Silvia Rêgo: Embaixadora Planetária, Terapeuta Holística, Ufóloga, Astrônoma Técnica e Consultora Espiritual.
Caminhemos  juntos à procura de Deus. Não, certamente, do Deus absoluto, para nós  superconcebível na Sua substância, para nós não suscetível de definição,  do Deus transcendente, que “é”, além de toda a Sua expressão. Para nós,  humanos, Ele é hoje o inacessível, o incognoscível, que a nossa mente  não pode alcançar além da Sua suprema afirmação no todo em que Ele nos  aparece a qual nos diz: "Eu sou".
Caminhemos  ao invés, à procura do Deus para nós concebível, porque imanente,  expresso na forma, que nos é acessível porque sensoriamente vestido de  uma expressão em nosso contingente. Eis um humilde arbusto solitário ao  pé de u’a mureta. Que significa essa vida, que pensa e deseja esse  pequeno ser, que pensamento contém? Deixemos de lado a botânica, a  química. a estrutura orgânica. Busquemos o mistério que das profundezas  anima essa vida. Esta pequena planta sabe muitas coisas. Nós o deduzimos  pelo fato de que ela as sabe fazer. Se não as sabe como consciência  desperta e refletida. que as conheça, conscientemente, pela razão e pela  análise o fato de que ela se comporte como se as conhecesse prova que  deve saber de outra maneira. Estranho modo ele saber inconsciente mas  ele é habitual na vida! Entretanto se possuímos os efeitos de uma  sabedoria, sinais evidentes que revelam a sua recôndita presença, e se  essa sabedoria não se encontra no consciente do ser, é necessário  procurá-la algures. Onde? 
Essa  consciência cobre apenas o campo da sua atividade. imprescindível aos  fins da evolução Se para o ser individualizado o resto do universo é um  oceano de mistério, sepultado no inconsciente, só o é relativamente a  ele e não em si mesmo, porque esse oceano de inconsciente é formado de  seres, cada um consciente do seu pequeno trabalho, funcionando o Todo  imerso em uma atmosfera de pensamento, que o guia e rege.
Quando,  pois, cada ser nos demonstra que sabe resolver todos os problemas  inerentes às suas necessidades vitais, isto significa que por ele sabe e  pensa o consciente universal, que lhe transmite somente a conclusão do  seu raciocínio, com um impulso, cuja análise o ser não sabe fazer, mas  que lhe diz em síntese: "faça isto". Então ele, ignorante do  funcionamento do Todo, passa a ser um instrumento inconsciente do  consciente universal, que funciona por ele onde ele não pode nem sabe  atingir. Não se nega, com isto, que o instinto seja formado pela  experimentação da vida, com a técnica dos automatismos, como já dissemos  em A Grande Síntese. Mas não falamos aqui dessa pequena inteligência a  posteriori, e sim da superior inteligência a priori, que tudo guia,  inclusive a formação do instinto, imprimindo-lhe a direção necessária,  de acordo com o plano geral da evolução.
Os  impulsos fundamentais de nossa vida, tanto os do destino individual,  quanto os do destino coletivo, que se desenvolve na história não  constituem um produto racional e consciente, sendo insuficiente para  explicar-lhes a gênese somente um instinto puro formado pelas  experiências do passado, pois derivam do consciente universal, que  trabalha por nós onde ignoramos.
Aquela  pobre e ignorante plantazinha sabe, pois, viver por si mesma, conhece  os meios adequados para isso, proporcionados ao seu escopo e ao  ambiente, sabe escolhê-los e coordená-los. Ela quer vivei'. Ela quer  crescer e sabe crescer. Ela quer reproduzir-se e sabe como fazê-lo. E,  assim, cuidando não mais de aparência sensória, mas por intuição  penetrando a forma que ultrapassa essa aparência, nós vemos um  pensamento sábio que está além do consciente do ser, que enfrenta e  resolve problemas, que opõe uma vontade decidida contra qualquer  obstáculo, transpondo-os a seu modo. S que dentro desse humilde ser  existe uma alma, embora sem o grau espiritual que atingiu no homem;  ainda que não passe de uma esmaecida manifestação que o consciente  universal ou alma do Todo estendendo à periferia da sua manifestação,  individualização particular, diante do Todo, imersa no inconsciente.
Esta  forma é um transformismo contínuo. Efetivamente, não a encontraremos  jamais idêntica a si mesma e periodicamente a vemos morrer e  reproduzir-se e, assim, através da morte e do renascimento, por meio de  uma renovação contínua, sobreviver sempre. Se a forma não pode assim  existir senão continuamente renovando-se, deve então haver atrás dela o  imutável, um outro seu aspecto, que permanece constante, aquele sem o  qual não se explica e não rege a vida perene de um dado objetivo,  caminhando através da incessante mutação de sua existência. E qual pode  ser esse outro aspecto do dualismo, inverso e complementar, como o é o  imóvel diante do móvel, qual pode ser ele diante da forma material,  senão a sua imaterial idéia animadora, senão o pensamento que sabe  tantas coisas e que, imutável, se exprime revestindo-se de forma  mutável?
Penetremos  ainda mais profundamente no íntimo dessa pequena planta. União veremos  que o seu ponto central como o de todos os seres, aquele para o qual  tudo converge em síntese para depois se irradiar analiticamente, o ponto  pelo qual passa e se manifesta o saber do consciente universal, a  vontade de vir, que permanece constante no transformismo, e o eu . O  próprio homem sabe que, tendo sido ontem criança, sendo hoje adulto e  amanhã velho, tudo muda nele e em seu derredor e que a única coisa que  nele jamais muda é a existência desse centro pelo qual ele se chama e se  sente sempre "eu".
Enquanto  no ser tudo nasce e morre, somente esse eu não morre jamais. O fato de  que ele permanece através de tão grandes transformações, como são as que  de um lactante, fazem um homem e depois um velho, faz com que,  intuitivamente, sinta a lógica de uma idêntica continuação da vida do  "eu", também através desta outra mutação que é a morte do corpo, que em  toda a sua vida jamais foi idêntico a si mesmo e não fez mais do que  continuamente morrer e renascer. Por que, pois, só essa outra  transformação deveria ter a força de destruir esse "eu" que se revelou  tão invulnerável a toda mutação exterior?
Se  toda forma pode existir sem desfazer-se no contínuo transformismo que a  constitui, resistindo compacta ao turbilhão das suas mutações, é porque  no íntimo de todo ser existe esse "eu", centro firme na tempestade  transformista. Todo ser existe no tempo enquanto disser: "eu". Di-lo o  átomo, a molécula, a célula, o mineral, a planta, o animal, o homem, a  família, o Estado, a humanidade, a Terra, o sistema solar, os sistemas  galáticos, o cosmo. No universo, tudo está sujeito a essa necessidade de  individualização. Ele é composto de seres diversamente diferenciados,  mas todos dizem igualmente: "eu". De um pólo ao outro do ser tudo é  construído segundo esse princípio, que é lei fundamental. 
E  assim que toda força no universo é individualizada, segundo suas  qualidades particulares, o que explica a instintiva tendência dos povos  primitivos para personificar as forças da natureza, atribuindo-lhes  características humanas. É também sob este aspecto que podemos ver as  forças do mal personificadas em Satanás e seus demônios , que, de resto,  nós realmente vemos existir em nosso mundo, nas manifestações dos seres  maus . Esta característica de individualização, que em qualquer forma é  sempre indispensável à existência de um ser, o princípio comum a todos,  a idéia-mãe do universo, o esquema fundamental do sistema. Este  princípio universal do "eu", centro de todo o ser, é a única coisa que  pode manter-lhe a constante identidade em uma forma que, de outra maneira, não poderia encontrar-se a si mesma e se perderia no seu contínuo transformismo.
É  este seu íntimo eu que define toda a forma nas suas características  particulares, forma pela qual ele concretamente realiza a sua expressão.  Se todas as formas são diferentes, é porque os “eu” são diferentes,  embora conservando cada qual na sua diversidade a característica  universal comum de ser um "eu".
Tornamos  a encontrar aqui o conceito já desenvolvido nos volumes precedentes, do  princípio central único que no universo se pulveriza no particular  periférico das formas, sua manifestação. Mas permanece o esquema único  da constituição do universo por individualizações.
Assim  se explica como cada ser assume uma forma típica, definida, com os seus  limites de desenvolvimento no tempo e no espaço Se tudo isto já não  estivesse estabelecido no esquema e não fosse conhecido, ainda que não  seja por um processo consciente, pelo “eu" profundo que sabe, quer e  permanece idêntico através de contínua mutação de forma, não haveria  nenhuma garantia de ordem funcional e de regular desenvolvimento. Assim  tudo é típico. O universo é um edifício composto de infinitos "eu", que,  de um "Eu" central do Todo, se pulveriza hierarquicamente descendo para  "eu'' sempre menores . Isto desde o infinito galático ao nuclear, um  "eu" astronômico, geológico, físico, químico, espiritual, humano,  animal, vegetal, sempre este "eu" é uma sabedoria e uma vontade  constante, inteligentemente dirigida para um dado fim. que  irresistivelmente tende à sua exteriorização. Todos esses “eu” se  reagrupam por unidades coletivas, dos menores aos maiores, alcançando,  das mínimas unidades atômico-nucleares às máximas organizações  galáticas, do simples psiquismo orientador das moléculas dos cristais ao  do homem e do gênio. Todos esses “eu” mantém um sistema orgânico que é  próprio a cada um, evolvendo e funcionando sempre em cooperação com  todos os outros “eu”. Esse principio, pois, não apenas conhece, quer,  permanece constante, sabe reger o funcionamento individual, como também  sabe guiar-lhes a evolução e coordená-los com o funcionamento de todos  os outros "eu”.
Tudo  isto nos mostra que o universo é um Todo que. ainda quando pulverizado  em infinitas formas ou expressões de um mesmo princípio central único,  permanece organicamente compacto, porque ele é construído segundo um  esquema único, consoante um idêntico modelo que se repete ao infinito em  cada unidade menor, em que a maior se ramifica e se diferencia até à  extrema pulverização. O que toma compacto o universo é ser ele um “eu”, é  o mesmo princípio unitário que mantém compacta toda forma que, à  semelhança da máxima, é uma unidade coletiva resultante da coordenação  orgânica de unidades "eu" menores. Assim. tudo permanece unido porque  coligado por uma contínua atração de parte a parte, por uma  confraternização dos "eu" menores nas unidades maiores.
A  observação da estrutura das formas no plano de nosso contingente nos  levou à verificação desse princípio universal inserto em cada forma, o  do "eu sou". Agora é a observação da estrutura de nosso particular que  nos indica a estrutura do universal. Assim como cada individualização  particular do ser não pode existir senão enquanto diz: "eu sou", isto é,  em função dele e como sua manifestação, assim também a individualização  máxima do ser, isto é, o universo, não pode existir senão enquanto diz  "eu sou'', ou seja, em função deste e como sua manifestação. Isto à  semelhança do que constatamos em todo ser, inclusive o homem, fato que  cada um pode observar em si mesmo. E, se o "eu sou" de cada  individualização é o seu íntimo princípio animador, se o "eu sou" do  homem é a sua alma, que poderá ser o "eu sou" do universo, o princípio  animador da forma máxima, senão Deus?
Assim  se nos tornam compreensíveis as relações entre Deus e o Universo, pois  que nós podemos observá-las refletidas em nós mesmos. Deus é o "Eu sou"  do universo. Este, no seu aspecto dinâmico e físico, é a forma pela qual  Deus exprime o pensamento e como que um Seu corpo, de modo que de Deus  nós possamos na forma também, ver igualmente um semblante que pode  espelhar na fisionomia e expressão o seu íntimo pensamento animador.  Assim como nós procuramos num rosto humano uma alma, assim como em toda  forma procuramos o princípio inteligente que nela se exprime, assim  também podemos ver na criação a fisionomia de Deus. 
E  quanto mais a nossa vista se torna penetrante pela intuição, tanto mais  cada forma se fará transparente e lhe revelará sua íntima substância  espiritual. Torna-se cada vez mais patente, então, que o criado é a  expressão de um seu íntimo pensamento nele imanente, no qual a  transcendência de Deus desceu e permanece sempre presente. Se, como  transcendente, Deus permanece na Sua essência como um "Eu sou",  incognoscível para o homem, como imanente, Deus, com a criação,  transferindo-se em nosso relativo, através da forma que assumiu para os  nossos sentidos, fica acessível ao conhecimento humano. E em que  consiste a progressiva indagação da ciência, que avança de descoberta em  descoberta, senão em contínuas e crescentes sondagens na profundeza do  pensamento divino? Este está escrito no funcionamento orgânico do  universo, e quem o indagar procura ler no livro em que estão escritas as  leis ao ser e busca compreender a idéia diretriz, a alma do Todo. O  místico por sua vez, é um sensitivo que, ainda quando não se dê conta  consciente e racionalmente, se move atrás da mesma indagação por vias  mais diretas, porfiando, através das suas visões e sensações místicas,  alcançar a mesma compreensão do pensamento de Deus.
Se  nós, certamente, não podemos atingir o conhecimento de Deus  transcendente absoluto, podemos aproximar-nos muito de Deus imanente,  vivo e presente nas formas que O exprimem isto é justamente em virtude  desse esquema unitário do "eu sou” segundo o qual é construído à imagem e  semelhança do caso máximo, analogicamente, todo o universo até aos  casos infinitesimais. Podemos imaginar o nosso universo atual como um  Todo-uno que, qual um espelho, se tenha fragmentado em miríades de  partículas. Cada uma destas, embora em fragmento com respeito ao Todo,  conserva-lhe em particular as qualidades, de modo a poder nos traduzir e  mostrar a natureza do Todo, não obstante o fragmento tenha perdido a  unidade global com a fragmentação. Desta forma cada parte reproduz o  universal esquema do ser, isto é, cada criatura repete reduzidamente o  divino princípio unitário, alma do Todo. Um outros termos, cada "eu",  com a sua forma, é um caso menor, que repete em miniatura o motivo  cósmico, no-lo narra, no-lo explica. Sendo em si um pequeno universo,  fala-nos do universo máximo.
Ignoramos se tudo isto corresponde aos princípios mais aceitos em teologia, filosofia, psicologia etc.
Sabemos, apenas, que cada ser fala verdadeiramente de Deus e que, segundo esta realidade, é construído o universo...
Fonte: http://silviarego.blogspot.com
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Lisa Teixeira
Abril / 2012

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