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sábado, 4 de fevereiro de 2012

SOMBRA E LUZ

Inscrição na porta de entrada na casa de Jung, em Küsnacht, perto de Zurich.
" VOCATUS ATQUE NON VOCATUS, DEUS ADERIT"(*)



“ Assim, em última análise, a vida de Jung era a de uma pessoa profundamente religiosa, imbuída de um propósito verdadeiramente religioso, por mais que seu trabalho se voltasse para a ciência. Gastou seus últimos anos de vida quase que inteiramente na e exploração de relação entre o homem, de per si, e o padrão de Deus no espírito humano.
Convencera-se de que nossos seres gastos e nossas rotas sociedades não poderiam renovar-se sem a definição de seus conceitos de Deus, e assim, de toda a sua relação com eles.

Na jornada empreendida em seu próprio ser inconsciente, Jung descobrira outro “ padrão de arquétipo” da maior significação, que chamou de “sombra” – um padrão que dispunha de todas as energias que o homem desprezara, rejeitara ou ignorara conscientemente nele mesmo.
Percebe-se imediatamente a propriedade com a qual o termo foi escolhido, porque é a imagem daquilo que acontece quando o ser humano se posiciona entre ele mesmo e sua própria luz.

Se essa sombra poderia ser apropriadamente considerada um arquétipo em si mesmo, ou se trata de outra sombra de arquétipo, é uma questão quase acadêmica.

As forças escuras e rejeitadas que se avolumam na sombra do inconsciente e que clamam violentamente por vingança, por causa de tudo o que o homem e suas culturas sacrificaram conscientemente neles no processo das tarefas especializadas e conscientes que ele mesmo se impôs, são reais e suficientemente ativas para que não tenhamos tempo para escolástica.

Demonstram que toda nossa história é uma progressão que se dá em dois níveis – consciente e inconsciente, manifesto e latente. O nível manifesto fornece todas as justificações racionais e plausíveis e as desculpas para as guerras, revoluções e desgraças infligidas aos homens em suas vidas coletivas e particulares.


Mas, na realidade, é no nível latente que podem ser encontrados os verdadeiros instigadores e conspiradores incógnitos que se erguem contra uma regra consciente demasiadamente estreita e rígida”.

“Por isso, todos os seres humanos tendem a tornar-se aquilo que se opõem”

Do ponto de vista de Jung, a resposta era abolir a tirania e encontrar os dois opostos, lado a lado, para servir ao padrão- mestre, não se opondo ou resistindo ao mal, mas transformando-o e redimindo-o.
Nas negações do nosso tempo, os dois opostos se transformam em inimigos trágicos, mas, se encarados de forma mais apropriada, nos termos da psicologia, ou, talvez, até mesmo nos termos não-emotivos da física, são como as induções positivas e negativas da energia observadas na dinâmica da eletricidade. São as duas correntes paralelas e opostas sem as quais seria impossível o clarão do relâmpago, que sempre foi o símbolo da consciência tomada imperativa”

Do livro: JUNG, e a história de nosso tempo
Laurens van der Post
Editora Civilização Brasileira, 1992
Obs: Publicado originalmente em 1976.




Fonte: http://bliss1000.blogspot.com



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Lisa Teixeira
http://muraldecristal.blogspot.com
Fevereiro / 2012

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