
Jung: o número como um arquétipo
| Excertos do livro "Sincronicidade" de Carl Gustav Jung (pag. 32-33) | 
 Desde épocas mais         remotas, o homem serviu-se de números para         determinar as coincidências significativas, isto é,         as coincidências que podem ser interpretadas. O         número é algo de especial - poderíamos mesmo dizer         misterioso.  Ele nunca foi inteiramente         despojado de sua aura numinosa. Se, como diz         qualquer manual de matemática, um grupo de objetos         for privado de todas as suas características, no         final ainda restará o seu número, o que parece         indicar que o número possui um caráter irredutível.         (Não me ocupo aqui com a lógica dos argumentos         matemáticos, mas com sua psicologia!). A série dos         números inteiros é inesperadamente mais do que uma         mera justaposição de unidades idênticas: ela contém         toda a matemática e o mais que ainda pode ser         descoberto neste campo. O número, portanto, é uma         grandeza imprevisível, e não é certamente por acaso         que o cálculo é justamente o método mais apropriado         para tratar do acaso. Embora eu não tenha a         pretensão de dizer algo de esclarecedor entre a         relação entre dois objetos tão aparentemente         incomensuráveis entre si como a sincronicidade e o         número, contudo, não posso deixar de acentuar que         eles não somente foram sempre relacionados entre si,         mas que ambos tem igualmente a numinosidade e o         mistério como características comuns. O número         sempre foi usado para caracterizar qualquer objeto         numinoso, e todos os números de um ate nove são         "sagrados", da mesma forma como 10, 12, 13, 14, 28,         32 e 40 gozam de uma significação especial. A         qualidade mais elementar de um objeto é ser uno ou         múltiplo. O número nos ajuda, antes e acima de tudo,         a por ordem no caos das aparências.  É o         instrumento indicado para criar a ordem ou para         apreender uma certa regularidade já presente, mas         ainda desconhecida, isto é, um certo ordenamento         entre as coisas. É o elemento ordenador mais         primitivo do espírito humano, sendo de observar que         os números de um a quatro são os de maior frequência         e os mais difundidos, pois os esquemas ordenadores         primitivos são predominantemente as tríades e as         tétradas. A hipótese de que o número tem um fundo         arquetípico não parte de mim, mas de certos         matemáticos [...]. Por isto não é absolutamente uma         conclusão tão ousada definirmos o número como um         arquétipo da ordem que se tornou consciente. Fato         notável é que as imagens psíquicas da totalidade,         produzidas espontaneamente pelo inconsciente ou os         símbolos do Self (Si-mesmo) expressos em formas         mandálica, possuem estrutura matemática. Geralmente         trata-se de quaternidades (ou seus múltiplos). Essas         estruturas não exprimem somente a ordem, como a         criam também. É por isto que elas geralmente         aparecem em épocas de desorientação psíquica, para         compensar um estado caótico ou para formular         experiências numinosas. Mais uma vez devemos         acentuar que estas estruturas não são invenções da         consciência mas produtos espontâneos do         inconsciente, como a experiência já mostrou de modo         suficiente. Naturalmente, a consciência pode imitar         estes esquemas ordenadores, mas tais imitações não         provam que os originais sejam invenções conscientes.         Daqui se deduz incontestavelmente que o inconsciente         emprega o número como fator ordenador.
Fonte: www.bomastralluzdasestrelas.blogspot.com
Por: Lisa Teixeira
www.muraldecristal.blogspot.com
Setembro / 2011
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