Mike George em Return to the Centre, Clear Thinking afirma que “tudo no mundo, incluindo o próprio mundo, é curvo. Mas tentamos endireitá-lo. Isso vem do impulso de controlar. Achamos que podemos endireitar os outros. Países pensam que podem endireitar outros países. Mas o mundo funciona em ciclos: do carbono, da água, da economia. Nossas mentes se habituaram ao pensamento linear, mas o universo em nossas cabeças se move em ciclos: pensamento, sentimento, ação, resultado, pensamento, etc.... E o tempo? Se move em linha reta ou em ciclos? O dia, o ano, as estações, são todos ciclos que definem o ritmo de nossas vidas. Nesses ciclos há ambos os aspectos: completude e continuidade”.
Nesse emaranhado do mundo “instantâneo” é difícil diferenciar o valor das coisas e das pessoas. Temos uma pequena noção sobre a transitoriedade de nossas posições na sociedade onde vivemos. É preciso adotar uma visão pelo menos histórica e traçar uma linha do tempo de fatos passados, mas o simples fato de observar a natureza das coisas leva-nos a ir além e admitir os movimentos cíclicos das pequenas porções da matéria – tal qual o elétron em um átomo - ou de uma imensidão incomparável, tal como o movimento das galáxias.
Ficamos atônitos ao fazer tais comparações, mas resistimos bravamente em nos incluir nesse carrossel de idas e vindas. Isso mesmo: admitimos tudo, menos nós mesmos de estar inseridos nessa dinâmica. Séculos e mais séculos de afirmação de doutrinas e mais doutrinas cristalizaram nossos sistemas de crenças. Ou a ciência que está ao alcance do cidadão coloca a matéria em primeiro lugar, ou quando se fala em algo imperecível ou invisível, nossas atenções se perdem nos campos do desconhecido, dos mistérios e elucubrações.
Desvaloriza-se o potencial do SER. Criam-se cortinas de fumaça entre o que somos e o que pensamos ser. Desvelam-se discussões arraigadas dentro de limites criados por instituições milenares. O que vai além do pensamento cartesiano torna-se desconhecido e, portanto, inefável.
Tentamos conhecer o que está acima de nossas cabeças, mas somos logo desestimulados pela mídia dominante - uma referência aos programinhas de TV que mais parecem circos que insistem em nos tratar como idiotas, assim como as propagandas que nos fazem sentir uma baita insatisfação querendo provar que somos inadequados, estamos fora de moda ou que nunca temos o que precisamos para ser feliz.
Se não houvesse ousadia e nossa civilização dependesse somente de nossas observações grosseiras, até hoje poderíamos estar presos na idéia dominante de um Sol girando em torno do nosso planeta. Quando Nicolau Copérnico percebeu o ambiente além das convenções da época, a sociedade entrou em polvorosa. Era o início do desmantelamento do sistema de crenças vigente. Foi um passo formidável para nossas vidas, mas os “donos da verdade” - que até então nos faziam acreditar basicamente nas suas interpretações dos escritos sagrados, nas palavras de Aristóteles e de Santo Agostinho - não gostaram muito. Desde aquela época era preciso manter as massas imersas na ignorância e o conhecimento era privilégio de uns poucos. Por isso era preciso silenciar tal heresia, mas, como tudo segue rumo à evolução, o esforço foi em vão.
Muito bem. O fluxo da água é cíclico. O da semente de uma fruta também o é. Parece que novamente estamos à beira de mais uma revolução: o de tentar compreender os fatos da vida além do que podemos perceber com nosso pensamento linear. Sem mistérios. E sem hesitar, recorro às palavras do gênio de Albert Einstein: “Toda a nossa ciência, comparada com a realidade é primitiva e infantil, e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos”.
Somos átomos. Somos células de uma família, de um planeta, de um sistema, de uma galáxia. Somos cíclicos. Somos a espiral incessante da vida. E por onde quer que eu caminhe, eu vejo uma estrada sem fim...
Fonte: http://faroldobuscador.blogspot.com
Por: Lisa Teixeira
http://muraldecristal.blogspot.com
Outubro / 2011
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