Um Mago é capaz de realizar prodígios. No mundo da magia é possível realizar coisas impossíveis pelas leis naturais, que limitam o resto das pessoas. No Livro da Magia Sagrada de Abramelin, o Mago afirma que poderia se transportar de um lugar para outro. Crowley podia apontar sua varinha mágica e pronunciar algumas palavras mágicas para atear fogo numa lareira. Segundo testemunhos podia usar magia para se transformar em um cão, ou outro animal.
Por mais que nos encante ler a respeito das proezas desses magos, a maioria das pessoas no mundo moderno, não acredita em magia. Apreciamos as apresentações de mágicos nos teatros ou circos, que nos dão a experiência da magia, mas na verdade não esperamos que eles façam o impossível acontecer. Sabemos que tudo se trata de ilusão. E também não são muitos os que no mundo moderno acreditam como no passado, na idéia de que o mundo é controlado por seres sobrenaturais, cujo poder pode ser subjugado e usado por humanos a fim de alcançar seus objetivos.
Porém, ao longo de quase toda a história ocidental, as pessoas acreditaram de fato na magia e confiavam em forças invisíveis e sobrenaturais para exercer poder sobre os outros ou para controlar o mundo natural. As pessoas praticavam a magia para adquirir conhecimento, amor e riqueza, para curar doenças e prevenir-se contra perigos, para prejudicar ou enganar os inimigos, para ganhar guerras, para garantir o sucesso ou a produtividade e para conhecer o futuro. Os métodos mágicos compreendiam muitas das técnicas ensinadas em Ordens Mágickas Ancestrais, como feitiços, poções, encantamentos e divinacão, bem como rituais e cerimônias minuciosas, destinadas a invocar deuses, demônios e espíritos. A prática da magia ajuda as pessoas a aliviar suas tensões e aflições, pois nada melhor do que controlar o curso de suas vidas.
A ORIGEM DA MAGIA:
A palavra magia deriva do nome dos altos sacerdotes da antiga Pérsia (o atual Irã), chamados magi. No século VI a.C., os magi eram conhecidos por sua profunda sabedoria e por seus dons de profecia. Adeptos do líder religioso Zoroastro, eles interpretavam sonhos, praticavam a astrologia e davam conselhos aos soberanos a respeito de questões importantes. Quando os magi se tornaram conhecidos nos mundos grego e romano, eram vistos como figuras extremamente misteriosas, senhores de segredos profundos e de poderes sobrenaturais.
Ninguém sabia na verdade, exatamente que poderes eram esses (afinal, eram secretos!), mas durante um longo tempo qualquer coisa considerada sobrenatural era tida como criação dos magi e chamada de magia. De fato, o próprio Zoroastro foi muitas vezes chamado de: O inventor da magia.
É claro que, na verdade, nenhum indivíduo e nenhuma cultura ¡solada inventaram a magia. Os procedimentos mágicos transmitidos de geração em geração ao longo dos séculos, tiveram origem em muitas civilizações, inclusive nas dos antigos persas, babilônios, egípcios, hebreus, gregos e romanos. A tradição mágica evidentes, como hoje a conhecemos, deve muito à troca de idéias entre membros de diferentes culturas.
Esse contato ocorreu com freqüência cada vez maior após o século 111 a.C., quando o general grego Alexandre o Grande conquistou a Síria, a Babilônia, o Egito e a Pérsia e fundou a cidade de Alexandria, no Egito, destinada a ser o centro intelectual do mundo antigo.
Em todas as sociedades antigas, a magia e a religião estavam interligadas. Acreditava-se que havia muitos deuses e espíritos secundários, bons ou maus, que controlavam a maioria das coisas da vida, eram responsáveis pelo sol e pela chuva, pela prosperidade e pela pobreza, pela doença e pela saúde. O propósito da magia era agradar ou controlar esses espíritos. Assim como a religião, a magia compreendia rituais e cerimônias que apelavam aos deuses. As pessoas acreditavam que os mágicos, assim como os sacerdotes, tinham um acesso privilegiado aos deuses. Só que, em vez de adorar essas divindades, os mágicos lhes pediam, ou até exigiam, favores.
Às vezes os magos apelavam aos deuses simplesmente para obter ajuda quando queriam lançar um feitiço ou proferir uma maldição. Mas muitas vezes também tentavam fazer essas divindades materializarem "em pessoa". Depois de cumprir uma cerimônia especial a fim de convocar ou invocar um espírito, um mágico da antiga Babilônia ou do Egito podia ordenar ao espírito que levasse embora a doença abatesse um inimigo ou garantisse alguma vitória política. Era costume ameaçar uma divindade menor com um castigo a ser aplicado por espíritos mais poderosos, caso as exigências do mágico não fossem satisfeitas. Em seguida, o mago dispensaria a divindade, enviando-a de volta para o mundo dos espíritos. Centenas de documentos da antiguidade confirmam que tentar recrutar espíritos era uma atividade comum, ainda que muitas vezes frustrante, na Grécia e na Roma antigas.
Quase todas as formas de magia antiga dependiam do conhecimento prévio dos nomes secretos dos deuses. Pensava-se que muitas divindades tinham dois conjuntos de nomes, os nomes comuns, que todos sabiam, e os nomes secretos, conhecidos apenas pelas pessoas que estudaram as artes mágicas. De certo modo, esses nomes secretos foram as primeiras palavras mágicas. Faladas ou escritas, julgava-se que elas tinham um grande poder, pois se acreditava que saber o nome verdadeiro de um deus tornava o mágico capaz de invocar todos os poderes que o deus representava.
Os sacerdotes egípcios davam a suas divindades nomes compridos, complicados e muitas vezes impronunciáveis, para que forasteiros não pudessem aprendê-los com facilidade. Dizia-se que Moisés havia dividido as águas do mar Vermelho ao pronunciar o nome secreto de Deus, com setenta e duas sílabas, que só ele conhecia. E, segundo o escritor grego Plutarco, o nome da divindade guardiã de Roma foi mantido em segredo após a fundação da cidade e era proibido perguntar qualquer coisa a respeito dessa divindade - nem mesmo se era macho ou fêmea -, para que os inimigos de Roma não descobrissem esse nome e invocassem o deus para seus próprios fins.
À medida que as civilizações antigas foram entrando em contato umas com as outras, tornou-se cada vez mais comum que os mágicos de uma cultura "experimentassem" os nomes dos deuses de outras regiões. Alguns dos manuscritos mais antigos com registros de práticas mágicas, redigidos nos séculos III e IV, contêm listas compridas com os nomes dos deuses de muitas religiões, que poderiam ser inscritos em talismãs e amuletos, ou incorporados a feitiços e encantamentos. Um dos encantamentos mais famosos entre os magos gregos e egípcios do século III, supostamente tão poderoso que "o sol e a terra se curvam, humildes, quando o escutam; rios, mares, pântanos e fontes se congelam quando o escutam; pedras explodem quando o escutam", era composto com os nomes de cem divindades reunidos.
A magia antiga é muitas vezes dividida em duas categorias - "Alta Magia" e "Baixa Magia" - que podem ser diferenciadas, fundamentalmente, pelos objetivos de seus praticantes.
A Alta Magia, que tem muito em comum com a religião, é motivada pelo desejo de adquirir um tipo de sabedoria inacessível por meio da experiência comum. Quando os Altos Magos (entre os quais figuras notáveis como o filósofo e matemático grego Pitágoras) apelam a deuses e espíritos, têm os objetivos mais elevados. Esperam receber visões proféticas, tornar-se capazes de curar doenças, alcançar o conhecimento de si mesmos ou até se tornarem semelhantes aos deuses.
Muitos sistemas de Alta Magia também ensinam que todo ser humano é uma versão do universo em miniatura (Microcosmo) e continha dentro de si todos os elementos do mundo externo. Ao desenvolver seus poderes interiores de imaginação e de intuição, o Mago tornar-se capaz de provocar mudanças reais (e aparentemente sobrenaturais) no mundo, simplesmente concentrando suas emoções, sua vontade e seu desejo. Mas é importante que se saiba que adquirir os poderes prometidos pela "Alta Magia" é tarefa para uma vida inteira, e até mesmo outras vidas.
Muitas outras pessoas se dedicam à magia com objetivos mais imediatos e mais práticos. Querem trazer sorte, riqueza, fama, sucesso político, saúde e beleza. Desejam prejudicar inimigos e conseguir o amor, vencer no esporte, conhecer o futuro e resolver problemas práticos cotidianos. A busca desses objetivos é, em geral, conhecida como "Baixa Magia" - categoria que, popularmente, inclui também ler a sorte, preparar poções, lançar feitiços e usar encantamentos e amuletos.
A partir do século IV a.C., centenas ou milhares de homens e mulheres tornaram-se feiticeiros e adivinhos profissionais, oferecendo magia em troca de um pagamento. Embora muitos deles tivessem reputação de fraudulentos, os registros históricos mostram que pessoas de todas as classes sociais consultavam e ainda consultam esses magos profissionais com regularidade, alguns publicamente, outros às escondidas.
Em geral, a magia era mais temida do que admirada desde o mundo antigo até hoje. Mesmo quem nada sabe a respeito acredita que pode ser prejudicado ou influenciado pela magia de outra pessoa. Se um político se perde no meio de um discurso ou se alguém ficava doente sem mais nem menos, não é raro supor que a culpa é da maldição de um inimigo. A reputação sinistra da magia tomou impulso por causa de suas ligações com a bruxaria, na imaginação popular. A literatura grega e romana era repleta de descrições muito imaginativas, e muitas vezes apavorantes, de bruxas e de seus métodos desleais. Ericto, uma bruxa criada pelo escritor grego Luciano, do século II, usa partes do corpo humano em suas poções, enterra os seus inimigos ainda vivos e traz cadáveres putrefatos de volta à vida. Embora obviamente se trate de um personagem de ficção (aliás, um personagem inesquecível), Ericto, e outras bruxas como ela, exercem um impacto muito forte na imagem popular da magia e da bruxaria.
Embora a magia fosse popular entre o público que queria consultar adivinhos e comprar encantamentos e amuletos protetores, as pessoas em posições de poder desconfiavam de astrólogos que prediziam sua morte e de feiticeiros que podiam ser contratados por seus inimigos para prejudicá-los por meio de maldições. Em 81 a.C., o ditador romano Cornélio Sula decretou a pena de morte para "videntes, encantadores e aqueles que usassem a feitiçaria com propósitos malévolos, que invocassem demônios, desencadeassem as forças da natureza (ou) empregassem bonecos de cera com fins destrutivos".
Uma série de leis do mesmo tipo foi instituída nos séculos seguintes, de tal forma que, no século IV d.C., todas as formas de magia e adivinhação foram decretadas ilegais no Império Romano. Ao mesmo tempo, a Igreja Cristã, que vinha ganhando poder rapidamente, fez um esforço concentrado para suprimir a magia, tida como concorrente da fé cristã. Decretou-se que todas as formas de magia eram ligadas aos demônios (e, portanto, ao Diabo) e foram proibidas pela lei da Igreja.
A Igreja e o Governo continuaram a trabalhar juntos contra a magia, ao longo da Idade Média. No entanto as crenças e os métodos mágicos, sobretudo quando ligados à medicina popular (curas mágicas), continuaram a ser transmitidos secretamente e tornaram-se parte do repertório dos "rezadores" ou magos de aldeia dos séculos posteriores (herbologia).
MAGIA NA LITERATURA MEDIEVAL:
A partir de meados do século XII, a magia começou a ser apresentada de forma muito mais favorável, pelo menos por escritores de ficção. Primeiro na França e depois na Alemanha e Inglaterra, poetas criaram aventuras maravilhosas, passadas em épocas remotas e repletas de magia, com façanhas de cavaleiros valentes, lindas donzelas e reis heróicos. Esses relatos, hoje conhecidos como "romances medievais", diminuíam as associações negativas existentes entre a magia, os demônios e a bruxaria. A palavra "magia" era muitas vezes evitada e os autores, em seu lugar, usavam "maravilha", "assombro" e "encantamento".
Os heróis possuíam espadas que lhes davam força sobre-humana, pratos que se enchiam de comida sozinhos, barcos e carruagens que não precisavam de cocheiro e anéis que tornavam seu usuário invulnerável ao fogo, ao afogamento e a outras catástrofes. Fadas e monstros da mitologia também apareciam com muita regularidade e muitas vezes era uma fada que dava ao herói exatamente aquilo de que ele precisava para concluir a sua missão. Poções, adivinhação astrológica, feitiços e ervas que curavam tinham também um papel de destaque nessas obras épicas. Embora a noção de "magia negra" ainda persistisse, com feiticeiros e bruxas malignos que surgiam de vez em quando, a maior parte desses relatos apresentava a magia de forma positiva e o público gostava tanto de sua leitura quanto nós, hoje em dia.
A MAGIA NATURAL:
A magia se tornou novamente respeitável nos séculos XV e XVI, devido à ascensão da "magia natural", que não supõe a ajuda de demônios nem de seres sobrenaturais. A magia natural, uma espécie de ciência na época, se baseava na crença de que tudo na natureza - gente, plantas, bichos, pedras e minerais - estava repleto de forças ocultas, chamadas de "virtudes ocultas".
Os Magus Naturalis, hoje mais conhecidos como, Terapeutas Holísticos, acreditam, por exemplo, que as pedras preciosas contém o poder de curar doenças, afetar o estado de ânimo e até trazer sorte. As ervas tenham virtudes ocultas, capazes de promover a cura, e às vezes bastava suspendê-las acima do leito de um paciente. Até cores e números tem poderes ocultos. Além disso, todos os elementos da natureza estavam ligados entre si, por meios fascinantes, porém ocultos. Os magos naturais têm o desafio de descobrir essas forças e essas ligações e utilizá-las de forma positiva.
Mas não é nada simples ser um mago natural sério. É preciso pesquisar, estudar e observar cuidadosamente a natureza. Às vezes a "virtude oculta" de uma substância era revelada por sua aparência. Por exemplo, a erva scorpius (cujo nome deriva da sua semelhança com o escorpião) é tida como um remédio eficaz contra picadas de aranha. Acredita-se que plantas e animais com formatos semelhantes tinham propriedades similares. Porém o mais importante para dominar a magia natural é o estudo da astrologia, pois muitas relações e propriedades ocultas na natureza emanam diretamente dos planetas e das estrelas.
A pedra preciosa esmeralda, o metal cobre e a cor verde, por exemplo, possui propriedades oriundas do planeta Vênus. Ciente disso, o Mago natural está apto a usar esses elementos em diversas combinações, na tentativa de afetar áreas da vida "regidas" por Vênus, como a saúde, a beleza e o amor. Usar o metal chumbo, a pedra ônix e a cor negra é um meio provável de produzir o efeito exatamente contrário, pois os três eram regidos por Saturno e ligados à morte e ao abatimento.
Além disso, o praticante precisa ter vastos conhecimentos de anatomia e herbologia, pois curar doenças é um objetivo importante na magia natural, e uma doença provocada por uma influência planetária pode ser curada por uma erva regida pelo mesmo planeta ou, em certos casos, pelo planeta oposto. 0 mago natural é um tipo de mago do mundo natural e um mestre das combinações - um Alquimista que mistura, combina e explora as propriedades ocultas da natureza de modo a alcançar resultados milagrosos e benéficos.
Enquanto nos séculos IX ou X uma pessoa respeitável na certa evitaria qualquer ligação com a magia, no Renascimento a magia natural era aceita como uma área de estudo adequada a intelectuais, médicos, sacerdotes e todos que tivessem um sentimento de curiosidade científica.
MAGIA RITUALISTICA:
A possibilidade de invocar espíritos nunca ficou inteiramente esquecida. Entre os séculos XV e XVIII surgiu em toda a Europa, e em vários idiomas, uma série sensacional de livros,, chamados "Grimoires" (inúmeros traduzidos por nós para a língua portuguesa). Em sua maioria, eram escritos de forma anônima ou atribuídos a fontes antigas, inclusive Moisés, Aristóteles, Noé, Alexandre o Grande e o famosíssimo Rei Mago bíblico Salomão. As vendas e a circulação eram secretas, no início, pois possuir e usar um livro desses era um crime grave. Essas obras ensinavam métodos que supostamente permitiam invocar espíritos e demônios de épocas antigas.
Os grimoires prometem magia para todos os fins imagináveis: conseguir amor, riqueza, beleza, saúde, felicidade e fama. Derrotar, amaldiçoar ou matar inimigos. Ou ainda começar guerras, curar doentes, adoecer pessoas sãs, ficar invisível, encontrar tesouros, voar, predizer o futuro e abrir portas sem ter a chave. Não admira que essas promessas tenham tornado esses livros muito populares, sobretudo durante o século XVII, quando edições baratas de certos grimoires se tornaram amplamente acessíveis. Estudantes e sacerdotes, crentes devotados e gente apenas curiosa, todos seguiam as instruções para ver o que acontecia.
Como exigiam cerimônias e rituais complicados, os métodos ensinados pelos grimoires eram conhecidos como "magia ritual" ou "magia cerimonial". Em essência, a magia ritual seguia os mesmos passos utilizados, milhares de anos antes, para invocar deuses e espíritos. Primeiro, o mago traçava um grande círculo no chão, no qual inscrevia palavras mágicas, nomes sagrados e símbolos. Em seguida, se colocava dentro do círculo (que o protegia dos espíritos que ia invocar), pronunciava os encantamentos que fariam surgir o demônio e que garantiriam que seus desejos fossem atendidos. Depois, apresentava suas exigências e mandava o demônio embora. Pelo menos, era isso que se esperava.
Mas, antes que tudo isso pudesse ser posto à prova, haveria semanas, e até meses, de preparação. Segundo muitos Grimoires, todo o aparato usado na cerimônia - velas, perfumes, incenso, a espada usada para traçar o círculo mágico, a varinha mágica - têm de ser "virgens" ou sem uso, além de devidamente consagrados e exorcizados novo em folha. Também não se pode simplesmente comprar as coisas necessárias. Muitos objetos cerimoniais têm de ser moldadas pessoalmente pelo mago. A baqueta mágica tem de ser recém -entalhada, de um galho de aveleira cortado de uma árvore com um golpe de uma espada recém -fabricada. As tintas coloridas usadas para traçar desenhos nos talismãs mágicos têm de ser preparadas na hora e guardadas num tinteiro novo.
Além disso, segundo A Chave de Salomão, a pluma usada para desenhar os talismãs tem de ser feita com a terceira pena da asa direita de um ganso. Cada etapa tem de ser cumprida segundo os princípios da astrologia, sob a influência dos planetas adequados, conforme as várias épocas do ano. O Mago também têm de se preparar espiritualmente para a cerimônia mediante uma dieta especial, jejum, banho ritual e outros procedimentos de purificação.
Sem a observância de detalhes, é claro, nada garante que algo irá acontecer durante a cerimônia. Na verdade, as instruções são tão minuciosas, quanto específicas e, em geral, bizarras, com o fito de tornar ao profano quase impossível executar tudo conforme vinha determinado. Não admira, portanto, que, apesar de repetidas súplicas, encantamentos e de toda a sinceridade, os espíritos costumassem não aparecer, exceto, na imaginação de certos praticantes e dos autores de grimoires. Mas fácil explicar os fracassos: com tantos detalhes complicados, em algum ponto, de alguma forma, tinha de se cometer um engano. Outras vezes mesmo que de forma invisível o magista despreparado, cria vórtices, abre portais inconscientemente, que podem lhe prejudicar muito seriamente.
A MAGIA NOS DIAS ATUAIS:
A crença na magia entrou em declínio em meados do século XVII, quando as pessoas começaram a descobrir maneiras mais práticas e eficientes de enfrentar seus problemas. A química moderna permitiu a criação de novos medicamentos que substituíram os tratamentos criados segundo os princípios da herbologia, da astrologia e da magia natural. Com a ascensão do pensamento científico, as idéias sobre como o mundo funcionava passaram a ser testadas em experiências e o poder das palavras mágicas, feitiços e talismãs foi cada vez mais questionado.
Hoje, a idéia de conseguir poderes extraordinários por meio da invocação de espíritos desapareceu na maior parte do mundo moderno. Mas também é verdade que o mundo é hoje mais mágico do que nunca. Coisas julgadas impossíveis, como voar ou conversar com uma pessoa que está do outro lado do mundo, são fatos cotidianos. As aspirações da magia natural - descobrir e controlar as forças ocultas da natureza foram realizadas pela ciência moderna.
Embora os princípios da astrologia tenham sido invalidados, revelou-se, ironicamente, que todas as virtudes ocultas na natureza vieram, de fato, das estrelas, pois agora sabemos que todos os elementos do mundo natural, inclusive nós mesmos, tiveram origem na matéria oriunda da explosão de sóis. Assim como era para os antigos, o universo continua um lugar surpreendente, repleto de maravilhas, cheio de possibilidades impossíveis e de magia.
A magia teatral e literária é mais popular do que em qualquer outra época. Seja na forma literária, seja na forma teatral, a magia confirma a nossa intuição de que há uma "outra realidade". Embora a magia possa não fazer sentido para muitas mentes lógicas, faz muito sentido para as mentes criativas e intuitivas, que funcionam segundo um conjunto de regras distinto da mentalidade profana. O apelo da magia parece aparentemente não ter nada a ver com o fato de ela ser ou não "real". Mas ela é real!
A magia pode advir da imaginação e ser originalmente alimentada por ela. Mas em determinado momento ela se torna real, palpável e assustadora para aqueles que estão despreparados para ela. Ela só na aparência é para todos, mas singularmente é para poucos. Acreditamos que será sempre assim!
Fonte: http://filhosdoarquiteto.blogspot.com
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Lisa Teixeira
http://muraldecristal.blogspot.com
Novembro / 2011
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