Brasil não está preparado para uma possível Tsunami.
 Físico fala na reunião da SBPC sobre a possibilidade de um grande  tsunami atingir o Brasil caso um vulcão das ilhas Canárias entre em  erupção. O país ainda não tem capacidade de prever esse tipo de desastre  natural. 
  Por: Sofia Moutinho
  Publicado em 15/07/2011 |  Atualizado em 15/07/2011
 Em 2004, tsunamis provocados por um terremoto submarino no Oceano Índico atingiram a Tailândia (na foto) e outros países banhados por ele, matando centenas de milhares de pessoas.
(foto: David Rydevik/ Wikimedia Commons)
 Por mais aterrorizantes que sejam as imagens de tsunamis, o  brasileiro está acostumado a vê-las de longe. No entanto, segundo o  geofísico Alberto Brum Novaes, da Universidade Federal da Bahia, existe a  possibilidade de vermos uma onda gigante de perto aqui no Brasil.
  Em palestra sobre tsunamis na 63ª Reunião Anual da SBPC, em Goiânia, o  pesquisador explicou que a erupção do vulcão Cumbre Vieja, na ilha  canária espanhola La Palma, no Oceano Atlântico, pode causar um tsunami  de grandes proporções, com 500 km de extensão e até 30 m de altura, que  chegaria ao Caribe e a toda a orla leste dos Estados Unidos e à costa  norte e nordeste do Brasil.
  O vulcão está ativo no momento, mas, segundo Novaes, não é possível  saber quando entrará em erupção. A última vez que isso aconteceu foi em  outubro 1971 e desde então ele é monitorado por pesquisadores de  universidades locais e dos Estados Unidos.
  “Pode acontecer a qualquer momento”, afirmou Novaes. “Pode ser daqui a  pouco ou daqui a séculos, mas que vai acontecer um dia vai.”
 A erupção do vulcão Cumbre Vieja pode causar um tsunami de grandes proporções, com 500 km de extensão e até 30 m de altura
 O pesquisador explicou que o tsunami seria causado por deslizamentos  de enormes pedaços de rochas que se desprenderiam devido aos tremores  resultantes da erupção e adentrariam o oceano. La Palma fica sobre  falhas geológicas e, por isso, um terremoto seria inevitável nessas  condições, podendo, inclusive, levar ao colapso de toda a ilha.
 
 A erupção do vulcão Cumbre Vieja (na foto), nas ilhas Canárias,  poderia resultar em um tsunami, que chegaria ao litoral norte e nordeste  do Brasil com ondas de cerca de 30 m de altura. 
(foto: Nasa Earth Observatory)
 (foto: Nasa Earth Observatory)
 Além das regiões Norte e Nordeste, Novaes afirmou que existe a  possibilidade de a onda atingir também a região do pantanal brasileiro.  Isso porque o rio Amazonas funcionaria como um caminho para as águas,  conduzindo-as para o interior do território.
  “O rio Amazonas é muito lânguido, com muita água e sem muitas curvas,  então é possível que o tsunami cause muito estrago quando encontrar com  ele”, disse.
  Estudos  da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, apontam que o  tsunami avançaria pelo Oceano Atlântico com uma velocidade máxima de 800  km/h nas áreas mais profundas e, em seis horas, tomaria cerca de 20 km  da costa do país, a partir da cidade de Miami.
 Fora de foco
 Desde 2009, um grupo de estudo  do Departamento de Geografia da Universidade Federal da Paraíba  monitora a atividade sísmica e marítima da região para entender os  riscos que envolvem a erupção do Cumbre Vieja.
 A etapa inicial de implantação do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais no Brasil não inclui tsunamis
 Em âmbito nacional, o Brasil conta com o Centro de  Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da  Ciência e Tecnologia (MCT), instituído por decreto no último dia 1º de julho.
  Até o fim de 2011, o sistema de monitoramento deve estar funcionando  em 25 cidades. Mas a prioridade inicial do centro é a prevenção e o  alerta de tempestades, alagamentos e deslizamentos de terra, desastres  naturais que mais matam no Brasil.
  Segundo o físico Antonio Marcos Mendonça, analista do MCT, a etapa  inicial de implantação do Cemaden, que dura até 2012, não prevê o  monitoramento de outros tipos de desastres como os tsunamis.
  “As catástrofes relacionadas a tsunamis  são muito mais complicadas de se prever”, diz Mendonça. “Dependendo de  onde ele ocorre, tem como o centro absorver as informações para emitir  um alerta, mas não está no escopo do sistema no momento; a partir de  2015, isso poderá ser tratado.”
 Fonte: Sofia Moutinho
Ciência Hoje On-line
Por: Lisa Teixeira
Julho / 2011
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