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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Enquanto descansam os julgamentos...
É apenas mais uma noite fria de outono, lá fora um céu estrelado e sem luar toma conta do cenário, aqui comigo, um calor acolhedor e uma suave taça de vinho inebriam a alma...
Foram alguns meses sob a sombra de uma frondosa árvore, já não haviam mais dias, e sim repetidas noites de luas minguante, e outras raras de luas cheia, onde tudo se clareava e indicava novas percepções. Por todo esse tempo era preciso que me retirasse em palavras, em pensamentos, ausentando-me das horas claras e dos céus límpidos. Apenas juntar-me a sombra me faria sentir aquilo que por anos, instintivamente, eu obriguei a adormecer.
Todas as dores do passado, as mágoas não perdoadas, os ressentimentos, os amores perdidos, as ausências sentidas, a raiva ignorada, as perdas, as negações, as culpas...
Para cada um desses sentimentos, houve um grande baile, daqueles regados a tonéis de compreensão e amor, e que sempre terminavam altas horas da madrugada com a lua resistente e perseverante em seu trabalho iluminador.
E assim se sucederam longas semanas de intensos encontros e calorosas discussões. Mesmo que ainda me restassem solidões e compreensões a serem feitas, eu seguia, noite após noite.
Entre todas essas danças, os bailarinos que mais me tocaram foram As magoas, e As negações. Com cada um desses me sentei ao vasto gramado, recostada a frondosa árvore, dedicando-me somente a observá-los, em cada detalhe, em cada palavra ressoada com voz firme e austera, em cada expressão...
Fui aos poucos descobrindo o quanto alguns eventos em minha jornada assumiram uma proporção monstruosa, gigantesca, assustadora, intimidando o meu amor, deixando minha alma temerosa a felicidade.
As mágoas, dei o meu perdão, ás negações, dei minha aceitação. A cada um deles ofereci-me em braços e colos afetuosos, afagando-as com todo o tímido amor que transbordava dentro de mim...
É tão difícil acolher os nossos agressores, principalmente os internos. Eu, ilusoriamente os nutri, reguei e cuidei, simplesmente por achar que nasceram fora de mim. Mas descobri, em tempo, que nenhum deles dependeu de seus “externos pseudo autores”, que por mal (e um mal pensar meu) tiveram a permissão para me agredirem, a minha permissão!
E momento algum frutificaram fora de mim, brotaram e cresceram nutridos pelas minhas falhas egoicas e pelos meus medos enraizados na emanação prática de uma sociedade, majoritariamente adormecida.
Depois de angustiantes noites acolhendo e dissolvendo minhas sombras, pude perceber neste amanhecer, um pequeno raio de sol por entre as nuvens da manhã...
...neste momento entendi que a escuridão não é do mal, e que do mal mesmo é aquilo que eu permito que façam contra minha vontade amorosa, ou o que eu faço contra a voz divina do meu coração; e que minhas sombras só precisam do meu apoio para se dissiparem de minhas memórias.
Foi preciso encará-las, vivê-las uma a uma. Foi necessário ouvi-las, aprendendo-as. foi importante a acolhida, pois foi a partir daí que consegui entender e perdoar. Tudo isso fez de mim um “Ser” mais amoroso, acolhedor e silenciador, ouvinte das minhas próprias dores e angustias, das dores e angustias dos meus. Eu vivo a aprender, e nesse momento eu estou aprendendo a ser mãe de mim mesmo.
Beijos de Luz em sua alma...
Camila K. Marchiodi
Fonte: http://muitoalemdamateria.blogspot.com
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Lisa Teixeira
http://muraldecristal.blogspot.com
Dezembro / 2011
Perfeito Camila!
ResponderExcluirSeu texto reflete exatamente como me sinto.
Passei pelo mesmo processo.
Obrigado.
Rodrigo