A Busca de um Novo Tempo - EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A Busca de um Novo Tempo

A caminhada do João-de-barro (Furnarius rufus). Foto: Cláudio J. Gontijo/Margem do Rio das Velhas

Evoluindo a partir de meados do século passado, a escola nova descentralizou a transmissão de conteúdos e propôs uma nova metodologia, baseada em temas contextualizados e na participação efetiva do aluno no processo de ensino-aprendizagem. O professor deixa de ser, exclusivamente, o detentor do conhecimento, para assumir a figura de um mediador e promotor do debate contínuo, que se forma em função dos questionamentos lançados. Esta é a realidade estampada nas salas de aula, no momento em que surge a necessidade, inadiável, do aprimoramento da Educação Ambiental.

O meio ambiente em degradação, o esgotamento dos recursos naturais, as modificações nefastas ocorridas no clima, criam a preocupação generalizada com os rumos dos ecossistemas, ao mesmo tempo em que depositam a esperança de transformações benéficas, ancoradas na formação de uma nova geração, mais consciente, crítica e com possibilidades transformadoras.

A Educação Ambiental parece ser uma tarefa ampla e complexa. É responsabilidade de toda a comunidade, não só dos professores. A escola nunca deve transformar-se em uma ilha dentro do processo de ensino-aprendizagem. Os bons exemplos de preservação da fauna e flora, reciclagem e recomposição de áreas degradadas devem vir de todos e, necessariamente, trabalhados com os alunos. O trabalho de campo, as aulas práticas, a interatividade, as relações interpessoais, são fundamentais para a boa assimilação dos jovens.

Mas, infelizmente, não basta somente uma ação focalizada no ensino escolar. É provável que construiremos pouco, se não experimentarmos uma mudança de postura que alcance os meios de produção e a sociedade como um todo. O aprendiz maior das escolas não encontra apenas o conteúdo da grade curricular. Atualmente vive mergulhado em um ambiente que lhe proporciona múltiplas informações. Portanto, é importante e fundamental que avancemos todos; pais, administradores, professores, terapeutas, operários, nesta busca pela criação de um novo momento preservacionista.

Natureza Aflita

"A corrida imobiliária desenfreada e os novos assentamentos urbanos estão, cada vez mais, colocando o homem e a natureza em risco.
À medida que construimos em locais de encostas íngremes, em terrenos de grande instabilidade, nos flancos das grandes elevações, nas proximidades da planície aluvial de rios ou nas áreas de influência de córregos e drenagens estaremos correndo o risco de perder os nossos investimentos e as nossas vidas.
Estas são áreas onde os deslizamentos de terra se sucedem ao longo dos anos.
A cada ano, invariavelmente, as notícias se repetem. Sempre nas épocas das chuvas os escorregamentos em áreas urbanas com forte declividade são responsáveis por inúmeras tragédias como a que vimos ocorrer em Angra dos Reis e na Ilha Grande, na virada do ano de 2009.
A grande ironia é que todos esses dramas e suas danosas consequências são, quase sempre, totalmente previsíveis e, muitas vezes, evitáveis".
A opinião é do Geólogo Pedro Jacob.

Em Angra do Reis e Ilha Grande mais de 50 pessoas morreram soterradas pelos deslizamentos.

Os ecossistemas evoluem a partir da instalação de uma espécie pioneira ( algas e fungos ) em uma região de solos pobres em nutrientes. Todo este processo pode levar milhares de anos em curso até a instalação de um sistema biodiverso, como uma floresta, por exemplo. O estágio final é chamado de comunidade clímax, onde tudo o que foi formado se equilibra harmonicamente.

Talvez o grande erro do homem seja o de julgar que é capaz de interferir na organização dos biomas e reequilibrá-los com medidas artificiais. Desta forma, as matas ciliares e a vegetação das encostas são derrubadas, substâncias tóxicas são lançadas no solo e nos cursos d'água, volumes cada vez maiores de gases venenosos são despejados na atmosfera.

O grande objetivo da exploração dos recursos naturais é a atividade econômica e a necessidade de lucros cada vez mais ilimitados. Mas o lucro pressupõe controle de gastos. E o desfecho final é o retoque mal planejado, direcionado para a não recomposição do que foi retirado.

O planeta não é uma fonte inesgotável e todos sabem disto. Os animais, a vegetação, a água, o ar, vão se modificando; a corrente se parte, a cadeia vai se fechando. E o futuro, para os grandes empreendedores... ainda é algo distante.

Religar

A Garça-branca. Foto: Cláudio J. Gontijo/Lagoa Paulino/Sete Lagoas-MG

Ao ler uma importante reflexão relacionando religião e espiritualidade, minha mente transporta-se para a magnífica harmonia que se faz presente na natureza. Natureza, expressão máxima de Deus, Deus verdade, portanto, natureza verdade. A verdade se expressa na ligação contínua de toda a cadeia alimentar, das espécies, nos ecossistemas, em fatores bióticos (seres vivos) que se unem aos abióticos ( seres não vivos: água, nutrientes, clima, solo, luz solar).

A palavra religião tem origem no latim, relígio, que entre outros significados, indica "religar"; "ligar sempre". Acredito, portanto, ser possível relacionar a verdade presente na natureza a uma religião que venha traduzir esta realidade, quando busca "religar" todos os seres vivos, definindo-se, também, através da espiritualidade divina; Deus Espírito criador da verdadeira e maior harmonia, aquela que está presente no grande bioma, na união de todos os ecossistemas. Bioma verdade e bioma Espírito Divino. Deus, espírito e natureza; verdade maior.

Quero concluir: a doutrina religiosa que busca a verdade, "religando" todos os seres vivos, confunde-se com a espiritualidade, porque esta é parte inerente da outra.

Assim, dentro das minhas reflexões, não há religião/verdade sem a presença da espiritualidade, e vice-versa.


Deus verdade,

harmonia,

ao longo do dia,

em meio à luz.

Espírito maior,

criador,

unificador,

da terra, da água.

Vida,

sem trevas.

Divino.

Junto à natureza,

espírito e fusão,

clareza,

em eterna existência.

Autoria: Cláudio J. Gontijo

Fonte: www.vervida.blogspot.com/

Por: Lisa Teixeira
Junho / 2011