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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Por que aprendi a falar ... se preciso fazer silêncio?



























Palavras minhas

"De que adianta
se o Cosmos é uma explosão infinita de cores,
se eu não apreciar a visão do mundo...
De que adianta o sol nascer,
se eu não o celebro a cada amanhecer...
e se eu não ouvir os sons da alegria,
os apelos da dor,
e se não parar para escutar a voz do silêncio?

E se não falamos o que realmente pensamos e somos;
se não mudamos de opinião quando é preciso;
se não escutamos aquele que nos dirige a voz;
se falamos palavras vãs.
De que adianta, então?
E por que tornou-se premente
aqui no ocidente
em que nasci,
por algum motivo e razão,
num predestinado destino
traçado por ditames
maiores de minha'alma,
ter que calar a voz
que ecoa no âmago
do meu simples e complexo ser?"


Silêncio...
preciso aprender mais lições sobre
o dualismo palavra e silêncio.

Não posso seguir modismos.
tenho que seguir meu sizo,
minha visão de mundo mudou,
a cada dia acrescento um ponto.
Visão de mundo,
construída no decorrer da minha vida.

Quando o silêncio é salutar e necessário?
De que adianta ter voz e não usá-la?
Preciso meditar com muita reverência...
ou seja,
preciso expulsar de minha mente
todos os meus pensamentos - palavras.
Como ficar no vazio?!

Eu medito de olhos abertos...
fixo um ponto, uma imagem
em sintonia com a vibração de meu corpo-mente-espírito
e me entregosem resistência
se penso... nem lembro,
sou a imagem em mim
sou a vibração sutil
sou a conexão com minha alma!

Ó Vida Minha ...
vida difícil para uma ocidental comum
nem sábia nem profeta,
e desprovida de hipócritas mentiras e angelitudes falsas.

E por que aprendi a falar se preciso agora ouvir
que o antigo sábio me recomenda:
- Cala!
- Não calo!
Falo!
Já calei-me tanto
quando era inocente e pequenina
Vi (e vejo) meio qu perplexa ainda...
elevarem-se as vozes dos maléficos, ignorantes e loucos!
E eis o que aconteceu com o mundo!

As vozes que proferem palavras de luta e paz
são portadoras da liberdade de almas e nações!
São bem Vindas vozes que digam Não! aos desvarios
E Sim! à benevolência e fraternidade!
O mundo rico está assustado com a recessão?
A criança faminta da África não...
ela sente na sua esquelética imagem o Efeito Fome!

As vozes que lutam com Sim e Não na medida exata
são aquelas que abrem os caminhos
dos que têm lúcidos pensamentos
mas que não sabem os nomes, verbos e provérbios,
mas sabem das coisas simples,
usam palavras toscas,
nem seus nomes de batismo escrevem
mas são os responsáveis pela lavoura fértil,
sabem quando é tempo da chuva
e quando a colheita é farta;
laboram para que o leite chegue à mesa do filho do letrado homem;
sabem como proteger o ninho dos passarinhos
enquanto os letrados os empalham em museus
ou põem-nos em cruéis gaiolas.

Um amigo, trabalhador simples, para me agradar fez um pequeno lago
e, efusiante, disse-me que meu lago sonhado
já estava repleto com uma 'manada' de peixinhos.
Gentilmente lhe disse: olha não é manada.
Manada é um monte de elefantes,
Omiti os búfalos e os que mais houverem...
(seria demais , um impropério)
De peixes é um cardume...
e ele nem me ouviu
tal a sua satisfação em me mostrar seu presente!
Já era velho, não sabe ler, mal escreve seu nome, o copia.
Sobreviveu sem coletivos até hoje...
e nem aí... me mostrou toda a manada de peixinhos..
E, repetia feliz:
- Tem muitos!
e nem ligou para o nome 'cardume'.

E concordei, pois refleti...
ora, eu não sei fazer um laguinho
e nem saberia como enchê-lo
com tanto amor e tão lindamente...
só para me agradar...
ah.... abençoada manada de peixinhos!

E cantei e dancei em honra do presente recebido!

Li uma vez que o mal do mundo na atualidade
é que "antigamente os homens inteligentes falavam
e os burros ouviam bem calados...
hoje, os burros discursam, fazem leis e tratados
e os inteligentes, acuados, se calam".

Ó Sábio, Ó Leitor
e seguidor do guru pós-moderno
Nós vivemos no Ocidente,
nem entendemos as nobres palavras dos Sábios Ancestrais do Oriente.
Se não tivermos um livro com as interpretações...
ficamos analfabetos funcionais

Somos aplaudidos quando pequeninos
articulamos sons, falamos cedo
e nos expressamos com frases com sentido.
E se, compreendermos e interpretarmos
as mensagens implícitas nos textos
somos considerados "verdadeiros prodígios"!
......

É...
repito repito,
solto a palavra minha:
se não falamos o que realmente pensamos e somos
se não mudamos de opinião quando é preciso
se não escutamos aquele que nos dirige a voz
se falamos palavras vãs.
De que adianta, então?
......

Enfim...
hoje sou proprietária próspera:
tenho manadas
de pássaros,
de abelhas,
de famílias de "jacus"
(salvos dentro do meu espaço da fúria do homem que o come),
de borboletas
- pois não ponho agrotóxicos -
e mais manadas
de ouriços,
de gambás,
de cobras,
de ariranhas briguentas,
e de calangos.
São bonitos?
Nem sempre...
mas são "meu cardume",
a terra era deles
eu é que sou a invasora.

......

Assim deveriam pensar
os construtores de Belo Monte,
com a voz da razão aliada a voz do coração
dar peso maior à alma,
serem magnânimos
não só com a flora e fauna...
lembrar que
os índios, ribeirinhos
e o Rio Xingu têm alma
O Brasil não está à venda!!


- Maria Izabel Nuñez Viégas -

Fonte: http://memoriasdevidaspassadas.blogspot.com/

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Lisa Teixeira
http://muraldecristal.blogspot.com
Novembro / 2011

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