo tempo, sutilmente, deixem a solução cair na mente da criança.
Este processo começará no quinto ano da vida da criança; a inteligência indagadora (que é a própria criança) será sempre forçada pelo professor à posição de busca interior, não à exigência exterior para uma resposta que pode ser memorizada e que se baseia na autoridade da pessoa mais velha. Se isto ainda lhes parece impossível, lembrem-se de que as crianças que virão, ou tiverem vindo à encarnação, normal e naturalmente responderão a esta evocação do elemento mental.
Uma das principais funções daqueles que treinam as mentes infantis da humanidade será determinar, o mais cedo possível na vida, qual das sete energias determinantes estará controlando em cada caso. A técnica a ser aplicada mais tarde será então construída sobre esta importante decisão inicial – daí, novamente, a crescente responsabilidade do educador. A nota e a qualidade de uma criança serão determinadas precocemente, e todo o seu treinamento planificado se desenvolverá a partir deste reconhecimento básico. Isto não é ainda possível, mas brevemente o será, quando a qualidade e a natureza do corpo etérico de qualquer indivíduo puder ser cientificamente descoberta. Esse desenvolvimento não está tão distante como se poderia supor ou antecipar.
O objetivo agora é lidar com a necessidade mais universal e mais imediata de preencher a lacuna entre os diferentes aspectos do eu inferior, a fim de que uma personalidade integrada emerja; e, então, de preencher a lacuna entre a alma e a tríade espiritual, para que assim possa haver o livre desempenho da consciência e a completa identificação com a Vida Una, levando assim à perda do sentido de separatividade e à fusão da parte no Todo, sem perda de identidade, mas sem reconhecimento de auto-identificação.
Aqui, um ponto interessante deveria ser cuidadosamente observado. Ele guarda a chave do futuro desenvolvimento racial. Para ele, a ciência da psicologia nos está preparando. Os estudantes deveriam treinar-se para distinguir entre o sutratma e o antakarana, entre o fio da vida e o fio da consciência. Um é a base da imortalidade e o outro é a base da continuidade. Aqui jaz uma excelente distinção para o pesquisador. Um fio (o sutratma) conecta e vivifica todas as formas num todo funcionante e personifica em si mesmo a vontade e o propósito da entidade manifestante, seja ela homem, Deus ou um Cristal. O outro fio (o antakarana) personifica a resposta da consciência, dentro da forma, a uma firme expansão gradativa de contatos no interior do todo envolvente.
O sutratma é a corrente direta de vida, intacta e imutável, que pode ser considerada, simbolicamente, como uma corrente direta de energia vivente fluindo do centro para a periferia, e da origem para a expressão externa ou a aparência fenomênica. É a vida. Gera o processo individual e o desenvolvimento evolutivo de todas as formas. É, portanto, o caminho da vida, que vem da mônada à personalidade, através da alma. Este é o fio da alma e é uno e indivisível. Ele transporta a energia da vida e encontra seu ancoradouro final no centro do coração do homem e em algum ponto focal central em todas as formas da expressão divina. Nada é e nada permanece senão a vida.
O fio da consciência (antakarana) é o resultado da união da vida e da substância ou das energias básicas que constituem a primeira diferenciação em tempo e espaço; isso ocasiona algo diferente, que somente emerge como uma terceira manifestação divina, depois que a união das dualidades básicas tenha tido lugar. É o fio que é tecido como um resultado do aparecimento da vida na forma sobre o plano físico. Falando simbolicamente outra vez, poderia ser dito que o sutratma trabalha de cima para baixo e é a precipitação da vida na manifestação exterior. O antakarana é tecido, evolui e é criado como o resultado desta criação primária e trabalha de baixo para cima, de fora para dentro, do mundo do fenômeno exotérico para o mundo do significado e das realidades subjetivas.
Este Caminho de Retorno, por meio do qual a humanidade se retira da ênfase exterior e começa a reconhecer e registrar aqueles conhecimentos de consciência interior daquilo que não é fenomênico, já atingiu (através do processo evolutivo) um ponto de desenvolvimento no qual alguns seres humanos podem seguir ao longo deste caminho, da consciência física à emocional e da emocional à mental. Essa parte do trabalho já está completada em muitos milhares de casos e o que é aqui requerido é o uso hábil e correto deste poder. Este fio de energia, colorido pela sensível resposta consciente, é mais tarde colorido pela consciência discriminatória da mente, e isso produz aquela integração interior que, finalmente, torna o homem um eficiente ser pensante. A princípio, esse fio é usado meramente para interesses egoístas inferiores; torna-se firmemente mais forte e mais potente à medida que o tempo passa, até que seja um fio definido, claro, resistente, vindo da vida física exterior, de um ponto dentro do cérebro, direto ao mecanismo interior. Este fio, entretanto, não é identificado com o mecanismo, mas com a consciência no homem. Por meio deste fio um homem se torna consciente de sua vida emocional em suas muitas formas (observem esta fraseologia), e através disso ele se torna consciente do mundo do pensamento; aprende a pensar e começa a funcionar conscientemente no plano mental no qual os pensadores da raça – em número firmemente crescente – vivem, se movem e têm o seu ser. Cada vez mais ele aprende a palmilhar este caminho da consciência e, em consequência, cessa sua identificação com a forma exterior animal e aprende a identificar-se com as qualidades e atributos interiores. Ele vive primeiro a vida de sonhos e depois a vida de pensamento. Então, chega o tempo quando este aspecto inferior do antakarana está completo e a primeira grande unidade consciente é consumada. O homem é uma personalidade viva, integrada, consciente. O fio da continuidade entre os três aspectos inferiores do homem é fixado e pode ser usado. Ele se estende, se tal termo pode ser usado (minha intenção é inteiramente pictórica), do centro da cabeça à mente, que é, por seu turno, um centro de energia no mundo do pensamento. Ao mesmo tempo, este antakarana é entretecido com o fio da vida ou o sutratma que emerge do centro do coração. O objetivo da evolução na forma está, agora, relativamente completo.
Quando este objetivo tenha sido alcançado, a sondagem sensitiva do universo ambiental prossegue ainda. O homem tece um fio que é como o fio que a aranha tece tão admiravelmente. Ele alcança mais longe ainda no seu possível ambiente e, então, descobre um aspecto de si mesmo do qual pouco havia sonhado nos estágios anteriores de seu desenvolvimento. Ele descobre a alma e então atravessa a ilusão da dualidade. Este é um estágio necessário, mas, não permanente.Caracteriza o aspirante deste ciclo mundial. Ele procura unir-se à alma, identificar a si mesmo, a personalidade consciente, com aquela sobrepujante alma. É neste ponto, tecnicamente falando, que a verdadeira construção do antakarana deve começar. É a ponte entre a personalidade e a alma.
O reconhecimento disto constitui o problema com que o moderno educador é levado a se deparar. É um problema que sempre existiu, mas que disse respeito ao indivíduo mais do que ao grupo. Agora concerne ao grupo, pois tantos dos filhos dos homens estão prontos para esta construção. Através das idades os indivíduos têm construído suas pontes individuais entre o superior e o inferior, mas tão vitorioso tem sido o processo evolutivo que hoje chegou a ocasião para uma compreensão grupal desta técnica emergente, para uma ponte grupal, levando a uma consequente revelação grupal. Isto proporciona a moderna oportunidade no campo da educação. Indica a responsabilidade do educador e destaca a necessidade de uma nova revelação nos métodos educacionais. O aspirante grupal precisa ser encontrado e o antakarana grupal deve ser construído. Isto, entretanto, quando corretamente compreendido, não negará o esforço individual. Este, sempre deve ser encontrado; mas a compreensão grupal ajudará o indivíduo cada vez mais.
1 – A Técnica da Educação do Futuro.
2 – A Ciência do Antakarana. Esta se refere ao modo de vencer o vazio que existe na consciência do homem entre o mundo da experiência humana comum, o mundo tridimensional da atividade física-emocional-mental, e os níveis superiores do chamado desenvolvimento espiritual, que é o mundo das idéias, da percepção intuitiva, da visão e compreensão espiritual.
I – A educação, até o presente, tem-se ocupado com a arte de sintetizar a história do passado, com a realização do passado em todos os departamentos do pensamento humano, e no conseguir registrar o conhecimento humano. Lida com aquelas formas de ciência das quais evoluiu o passado. E, primordialmente, uma visão retrospectiva e não uma visão prospectiva. Entretanto há muitas e notáveis exceções em tal atitude.
Divaguei até aqui com o escopo de infundir algumas das ideias básicas que deverão fundamentar as tendências educacionais. Estes pensamentos, reunidos àqueles já dados, constituem uma afirmação dos objetivos ante os educadores do mundo que julgarem merecedores de consideração. Anteriormente sugeri a meta. Agora uno aquela meta às possibilidades, uma vez que me referi aqui ao equipamento (aspectos e atributos) encontrado, em algum estágio do desenvolvimento, em todo ser humano. É com essas características e instintos que os futuros sistemas educacionais precisarão trabalhar. Não deverão trabalhar, como hoje o fazem, com o equipamento do cérebro e com os aspectos inferiores da mente; nem deverão pôr ênfase no esforço para imprimir, naquele cérebro e naquela mente, os assim chamados fatos do processo evolutivo e da investigação do plano físico.
Os comentários acima servirão para mostrar-lhes que o verdadeiro educador deveria estar trabalhando com energias num mundo de energia; que estas energias são magnetizadas e qualificadas por atributos divinos característicos, e que cada ser humano pode, portanto, ser considerado um agregado de energias, dominadas por algum tipo particular de energia que serve para torná-lo distinto entre seus companheiros, e que produz as diferenças entre os seres humanos. Se é verdade que há sete tipos principais de energia qualificando todas as formas, e essas, por sua vez, são subdivididas em quarenta e nove tipos de energia qualificada, a complexidade do problema emerge nitidamente. Se é verdade que todas essas energias distintas agem constantemente sobre a energia-substância (espírito-matéria), produzindo “as miríades de formas que caracterizam a forma de Deus” (Bhagavad Gita, XI), e que cada criança é a representação microcósmica (em algum estágio do desenvolvimento) do Macrocosmo, a magnitude do problema se torna evidente, e a dimensão da exigência do nosso serviço revelará, no mais alto grau, os poderes que qualquer ser humano pode expressar a um dado momento no tempo e no espaço.
Devem ter notado que estas palavras no tempo e no espaço têm aparecido repetidamente nestes ensinamentos. Por que isso? Porque é preciso ser constantemente lembrado que estamos vivendo no mundo da ilusão – uma ilusão temporária e transitória, que desaparecerá algum dia, levando consigo a ilusão da aparência, a ilusão do desenvolvimento evolutivo, a ilusão da separatividade e a ilusão da identidade distintiva – aquela ilusão que nos faz dizer eu sou. O educador do futuro iniciará seu serviço à criança pelo reconhecimento desta efêmera e transitória noção errônea da alma e lidará primordialmente com o aspecto mente, e não tanto com a imposição do conhecimento organizado revelado, relativo à existência fenomenológica, tal como a memória da criança é capaz de aprender. Como lhes poderia ilustrar, de maneira mais simples, esta mudança? Talvez destacando que, enquanto pais e tutores da criança desperdiçam muito tempo respondendo ou evitando indagações propostas pela consciência desperta da criança, tempo virá em que a situação se inverterá. Os pais irão ao encontro das exigências da inteligência incipiente da criança, através da constante indagação à criança: Por quê? Por que você pergunta isso? Por que á assim? – e desse modo sempre jogando sobre a criança a responsabilidade das respostas às perguntas, enquanto ao mesmo tempo, sutilmente, deixem a solução cair na mente da criança.
Este processo começará no quinto ano da vida da criança; a inteligência indagadora (que é a própria criança) será sempre forçada pelo professor à posição de busca interior, não à exigência exterior para uma resposta que pode ser memorizada e que se baseia na autoridade da pessoa mais velha. Se isto ainda lhes parece impossível, lembrem-se de que as crianças que virão, ou tiverem vindo à encarnação, normal e naturalmente responderão a esta evocação do elemento mental.
Uma das principais funções daqueles que treinam as mentes infantis da humanidade será determinar, o mais cedo possível na vida, qual das sete energias determinantes estará controlando em cada caso. A técnica a ser aplicada mais tarde será então construída sobre esta importante decisão inicial – daí, novamente, a crescente responsabilidade do educador. A nota e a qualidade de uma criança serão determinadas precocemente, e todo o seu treinamento planificado se desenvolverá a partir deste reconhecimento básico. Isto não é ainda possível, mas brevemente o será, quando a qualidade e a natureza do corpo etérico de qualquer indivíduo puder ser cientificamente descoberta. Esse desenvolvimento não está tão distante como se poderia supor ou antecipar.
O objetivo agora é lidar com a necessidade mais universal e mais imediata de preencher a lacuna entre os diferentes aspectos do eu inferior, a fim de que uma personalidade integrada emerja; e, então, de preencher a lacuna entre a alma e a tríade espiritual, para que assim possa haver o livre desempenho da consciência e a completa identificação com a Vida Una, levando assim à perda do sentido de separatividade e à fusão da parte no Todo, sem perda de identidade, mas sem reconhecimento de auto-identificação.
Aqui, um ponto interessante deveria ser cuidadosamente observado. Ele guarda a chave do futuro desenvolvimento racial. Para ele, a ciência da psicologia nos está preparando. Os estudantes deveriam treinar-se para distinguir entre o sutratma e o antakarana, entre o fio da vida e o fio da consciência. Um é a base da imortalidade e o outro é a base da continuidade. Aqui jaz uma excelente distinção para o pesquisador. Um fio (o sutratma) conecta e vivifica todas as formas num todo funcionante e personifica em si mesmo a vontade e o propósito da entidade manifestante, seja ela homem, Deus ou um Cristal. O outro fio (o antakarana) personifica a resposta da consciência, dentro da forma, a uma firme expansão gradativa de contatos no interior do todo envolvente.
O sutratma é a corrente direta de vida, intacta e imutável, que pode ser considerada, simbolicamente, como uma corrente direta de energia vivente fluindo do centro para a periferia, e da origem para a expressão externa ou a aparência fenomênica. É a vida. Gera o processo individual e o desenvolvimento evolutivo de todas as formas. É, portanto, o caminho da vida, que vem da mônada à personalidade, através da alma. Este é o fio da alma e é uno e indivisível. Ele transporta a energia da vida e encontra seu ancoradouro final no centro do coração do homem e em algum ponto focal central em todas as formas da expressão divina. Nada é e nada permanece senão a vida.
O fio da consciência (antakarana) é o resultado da união da vida e da substância ou das energias básicas que constituem a primeira diferenciação em tempo e espaço; isso ocasiona algo diferente, que somente emerge como uma terceira manifestação divina, depois que a união das dualidades básicas tenha tido lugar. É o fio que é tecido como um resultado do aparecimento da vida na forma sobre o plano físico. Falando simbolicamente outra vez, poderia ser dito que o sutratma trabalha de cima para baixo e é a precipitação da vida na manifestação exterior. O antakarana é tecido, evolui e é criado como o resultado desta criação primária e trabalha de baixo para cima, de fora para dentro, do mundo do fenômeno exotérico para o mundo do significado e das realidades subjetivas.
Este Caminho de Retorno, por meio do qual a humanidade se retira da ênfase exterior e começa a reconhecer e registrar aqueles conhecimentos de consciência interior daquilo que não é fenomênico, já atingiu (através do processo evolutivo) um ponto de desenvolvimento no qual alguns seres humanos podem seguir ao longo deste caminho, da consciência física à emocional e da emocional à mental. Essa parte do trabalho já está completada em muitos milhares de casos e o que é aqui requerido é o uso hábil e correto deste poder. Este fio de energia, colorido pela sensível resposta consciente, é mais tarde colorido pela consciência discriminatória da mente, e isso produz aquela integração interior que, finalmente, torna o homem um eficiente ser pensante. A princípio, esse fio é usado meramente para interesses egoístas inferiores; torna-se firmemente mais forte e mais potente à medida que o tempo passa, até que seja um fio definido, claro, resistente, vindo da vida física exterior, de um ponto dentro do cérebro, direto ao mecanismo interior. Este fio, entretanto, não é identificado com o mecanismo, mas com a consciência no homem. Por meio deste fio um homem se torna consciente de sua vida emocional em suas muitas formas (observem esta fraseologia), e através disso ele se torna consciente do mundo do pensamento; aprende a pensar e começa a funcionar conscientemente no plano mental no qual os pensadores da raça – em número firmemente crescente – vivem, se movem e têm o seu ser. Cada vez mais ele aprende a palmilhar este caminho da consciência e, em consequência, cessa sua identificação com a forma exterior animal e aprende a identificar-se com as qualidades e atributos interiores. Ele vive primeiro a vida de sonhos e depois a vida de pensamento. Então, chega o tempo quando este aspecto inferior do antakarana está completo e a primeira grande unidade consciente é consumada. O homem é uma personalidade viva, integrada, consciente. O fio da continuidade entre os três aspectos inferiores do homem é fixado e pode ser usado. Ele se estende, se tal termo pode ser usado (minha intenção é inteiramente pictórica), do centro da cabeça à mente, que é, por seu turno, um centro de energia no mundo do pensamento. Ao mesmo tempo, este antakarana é entretecido com o fio da vida ou o sutratma que emerge do centro do coração. O objetivo da evolução na forma está, agora, relativamente completo.
Quando este objetivo tenha sido alcançado, a sondagem sensitiva do universo ambiental prossegue ainda. O homem tece um fio que é como o fio que a aranha tece tão admiravelmente. Ele alcança mais longe ainda no seu possível ambiente e, então, descobre um aspecto de si mesmo do qual pouco havia sonhado nos estágios anteriores de seu desenvolvimento. Ele descobre a alma e então atravessa a ilusão da dualidade. Este é um estágio necessário, mas, não permanente.Caracteriza o aspirante deste ciclo mundial. Ele procura unir-se à alma, identificar a si mesmo, a personalidade consciente, com aquela sobrepujante alma. É neste ponto, tecnicamente falando, que a verdadeira construção do antakarana deve começar. É a ponte entre a personalidade e a alma.
O reconhecimento disto constitui o problema com que o moderno educador é levado a se deparar. É um problema que sempre existiu, mas que disse respeito ao indivíduo mais do que ao grupo. Agora concerne ao grupo, pois tantos dos filhos dos homens estão prontos para esta construção. Através das idades os indivíduos têm construído suas pontes individuais entre o superior e o inferior, mas tão vitorioso tem sido o processo evolutivo que hoje chegou a ocasião para uma compreensão grupal desta técnica emergente, para uma ponte grupal, levando a uma consequente revelação grupal. Isto proporciona a moderna oportunidade no campo da educação. Indica a responsabilidade do educador e destaca a necessidade de uma nova revelação nos métodos educacionais. O aspirante grupal precisa ser encontrado e o antakarana grupal deve ser construído. Isto, entretanto, quando corretamente compreendido, não negará o esforço individual. Este, sempre deve ser encontrado; mas a compreensão grupal ajudará o indivíduo cada vez mais.
Coordenação e Integração
Até aqui nos ocupamos com generalizações relativas a como o processo educacional seria aplicado mais tarde; com o mecanismo mental que fica sob treinamento definido e planejado; e que é subjetiva e superconscientemente influenciado durante o processo. Presumo que já perceberam a necessidade da construção do antakarana e deste trabalho de construção da ponte. É também sábio aceitar o fato de que estamos na posição de começar o processo definido de construir o elo, ou ponte, entre os vários aspectos da natureza do homem, a fim de que, em lugar de diferenciação haja unidade, e em lugar de uma atenção fluída, instável, dirigida aqui e ali para o campo da matéria vivente e das relações emocionais, aprendamos a controlar a mente e a diminuir as divisões, e assim possamos dirigir, à vontade, a atenção inferior em qualquer forma desejada. Dessa maneira todos os aspectos do homem, espirituais e naturais, poderão ser focalizados quando necessários.
Este trabalho já está parcialmente feito. A humanidade, como um todo, já preencheu a lacuna entre a natureza astral, emocional, e o homem físico.
Deve ser observado aqui que a ponte precisa ser feita no aspecto consciência e diz respeito à continuidade da percepção da vida pelo homem, em todos os vários aspectos dele. A energia usada ao conectar, na consciência, o homem físico e o corpo astral, está focalizada no plexo solar. Falando em termos simbólicos, muitos hoje estão levando avante essa ponte e unindo a mente com os dois aspectos já ligados. Esse fio de energia, ou emana da, ou é ancorado na cabeça. Uns poucos estão unindo firmemente a alma e a mente que, por sua vez, está unida a outros dois aspectos. A energia da alma, quando unida com os outros fios, tem sua âncora no coração. Muitos poucos (os iniciados do mundo), tendo efetuado todas as sínteses inferiores, estão agora ocupados em produzir uma união ainda mais alta com aquela tríplice Realidade que usa a alma como um meio de expressão, da mesma forma que a alma, por sua vez, está se esforçando para usar sua sombra, o tríplice homem inferior.
Estas distinções e unificações são questões de forma, símbolos na linguagem falada, e são usadas para expressar eventos e acontecimentos no mundo das energias e forças em conexão com as quais o homem está definitivamente envolvido. É a essas unificações que nos referimos quando o assunto da iniciação é considerado.
O fio da vida, o cordão de prata ou sutratma, é, na medida em que se refere ao homem, de natureza dual. O fio da vida, propriamente, que é um dos dois fios que constituem o antakarana, é ancorado no coração, enquanto que o outro fio, que personifica o princípio da consciência, é ancorado na cabeça. No trabalho do ciclo evolutivo, entretanto, o homem tem de repetir o que Deus já fez. Ele mesmo deve criar em ambos os mundos, o da consciência e o da vida. Como uma aranha, o homem tece fios de conexão e assim estabelece a ponte e faz contato com seu ambiente, daí ganhando experiência e sustentação. O símbolo da aranha é, frequentemente, usado nos antigos livros de ocultismo e nas escrituras da Índia em relação a essa atividade do ser humano. Os fios que o homem cria são tríplices e com os dois fios básicos que foram criados pela alma, constituem os cinco tipos de energia que fazem do homem um ser humano consciente. Os fios tríplices criados pelo homem são ancorados no plexo solar, na cabeça e no coração. Quando o corpo astral e a natureza da mente começam a funcionar como uma unidade e a alma também se conjuga conscientemente (não esqueçam que ela é sempre inconscientemente ligada), uma extensão deste fio quíntuplo – os dois básicos e os três humanos – é levado ao centro da garganta; quando isso ocorre, o homem pode se tornar um criador consciente no plano físico. Destas linhas maiores de energia, linhas menores podem irradiar à vontade. É sobre este conhecimento que todo o futuro desenvolvimento psíquico inteligente deve ser baseado.
No parágrafo acima em suas implicações vocês têm uma breve e inadequada afirmação relativa à Ciência do Antakarana. Tentei expressá-la em termos simbólicos, que transmitirão às suas mentes, alguma idéia geral do processo. Podemos aprender muito através do uso da imaginação pictória e visual. Muitos aspirantes já estabeleceram os seguintes liames ao construir o antakarana:
1 – Do físico ao corpo vital ou etérico. Esse é na realidade uma extensão do fio da vida entre o coração e o baço.
2 – Do físico e do vital, considerando-os como uma unidade, ao veículo astral ou emocional. Este fio emana do plexo solar ou nele é ancorado, e é levado para cima por meio da aspiração, até ele próprio ancorar-se nas pétalas do amor do lótus egoico.
3 – Dos veículos físico e astral ao corpo mental. Um terminal é ancorado na cabeça e o outro nas pétalas do conhecimento do lótus egoico, sendo levado avante por um ato da vontade.
É necessário, portanto, que compreendamos o fato de que:
1 – A nova educação estará primordialmente relacionada com o estabelecimento científico e consciente da ponte entre os vários aspectos do ser humano, produzindo assim a coordenação e a síntese e uma intensificada expressão da consciência por meio do estabelecimento das corretas linhas de energia.
2 – A tarefa da nova educação é, por conseguinte, a coordenação da personalidade, trazendo-a, finalmente, á união com a alma.
3 – A nova educação lidará com as leis do pensamento e as analisará e interpretará, porque a mente será considerada como o elo entre a alma e o cérebro. Essas leis são os meios pelos quais:
a) Idéias são intuídas.
b) Ideais são promulgados.
c) Os conceitos mentais ou pensamentos-forma são construídos e, no devido tempo, farão telepaticamente seu impacto sobre as mentes dos homens.
4 – A nova educação organizará e desenvolverá a mente concreta inferior.
5 – Ela ensinará o ser humano a pensar a partir dos universais para os particulares, bem como a empreender a análise dos particulares. Haverá, consequentemente, nas escolas futuras, menor ênfase no treinamento da memória. O interesse ajudará grandemente o desejo de relembrar.
6 – A nova educação fará de um homem um bom cidadão, desenvolvendo os aspectos racionais de sua consciência e de sua vida, ensinando-o a usar seu equipamento herdado, adquirido e enriquecido para a demonstração da consciência e atitudes sociais.
7 – Acima de tudo o mais, os educadores da nova era esforçar-se-ão para ensinar ao homem a ciência da unificação dos três aspectos de si mesmo que são cobertos pelo título geral de aspectos mentais:
a) A mente concreta inferior
b) O Filho da Mente, A Alma ou Ego
c) A mente superior, abstrata ou intuitiva
Ou
a) A mente receptiva ou o senso comum
b) A mente individualizada
c) A mente Iluminadora
8 – Os educadores na nova era lidarão com os processos ou métodos a serem empregados no preenchimento das lacunas de consciência entre os diferentes aspectos. Dessa maneira a Ciência do Antakarana será definitivamente trazida à atenção do público.
9 – A extensão deste conceito do estabelecimento da ponte será desenvolvido para incluir não apenas a história interior do homem, mas também para ligá-lo aos seus semelhantes em todos os níveis.
10 – Incluirá também o treinamento do mecanismo humano para responder aos impactos da vida e à alma. Esta alma é essencialmente inteligência, vitalmente usada em cada plano. Age como a mente discriminadora no plano mental, como consciência sensível no plano emocional, e como o participador ativo na vida física. Essa atividade inteligente é sempre usada do ângulo da sabedoria.
11 – A nova educação levará em consideração:
a) A mente e sua relação com o corpo de energia, o corpo etérico, que suporta o sistema nervoso e que galvaniza o corpo físico à atividade.
b) A mente e sua relação com o cérebro.
c) A mente e sua relação com os sete centros de força no corpo etérico e sua exteriorização e utilização por meio dos principais plexos nervosos a serem encontrados no corpo humano; e sua relação (que se tornará crescentemente óbvia) com as glândulas endócrinas.
d) O cérebro como um fator coordenador no corpo denso, e sua capacidade para dirigir as atividades do homem através do sistema nervoso.
A educação está começando a dar alguma atenção à natureza da mente e às leis do pensamento. Com relação a isso, muito devemos à psicologia e à filosofia. Há também um crescente interesse na Ciência da Endocrinologia como um meio material de produzir mudanças, geralmente em crianças deficientes ou imbecis. Entretanto, até que os modernos educadores comecem a admitir a possibilidade de que existam unidades centrais no homem que jazem sob o mecanismo tangível, e admitam, também, a possibilidade de uma casa de força central de energia por trás da mente, o progresso na educação estará relativamente estacionário; a criança não receberá o treinamento inicial, nem as idéias fundamentais que a capacitarão a ser um ser humano inteligente, autodirigido. A psicologia, com sua ênfase nos três aspectos do homem – pensamento, sensação emocional e o organismo físico – já deu uma contribuição vital e está fazendo muito para efetuar mudanças radicais em nossos sistemas educacionais. Muito resta a ser feito. A interpretação dos homens em termos de energia e a absorção dos sete tipos de energia que determinam um homem e suas atividades produzirão mudanças imediatas.
Todo trabalho feito agora é, definitivamente, trabalho de transição e, portanto, bastante difícil. Indica um processo de ligação entre o velho e o novo e apresentaria dificuldades quase insuperáveis, não fosse o fato de as duas gerações vindouras produzirem os tipos de egos competentes para lidar com o problema. Um processo de equilíbrio está em formação neste período intermediário, e a isso o educador moderno deveria prestar a devida atenção.
Posso, talvez, indicar a natureza deste processo. Afirmei que a alma se ancora no corpo em dois pontos:
1
– Há um fio de energia, que chamamos aspecto vida, ou espírito,
ancorado no coração. Ele usa a corrente sanguínea, como é bem conhecido,
como seu agente distribuidor e, através do sangue, a energia da vida
leva poder regenerador e energia coordenadora para todo o organismo
físico e mantém o corpo como um todo.
2 – Há um fio de energia, que chamamos aspecto consciência ou faculdade de conhecimento da alma, ancorado no centro da cabeça. Ele controla o mecanismo de resposta que chamamos cérebro e, por meio dele, dirige a atividade e induz a percepção por todo o corpo, por meio do sistema nervoso.
2 – Há um fio de energia, que chamamos aspecto consciência ou faculdade de conhecimento da alma, ancorado no centro da cabeça. Ele controla o mecanismo de resposta que chamamos cérebro e, por meio dele, dirige a atividade e induz a percepção por todo o corpo, por meio do sistema nervoso.
Estes dois fatores energéticos, que são reconhecidos pelo ser humano como vida e conhecimento, ou como energia vivificante e inteligência, são dois pólos da existência de uma criança. A tarefa à sua frente é desenvolver, conscientemente, o meio ou o aspecto equilibrador, que é amor ou relacionamento grupal, para que o conhecimento seja subordinado à necessidade e aos interesses do grupo, e que a energia vivificante possa tornar-se consciente e intencionalmente do todo grupal. Ao fazer isso, um equilíbrio verdadeiro será alcançado e realizado pelo reconhecimento de que o Caminho do Serviço é uma técnica científica para alcançar-se equilíbrio. Os educadores devem, portanto, manter em mente três coisas neste atual período de transição:
1 – Reorientar o conhecimento, o aspecto consciência ou o senso de percepção na criança, de maneira que ela compreenda que tudo que lhe tenha sido, ou esteja sendo, ensinado, desde a infância, visa ao bem dos outros, mais do que ao seu próprio. Será treinada, por isso, a definitivamente olhar à frente. O conhecimento do passado histórico da raça ser-lhe-á dado do ângulo do crescimento racial em consciência, e não tanto do ângulo dos fatos de alcance material ou agressivo, como é agora o caso. Uma vez que o passado, na mente infantil, é correlacionado com o presente, sua capacidade para relacionar, unificar e ligar, nos diferentes aspectos de sua vida e nos vários planos, será desenvolvida.
2 – Ensinar-lhe que a vida, que ela sente pulsando em suas veias, é apenas parte da vida total, pulsando em todas as formas, em todos os reinos da natureza, em todos os planetas e no sistema solar. Aprenderá que compartilha com tudo o que existe e, por isso, uma verdadeira Fraternidade de sangue pode ser encontrada em toda parte. Consequentemente, desde bem cedo em sua vida poderá ser-lhe ensinado o relacionamento, e isto a criancinha será capaz de reconhecer mais rapidamente do que o adulto comum, treinado nas maneiras e atitudes dos velhos tempos. Quando estas duas realidades – responsabilidade e parentesco – forem inculcadas na criança desde a infância, então o terceiro objetivo da nova educação surgirá com maior facilidade.
3 – A unificação do impulso da vida e da ânsia pelo conhecimento, na consciência, levará finalmente, a uma atividade planejada. Esta atividade planejada constituir-se-á em serviço, e por sua vez, fará três coisas pela criança que for ensinada a praticá-la:
a) Servirá como um fator direcional dos primeiros anos indicando, finalmente, vocação e ocupação, auxiliando, assim, na escolha de uma carreira.
b) Induzirá ao que houver de melhor na criança e fará dela um centro magnético radiante, onde estiver. Torná-la-á capaz de atrair aos que possam ajudá-la, ou serem ajudados por ela, àqueles que poderão servi-la ou a quem poderá servir melhor.
c) Torná-la-á, por isso, decididamente criativa e assim capacitá-la-á para tecer aquele fio de energia que, quando reunido ao fio da vida e ao da consciência, unirá cabeça, coração e garganta em um só meio unificado e funcionante.
O atendimento aos três requisitos mencionados será o primeiro passo (feito em escala racial) para a construção do antakarana ou ponte entre:
1 – Os vários aspectos da natureza forma.
2 – A personalidade e a alma.
3 – O homem e os outros seres humanos.
4 – O homem como um membro da família humana e seu mundo circundante.
Percebemos, assim, que essa educação deverá dizer respeito basicamente às relações e inter-relações, à ligação com o estabelecimento da ponte ou cura das rupturas e, assim, à restauração da unidade, ou síntese. O estabelecimento da Ciência das Corretas Relações é o próximo passo imediato no desabrochar mental da raça. É a principal atividade da nova educação.
Fritjof Capra diz em “Teia da Vida” que “...na verdade, somos um só... Reconectar-se com a teia da vida significa construir, nutrir e educar comunidades sustentáveis, nas quais podemos satisfazer nossas aspirações e nossas necessidades sem diminuir as chances das gerações futuras”.
AÇÃO NO PRESENTE
“A busca de novos caminhos é o problema mais imperativo. Devido às condições extraordinárias do futuro, será impossível prosseguir pelos velhos caminhos. Todos os novos devem ter isto presente. É terrível quando as pessoas não sabem sair do caminho velho. E o mais terrível é quando as pessoas se aproximam de novas condições com seus velhos hábitos. Da mesma maneira como é impossível abrir uma fechadura moderna com uma chave medieval, também é impossível aos homens com velhos hábitos, abrir a porta para o futuro.” ( Agni Ioga, Infinito)
“Entre os assuntos escolares, que sejam ensinados os fundamentos da astronomia, mas que ela seja apresentada como o limiar dos mundos distantes. Assim, as escolas semearão os primeiros pensamentos sobre a vida nos mundos distantes. O espaço se tornará vivo, a astro química e os raios completarão a noção da magnitude do Universo. Os corações jovens se sentirão não como formigas sobre a crosta terrestre, mas como portadores do espírito responsável pelo planeta.” (Idem, Comunidade)
A “Declaração de Chicago sobre a Educação”, de 1991, assinada por oitenta educadores do mundo inteiro, entre eles os representantes dos métodos Montessori e Waldorf, declara que:
“Ao aproximarmos do Século XXI, muitas de nossas instituições e profissões estão entrando num período de profundas mudanças. Nós, os educadores, estamos começando a reconhecer que a estrutura, propósito e métodos de nossa profissão foram desenhadas para um período histórico que agora se aproxima do seu fim. Chegou o momento de transformar a educação para tratar os desafios humanos e do meio ambiente aos quais nos defrontamos.
Cremos que a educação para esta nova era será e deverá ser holística. A perspectiva holística é o reconhecimento de que toda a vida sobre este planeta se encontra interconectada de inumeráveis formas profundas e sutis. A visão da Terra solta na solidão do vazio negro do espaço realça a importância de uma perspectiva global para nos ocuparmos das realidades sociais e educativas. A educação deve alimentar o respeito para com a comunidade global da humanidade.
O holismo acentua o desafio de criar uma sociedade sustentável, justa e pacífica em harmonia com a terra e sua vida. Implica uma sensibilidade ecológica, um profundo respeito pelas culturas tanto indígenas como modernas, assim como pela diversidade de formas de vida no planeta. O holismo busca expandir a forma que temos de olhar nós mesmos e nossa relação com o mundo, celebrando nossos potenciais humanos inatos – o intuitivo, emocional, físico, imaginativo e criativo, assim como o racional, o lógico e o verbal.
A educação holística reconhece que o ser humano busca significado, não somente dados ou conhecimentos, como um aspecto intrínseco de seu pleno e são desenvolvimento. Cremos que somente os seres humanos sãos e plenos podem criar uma sociedade sã. A educação holística nutre as aspirações mais elevadas do espírito humano.
A educação holística não consiste num programa e metodologia específicos; é um conjunto de hipóteses de trabalho que inclui o seguinte:
1. A educação é uma relação humana dinâmica e aberta.
2. A educação cultiva uma consciência crítica dos numerosos contextos das vidas dos alunos – morais, culturais, ecológicos, econômicos, tecnológicos, políticos.
3. Todas as pessoas têm um enorme potencial multifacetado que somente estamos começando a compreender. A inteligência humana se expressa através de diversos estilos e capacidades, os quais são necessários respeitar.
4. O pensamento holístico implica formas de conhecimentos contextuais, intuitivas, criativas e físicas.
5. O aprendizado é um processo que dura a vida toda. Todas as situações vitais podem facilitar este aprendizado.
6. O aprendizado é por sua vez um processo de autodescobrimento e uma atividade cooperativa.
7. O aprendizado é ativo, automotivado, sustentador e alentador para o espírito humano.
8. Um programa holístico é interdisciplinar, integrando por sua vez perspectivas comunitárias e globais. (Global Alliance for Transforming Education)
Dos métodos educacionais mundialmente utilizados, o Montessori, o Waldorf e o Robert Muller são os que mais se aproximam do nosso escopo. Com base neles, daremos os primeiros passos para o estabelecimento da Visão Cósmica da Educação – A Educação na Nova Era, um conjunto de ferramentas aptas a permitir que o estudante abra o portal de acesso ao reino subjetivo da vida e entre nele, tornando-se um cidadão consciente deste reino, podendo viver e trabalhar nele com total desenvoltura, ancorando firmemente no seu meio ambiente novas e corretas relações humanas.
Docemente, a Dra. Maria Montessori observa na sua “Carta aos Governos”:
“Minha vida foi dedicada à busca da verdade. Através do estudo das crianças escrutei a natureza humana na sua origem, tanto no Oriente como no Ocidente, e embora já se passaram quarenta anos desde que comecei meu trabalho, a infância continua me parecendo uma fonte inesgotável de revelações e, permitam-me dizer, de esperança.
A infância mostrou-me que toda a humanidade é uma. Todas as crianças falam mais ou menos na mesma idade, sem contar sua raça, ou suas circunstâncias, ou sua família; caminham, trocam os dentes, etc, em certos períodos fixos de suas vidas. Também noutros aspectos, especialmente no campo físico, são semelhantes e susceptíveis.
As crianças são os construtores de homens, e os constroem tomando a linguagem, a religião, os costumes e peculiaridades de seu ambiente, não somente da raça, não somente da nação, mas também do distrito específico no qual se desenvolveram.
A infância constrói com aquilo que encontra. Se o material é pobre, a construção também é pobre. No que concerne à civilização, a criança está no nível dos que recolhem alimento.
Para construir-se a si mesma tem de colher, ao acaso, qualquer coisa que encontre no seu ambiente.
A criança é o cidadão esquecido e, entretanto, se os homens de Estado e os educadores chegassem a compreender a terrível força que reside na infância, para o bem ou para o mal, creio que dariam a ela prioridade acima de qualquer coisa.
Todos os problemas da humanidade dependem do próprio homem; se o homem não é considerado na sua construção, na sua formação, os problemas nunca serão resolvidos.
Nenhuma criança é um “bolchevique” ou um fascista ou um democrata; todas se convertem no que as circunstâncias ou o entorno as transformam.
Nos nossos dias quando, apesar das terríveis lições de duas guerras mundiais, os tempos futuros se avizinham tão obscuros como sempre, tenho a firme crença de que deve ser explorado outro campo, além dos da economia e da ideologia. Trata-se do estudo do homem – não de um homem adulto sobre o qual qualquer chamamento esteja desaproveitado. Este, economicamente inseguro, mantém-se confuso na voragem de idéias conflitantes e se lança agora de um lado a outro. O homem deve ser cultivado desde o começo da vida, quando os grandes poderes da natureza estão ativos. É então, quando alguém pode ter esperança de planejar para um melhor entendimento internacional” (Hollistic Education Review, Vol. 4)
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Lisa Teixeira
Abril / 2013